Migração de carreira em UX depois 30

João Marques
Neon Design & Pesquisa
15 min readFeb 13, 2023

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Será que existe receita de bolo, hora certa ou caminho mais fácil?

Arte digital com os dizeres: “Migrando em UX depois dos 30+”. Na parte inferior um avatar com as fotos de João Marques, Márcio Abranches, Letícia Marcori, Paulo Ferrari e Koji Pereira com duas tags. As tags tem os dizeres: “Carreira” e “Migração de carreira”. Do lado direito uma foto de uma pessoa preta sorrindo e na sua frente um notebook cheio de adesivos. Abaixo o logo da Neon.
Arte digital: Blog — Neon Design & Pesquisa

Senta que lá vem textão! 😅

Há muito tempo que tenho um rascunho deste texto na cabeça. Talvez seja por acreditar muitas vezes que sentir falta de mais textos sobre esse tema, seria uma dor e um anseio apenas meu, ou de um número pequeno de pessoas. Porém, a vida como sempre adora provar o quanto estamos errados.

E foi justo isso que aconteceu, mas também preciso admitir que tive o incentivo da Izabela Quaresma para escrever sobre isso, mais de uma vez inclusive!

Mas vamos direto ao ponto, afinal, se você passou do primeiro parágrafo, é porque realmente se interessou e quer saber o que tenho a compartilhar. Pois bem, para começar tenho que contar um pouco da minha trajetória até a primeira migração. Sim, isso já foi no auge dos meus 36 anos.

Dwigth, personagem da serie de Tv The Office, se alongando e embaixo aparece o escrito: “Vamos fazer isso!” — Fonte: Giphy

Mineiro nascido e criado durante toda a vida em Belo Horizonte, trabalhei desde o começo da faculdade no universo de design gráfico, marketing e comunicação. Por algumas vezes tentei redirecionar minha carreira nessas disciplinas, e hoje vejo o quanto foi bom não terem dado certo, apesar de também terem contribuído para minha construção pessoal e profissional.

Comecei minha carreira em 2002 como estagiário em uma agência de publicidade. Estagiário bem à moda antiga, de ir ao banco, padaria, organizar a sala, cortar provas impressas e por aí vai. Mas foi bom, principalmente para desde cedo entender que tudo tem o seu momento e que, mesmo nessas coisas, você aprende e evolui. Mas, isso fica para outro texto, quem sabe.

A tão sonhada migração

Quando tudo começou

Em 2016, depois de 11 anos de formado e 14 de mercado, caiu a ficha. Eu estava no dilema que muitas pessoas passam nesse contexto de recomeçar: me vi trabalhando com design, porém sem nenhum propósito, sem saber o que era realmente importante para quem consumia aquilo, e se de fato o meu trabalho como designer ajudava realmente alguém e de alguma forma.

Nesse época, ainda não existiam tantos conteúdos em português, mas graças ao canal no YouTube UX Now, criado pelo Daniel Furtado, (e fica aqui a dica para quem ainda não conhece), descobri o que era esse ou essa tal de UX. Coincidência ou não, ele respondia a todas as minhas dúvidas, anseios e o tal sonhado propósito (que no gráfico parecia tão distante de se tornar possível).

Porém nem tudo são flores, e já deixo registrado que essas promessas de migração meteórica dificilmente acontecem. No meu caso, foram 4 longos anos fazendo cursos, conhecendo pessoas e recebendo vários “não” para vagas. E, durante muito tempo, sem apoio ou direcionamento. Além de algo que era recorrente na era “pré-pandemia”: em BH, assim como em várias cidades fora do eixo Rio-São Paulo, não existia espaço e oportunidades para quem estava tentando migrar de carreira.

Pam, personagem da serie de Tv The Office, chorando — Fonte: Giphy

Aí vocês me perguntam:

— Mas isso não te fez querer desistir?

— Sim. Por várias vezes. Tanto que no final de 2019, depois de mais de um mês desempregado, já meio conformado eu aceitei uma proposta como designer gráfico. Só que nesse meio, tem uma aspas muito importante (fica aí mais uma dica) chamada de "comunidade".

A importância das comunidades

Cada pessoa descobre seus melhores caminhos, suportes e formas de avançar em sua trajetória. No meu caso, tive um apoio incondicional, misturado a oportunidade de network e relacionamento, graças a uma comunidade de design de interação, a Ixda Belo Horizonte.

Foi em um curso, em uma das minhas últimas tentativas de migrar, que tive o prazer de ter como professor uma pessoa que é referência na área, não apenas para mim, mas para muitas outras aqui em BH, no país e agora no mundo. Sabe aquelas coisas de você falar: "Eu quero ser um(a) profissional igual a essa pessoa"? Pois é. Foi bem assim.

Foi graças ao Gustavo (Gus) Lamounier, e um pouquinho da minha "cara de pau", que consegui minha oportunidade de fazer parte da IxDA BHZ, o que sem dúvida foi o divisor de águas para mim.

Após isso, finalmente — e infelizmente pelo contexto da Covid e as milhares de vagas abertas no mercado de tecnologia e a possibilidade de trabalho remoto — tive minha primeira oportunidade de migrar para UX. Ela veio de um dos contatos que construí na minha trajetória na IxDA: a Juliana Mucci.

Personagens da serie de Tv The Office sentados em uma sala batendo palmas e sorrindo — Fonte: Giphy

Aí vocês devem estar pensando: — "ele deve ter começado já como pleno ou até sênior, pelos anos de experiência como designer gráfico". Mas não, eu recomecei como júnior, mas isso vocês vão entender na próxima parte.

Migrar é começar do zero?

A resposta logo de cara é: não. Isso, pelo simples fato de que a posição em que você está hoje não inutiliza toda a sua "bagagem" e aprendizados. É uma conversa meio filosófica, mas vai fazer sentido.

Se você hoje atua como uma pessoa na área de biológicas e se pergunta: — Como vou aproveitar alguma coisa do que sei, em UX? Fácil. Praticamente tudo que você vivenciou até então foram experiências, experiências suas e com e para outras pessoas. Dessa forma eu retorno a pergunta: —No final, UX não acaba sendo sempre sobre e para pessoas?

Existe sim um período de aprendizado, como em qualquer coisa nova que se faz na vida mas é fato que muito provavelmente será mais rápido para quem já tem outras bagagens. Aqui neste ponto eu gostaria de dar um destaque importante para as chamadas “soft skills”. Elas, ao meu ver, não podem ser ensinadas em cursos ou livros, pois estão 110% ligadas a comportamento, maturidade e tempo.

Tá vendo? Mais um ponto a favor para você que começou a sua jornada há um pouco mais de tempo e está neste grupo em que estamos falando. No meu caso, mesmo vindo de quase 20 anos como designer gráfico, eu ainda aprendo todos os dias, mas pontos como compreensão, aceitação, comunicação, foram evoluindo com o passar dos anos e com as outras experiências, independente se como estagiário que ia à padaria, designer que trabalhava de terno e gravata, supervisor de marketing, garçom ou vendedor para complementar renda, ou agora em Design Ops.

Agora a parte que todo mundo gosta

Salário ao recomeçar. Renda sempre foi e continua sendo um tabu na nossa sociedade. Não é sempre que vemos vagas com o salário exposto, mesmo no mercado de tecnologia.

Muitas pessoas, inclusive próximas a mim, relatam que um de seus maiores "receios" em tentar uma migração e "recomeçar", está muito ligado a mudança de salário. Em alguns casos a pessoa já possui uma estabilidade, além de responsabilidades financeiras e com sua família; por isso, é importante ser algo planejado e conversado entre você e as pessoas à sua volta.

Michael, personagem da serie de Tv The Office sentado em sua sala de escritório, cortando seus cartões de crédito — Fonte: Giphy

Eu sempre deixei muito claro que teria um momento de incertezas, reduções e dificuldades, mas que acreditava que isso mudaria com o tempo. Mas é como costumamos falar por aqui "cada pessoa sabe onde seu calo aperta". Então não existe uma receita de bolo ou um momento certo, mas o seu momento.

Nem todo mundo consegue migrar ou recomeçar já ganhando aquele tão sonhado salário, mas a sua história e experiências podem contribuir muito para que essa nova trajetória seja mais plena e rápida. E, fica aqui uma outra dica: tenha contatos. Faz uma diferença gigantesca ter uma boa rede de relacionamentos e pessoas de apoio em seu caminho.

Pessoas e pontos de apoio

Aqui caberia uma lista enorme, e olha que eu já falei de algumas quando comentei sobre comunidade, hein? Mas sim, gostaria muito de falar um pouco sobre isso. É bom e importante termos nossos relacionamentos com colegas e amizades dentro do escritório? — Sim. Mas é muito bom aproveitar para termos apoio de pessoas de fora!

No meu caminho tive e tenho tido a sorte de encontrar e conhecer pessoas incríveis, como a Paula Völker nos ensinamentos muito além de Writing, pessoas e Ops, ao Thulio Gomes nas conversas sobre carreira, projetos e perrengues da profissão, ao Paulo Aguilera pela inspiração de liderança e acessibilidade, e tantas outras que fizeram e ainda fazem diferença na construção da minha história.

Pam e Jim, personagens da serie de Tv The Office, sentados em um banco e brindando com latinhas de refrigerante — Fonte: Giphy

Por isso, sempre procure. Procure alguém para tirar dúvidas, compartilhar dores e anseios, pedir opiniões, e também aprender em como ajudar essas pessoas. Afinal, a sua dúvida pode ser a de outras, ou algo que para você seja normal, pode ser a estrada de tijolos de ouro para alguém que está perdido.

Espaço seguro para quem está começando

Continuando o assunto sobre a importância do apoio das pessoas e das comunidades, como PretUX, Ladies That Ux, Ux Writers, Ixda, Hexagon UX etc. Tem uma que tem um olhar bem especial para pessoas que estão começando e migrando de carreira, a Vagas Ux.

Mulher de pele branca, cabelo loiro cacheado curto e sorrindo.
Marianna Piacesi, Community Manager na @VagasUx

Conversando com a Marianna Piacesi, Community Manager na @VagasUx, ela comenta sobre esse movimento de migração nesta faixa etária, em nosso mercado:

Posso afirmar que é um assunto que volta e meia surge na comunidade e gera bastante repercussão toda vez que mencionamos sobre. Tivemos uma voluntária que entrou com a gente e estava em transição e logo depois conseguiu migrar e também foi depois dos 30. Também posso inclusive indicar uma live que fizemos exatamente com esse tema pois é um assunto quente na comunidade.

Live no Youtube do VagaUx com o tema Migrando para Ux depois dos 30

Independente do seu momento, sempre tem uma comunidade que vai te ajudar e te trazer aquela sensação de pertencimento e reconhecimento. Disso eu tenho certeza!

Histórias que inspiram e podem ser iguais a sua

O “eu” dá lugar ao “nós”

Uma coisa que só aprendemos com o tempo e a idade, é que o “eu” não existe sem o “nós”. Nenhuma pessoa faz nada ou chega em algum lugar sozinha, e quando se descobre o quanto se cresce e aprende mudando isso, tudo acontece melhor e mais rápido.

Pensando nisso, quis trazer contribuições de pessoas que estão a minha volta e que de certa forma passaram pelos mesmos desafios que eu, e quem sabe você, passamos ou estamos passando.

A coragem de mudar e começar de novo

por Paulinho Ferrari

Homen de pele branca, careca, usando óculos de armação preta, segurando um microfone e usando uma camiseta preta.
Paulo Ferrari — Design Ops na Neon

Fico abismado com o espanto (desculpem o pleonasmo) das pessoas à minha volta quando descobrem do que sou capaz.

“Cara, quanto talento! Quanta história! Quanta energia! Como pode isso, como pode aquilo…etc, etc, etc!!”

Comecei minha carreira profissional no final da década de 70 do século passado, convivendo com gente das mais diversas formações, culturas, classes e crenças. Se me perguntarem qual foi o truque para ter dado certo até aqui, diria, sem medo de errar, que desenvolvi o talento de me adaptar ao momento presente! Sempre! Quer desafio mais saboroso que esse?

Está completamente equivocado quem acha que é cedo ou tarde demais para alguma coisa. E foi sempre confiando nessa verdade, que mudei e recomecei várias vezes em áreas, que para mim, eram totalmente desconhecidas.

Quer saber se isso dá medo? Simmm, pode ter certeza que dá!

Mas, aproveita a adrenalina e vai com medo mesmo, procurando fazer algo que você nunca fez, sem tentar mostrar que você é capaz de fazer, e sim que é capaz de aprender se divertindo.

O que me motivou a migrar?

por Marcio Abranches

Homen de pele branca, cabelos e barba grisalhos, usando uma camiseta de botão azul, mochila nas costas e sorrindo.
Márcio Abranches — Product Designer na Neon

Eu precisava entender naquele momento qual era meu papel nisso tudo que chamamos de vida e um alerta gritou dentro e fora de mim, eu PRECISAVA ME REINVENTAR, isso tudo nos meus altos 40 anos de idade.

Há mais de 12 anos trabalhando dentro de uma agência, num ritmo louco de entregas, noites e madrugadas à fio, projetos e campanhas de última hora, jobs em paralelo para aumentar a renda, eu ia me afundando num casulo de trabalho, trabalho e mais trabalho. Em meados do início da pandemia, o corpo e a mente já davam sinais de esgotamento, burnout, sem criatividade… sem combustível. Mesmo assim, com sinais aparentes, continuava no mesmo ritmo frenético exigindo de mim e dos meus próximos.

Certo momento, raro naquele contexto, jantando com esposa e filhos, meu mais velho, com seus 9 anos de idade, de forma direta, como um soco no estômago, me pergunta:

— “Papai, por quê você trabalha tanto?”.

Desabei.

Por que trabalhava tanto? Pelo quê realmente eu trabalhava? Qual era o propósito? Eu me perdi, perdi minha essência e pelo quê? Foi o necessário para entender que havia ligado a vida no automático e não tinha mais um propósito pessoal e profissional. Precisava mudar, me reinventar, buscar algo que me fizesse sentir vivo.

Comecei a planejar minha mudança e a buscar em outras carreiras, aquele avivamento de um propósito, algo que tocasse e ajudasse de alguma forma não só a mim, como a vida de outras pessoas. Este processo não foi rápido, me demandou tempo, motivação, resiliência e persistência. Foi um misto de desafio e motivação. Mas tudo isso tinha um por quê, era dar sentido a minha vida.

Como me encontrei fazendo o que gosto?

por Leticia Marcori

Mulher de pele branca, cabelo loiro liso na altura dos ombros, usando óculos de armação preta, sorrindo.
Letícia Marcori — UX Researcher na Neon

Sabe aquela frase sobre fazer uma limonada com os limões que a vida te dá? Pois bem, conheci UX num acaso da vida, numa batida de carro, a típica coisa boba que só traz dor de cabeça? Então, recebi um convite da seguradora para responder uma pesquisa presencial e hoje digo que foi a melhor dor de cabeça que eu já tive!

Mas a história não começa exatamente aí

Sempre fui da área de comunicação. Quando eu era pequena tive até um programa de rádio, dá para acreditar? Me formei em Publicidade e Propaganda, apaixonada por criação e encantada por planejamento. Trabalhei em agência e depois entrei para uma instituição financeira.

Trilhei uma carreira ali, adorava o fato de poder fazer algo pelo cliente nas áreas em que eu trabalhei, afinal, somos todos clientes! Mas existiram dias em que nada parecia se conectar. Minha formação, meus cursos, meus hobbies e objetivos de vida. Nada fazia sentido. Uma publicitária num banco? Como eu seguiria carreira na instituição financeira que eu trabalhava? E o que eu faria com a experiência que acumulei nas áreas em que eu passei?

Coisa de “Geração Y”, as pessoas diziam. Mas eu sentia que teria que tomar uma decisão de carreira logo.

Mas voltando ao convite, naquela noite, tudo mudou.

A “pesquisa” era na verdade um "workshop" sobre abertura de sinistro na seguradora. Depois de muitos "post it's", eu fui a última a sair de lá.

— Passada. Era aquilo! Tudo se conectou e aquilo me definiu.

Pela primeira vez entendi que por todo aquele tempo, eu estive exatamente onde eu deveria estar. As habilidades e conhecimentos aparentemente desconexos me trouxeram uma multidisciplinaridade incrível para ingressar nessa área e os meus bons anos em Canais Digitais e CS nunca fizeram tanto sentido.

E assim, o que eu chamava de “loucura” era, minha bagagem.

A partir daí foi muito estudo. A instituição financeira que eu trabalhava, seguindo os movimentos do mercado, criou a área de UX. Quanta expectativa naquele processo seletivo… Passei!

Desde então, aqui estou! Trilhando o meu próprio caminho, sendo protagonista da minha carreira e amando o que eu faço. Hoje, quando perguntam no que eu trabalho, costumo dizer que sou publicitária por formação e UX de coração.

E como é aqui na Neon?

Aposto que em algum ponto ou vírgula, você deve ter se identificado com uma dessas histórias, estou certo? Hoje, eu e essas pessoas incríveis estamos dentro da Neon, e gostaria de também compartilhar como ela tem se posicionado e apoiado movimentos como esse de migração depois dos 30, 40, 50, 60.

A Neon tem hoje uma atenção e preocupação com diversos grupos que são muitas vezes minimizados ou deixados a margem. Tendo ações internas e externas para mitigar essas diferenças, apoiando a criação de times com pessoas diversas, respeitando também a riqueza vinda nas variações etárias.

"Um ambiente corporativo com diversidade geracional se torna mais propício para a troca de feedbacks. Diferentes perfis permitem que indivíduos tenham contato com outras realidades e perspectivas. Além disso, é significativamente reduzido o receio de represálias, aumentando as chances de que mais pessoas façam contribuições".

Mudanças cada vez mais presentes

Segundo conteúdo educacional compartilhado no Guia de Diversidade Geracional da Neon, estamos vivendo a “revolução da longevidade”, um período de plena transformação no qual esticamos nossa expectativa de vida de 50 para 80 anos, no curto espaço de duas gerações. Essa longevidade traz uma nova visão sobre a vida:

A fase madura deixa de significar recolhimento e “espera da morte” e passa a ser múltipla, cheia de potências e possibilidades.​

Print Biblioteca Neon — Diversidade Geracional

Diante desse cenário, empresas e pessoas vem se adaptando, se pessoas vivem mais, também consomem mais, produzem mais e se divertem mais. Se temos novas possibilidades proporcionadas pela longevidade, necessitamos de novos produtos e tecnologias que estejam adaptadas a essa realidade. (Trechos retirados do Guia interno de Diversidade Geracional da Neon).

Não seria justo deixar de fora a percepção e porque não, a história de uma de nossa principal liderança, em um recorte e ponto de vista referente a esse contexto, que principalmente em nosso time de Design & Pesquisa, é bem presente e atual.

A constante evolução e experimentação de novos desafios

por Koji Pereira ⚡

Homem de pele parda, com cabelo curto, usando uma camisa branca e estampada de botão, sorrindo.
Koji Pereira — Chief Design Officer na Neon

Refletindo um pouco sobre minha jornada, acredito que a cada 5–8 anos eu faço algum tipo de transição para um novo território.

A primeira foi quando fui pra uma escola num bairro vizinho aos 10 anos, era uma forma de fugir da realidade violenta do bairro que nasci; Depois aos 17 entrei na UFMG, era um mundo novo, cheio de conhecimento e pessoas inteligentes.

Aos 21 liderei minha startup criando produtos pela primeira vez; aos 29 entrei pra Google para redesenhar o Orkut, vivendo o sonho de trabalhar para a empresa que eu mais admirava na época e aos 35 me mudei para o vale do silício nos EUA, conhecendo um mundo completamente novo.

Vir para os EUA foi quase um movimento natural, na época Belo Horizonte ficou pequena para meus anseios, e a Google se tornou uma ilha — não tinha muito para onde ir depois daquela experiência. Chegando num outro país você tem que reconstruir tudo praticamente do zero, sua experiência, referências e sua visibilidade no mercado praticamente não existem, aos pouquinhos fui reconstruindo minha história e me apaixonando pela Bay Area.

Foi um pouco atípico para algumas pessoas quando disse que — depois de 8 anos fora do Brasil — eu iria trabalhar remotamente nos EUA com uma empresa brasileira de novo.

A Neon foi uma escolha que fiz com muito cuidado e carinho, e o resultado tem excedido minhas expectativas. Voltar a trabalhar com o Brasil e trabalhar com um propósito tão forte tem me dado energias para ir além, e me orgulho do time que temos aqui, cada dia mais forte e unido.

O que me fez assumir esse desafio foi muita uma vontade de protagonismo e transformação, passei por muitas empresas como a Google, Lyft e Twitter onde os processos e a maturidade do time era alta.

Aqui na Neon eu sabia que teríamos muito “mato alto”, mas ao mesmo tempo era essa possibilidade de estabelecer processos do zero e redesenhar nosso produto.

Outro ponto que me chamou a atenção foi a missão de “diminuir desigualdades”.

Depois de tanto tempo no Vale do Silício você percebe que há muito produto a procura de problema, e poucos problemas, de fato, sendo resolvidos em startups por aqui.

Daqui pra frente sei que não será fácil, temos grandes desafios pela frente, mas o mais importante é que temos pessoas unidas com um propósito claro.

Conclusão

O fato de migrar ou não depois de uma certa idade só se comprovou ser um mero detalhe nesse roteiro nada programado da vida. O apoio de pessoas, comunidades, soft skills, persistência e acreditar que nunca é recomeçar completamente do zero, foi realmente o que fez e tem feito a diferença.

Muito mais dicas do que conselhos:

  • Se apoie nas comunidades.
  • Se apoie em sua rede de relacionamentos.
  • Se permita errar e aprender com os erros.
  • Se lembre de que todas as suas experiências e aprendizados são suas e sempre serão referência em sua trajetória.
  • A hora certa para mudar ou recomeçar é a que for certa para você.

E, para finalizar, eu realmente acredito que esse artigo por si só já foi uma grande conquista, pois trabalhando nele pude ver que não estou sozinho, que não é impossível, e que é muito bom e importante nunca deixarmos de olhar para trás e relembrar nossa história.

Ficou com alguma dúvida, quer tomar um café para falar sobre isso ou jogar conversa fora? É só mandar uma mensagem pra mim ou qualquer uma dessas pessoas incríveis e bora lá!

E obrigado por seu tempo e por ter lido até aqui! ❤

Revisão de conteúdo e suporte (Content review and support): Paula Völker e Márcio Abranches.

Quer fazer parte do nosso time de Design & Pesquisa? Estamos procurando.

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João Marques
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