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Zona de conforto não é uma opção: minha primeira mentoria

Mateus Mello
Neoway Labs | Tech
Published in
7 min readAug 31, 2023

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Eu nunca tinha dado mentoria ou qualquer coisa parecida com isso. Certo dia, em uma reunião que envolvia todo o time de engenharia da Neoway, nosso Head de Analytics (Igor Cortez) trouxe um convite: quem gostaria de participar de uma edição do programa </pantanal.dev> como mentor.

Nessa hora eu não tinha ideia o que significava o programa, mas me chamou a atenção a oportunidade de mentorar. Fazendo isso eu estaria saindo completamente da minha zona de conforto e confesso que demorei alguns dias para tomar coragem, falar com o Igor e me colocar à disposição.

Acredito que quando saímos desta zona de conforto é quando a mágica acontece, você se surpreende com você mesmo e sempre acaba aprendendo algo novo.

Desafio aceito… E agora?

A próxima etapa foi entender melhor sobre o </pantanal.dev>. Ele é um programa de capacitação imersiva em tecnologias inovadoras. Uma parceria entre as empresas privadas: B3, Neoway, PDtec e BLK; e a UFMS. A ideia é lapidar talentos da universidade e apresentar oportunidades de trabalho remoto no mercado financeiro nacional aos seus alunos.

Nesta edição da competição do </pantanal.dev> se inscreveram 10 grupos, com 39 participantes no total e o tema do desafio era a detecção de fraude em transações financeiras. No pitch de 10 minutos teríamos que apresentar um produto que usasse técnicas de data science para analisar os dados de um dataset e teríamos um mês para fazê-lo.

Agora eu precisava entender o que seria exatamente o processo de mentoria. Em uma reunião entre os organizadores e mentores, eles falaram que a ideia dessa mentoria era trazer para os alunos alguma experiência de mercado de pudesse ajudá-los na criação do pitch além de falar sobre a carreira, mostrando os desafios enfrentados na minha carreira profissional que pudessem agregar valor para os alunos em inicio de carreira.

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Conhecendo o time

Recebi um e-mail onde fui informado qual grupo eu iria mentorar. Eram quatro alunos: Lourdes Igarashi, Tiago Santi, João Vareiro e Fábio Huang.

Eles me adicionaram em um grupo de WhatsApp para termos uma comunicação mais eficiente e por ali comecei a interagir com eles.

Achei que deveria começar me apresentando, então combinei com eles nossa primeira reunião onde eu falaria um pouco sobre mim e eles, sobre eles.

Eu me preparei antes para reunião fazendo algumas anotações e slides que me guiaram na condução da reunião para mostrar o que a Neoway e o time que eu trabalho fazem. Queria deixar claro para eles que não entendia nada de data science e qual era minha experiência. A ideia era alinhar as expectativas e fomentar neles os pontos em que eu poderia ajudá-los.

Essa primeira reunião foi muito legal! Este é um dos momentos onde ter saído da minha zona de conforto começou a valer a pena. Os alunos estavam realmente interessados e o fato de alguém demonstrar interesse na minha história profissional era algo novo para mim.

Foi nesse momento que eu vi que é muito importante a gente retribuir e passar nossa experiência para outras pessoas. Isso me guiaria até o fim, na apresentação do pitch.

Mão na massa

Decidimos por no mínimo manter três encontros semanais e cada reunião levou em média uma hora. Essas três horas semanais que eu me dedicava a mentoria praticamente não influenciava nas minhas entregas do meu trabalho e ao mesmo tempo tinha um poder enorme em influenciar os mentorados e a mim também.

Lourdes, Tiago, João e Fábio eram pessoas muito competentes e sabiam muito bem lidar com um projeto de curto prazo. Minhas maiores preocupações eram: mantê-los engajados, tentar destravar qualquer bloqueio que eles tivessem e também ajudar a desenvolver um produto com uma visão de mercado.

O engajamento não foi muito difícil de manter alto. Eram pessoas naturalmente engajadas e todo encontro sempre tinha algum avanço no projeto. Nesse quesito, a troca foi muito boa, pois a animação deles também me animava e vice-versa, formando assim um ciclo virtuoso que fez com que a gente ficasse com uma autoestima elevada onde conseguíamos constantemente pensar que teríamos o melhor produto, mesmo com todas as dificuldades iniciais.

O maior desafio

A descoberta do produto foi a parte mais difícil de fazer. Os integrantes do time estavam com uma certa dificuldade para entender como elaborar o produto para que ele pudesse entregar valor.

Nesse momento eu percebi que poderia ajudar trazendo o ponto de vista do mercado, visto que como se tratava de um assunto muito técnico (data science e suas técnicas) era natural que no meio da discussão essa visão de mercado fosse se perdendo.

A Lourdes, apresentando um perfil de Product Owner, trouxe a ideia de elaborarmos a descoberta do produto e o João trouxe uma documentação que nos ajudaria a guiar nesse processo. Todos participaram da construção e pós descoberta do produto, conseguimos chegar no ponto onde era possível definir as tasks a serem desenvolvidas.

O time já tinha experiência com as ferramentas para controlar o projeto. Usamos o GitHub Projects para estruturar.

Com o passar do tempo eu percebi que não estávamos conseguindo ver o quanto faltava e sugerir de usarmos os milestone do GitHub de modo saber o quanto avançamos e o quanto falta.

Isso era importante para mim, pois eu não estava executando as tasks, e para não me sentir perdido precisava ter algo que eu conseguisse medir o avanço nas reuniões que aconteciam na segunda, quarta e sexta.

O tempo de um hora de reunião foi fundamental para que a atualização do andamento do projeto pudesse ser acompanhada com maior proximidade. Como o projeto tinha curto prazo, as interações também tinham que ser mais curtas.

As interações foram acontecendo e os milestones foram sendo cumpridos e em algumas das reuniões eu sempre mostrava um pouco mais da visão de mercado ou falava algum ponto da minha carreira que poderia ajudar eles nas suas próprias carreiras.

Na última semana do projeto o time achou que era melhor a gente aumentar a frequência das reuniões pra ter uma atualização quase diária e ajustar os últimos pontos e preparar a apresentação final do pitch.

A hora do pitch

Aqui, a ansiedade começava a bater e eles sempre achavam que precisavam adicionar algo a mais, que o projeto não estava bom o suficiente, que deveria adicionar novas funcionalidades.

O importante era conseguir baixar essa poeira e mostrar que o trabalho que eles fizeram nessas últimas semanas estava ótimo e que a gente seguiu conforme o planejado e que agora o importante era cuidar de pequenos detalhes e fazer a apresentação final, que seria on-line.

No dia do pitch eles apresentaram super bem. Até a Lourdes que estava desembarcando de um voo conseguiu apresentar do terminal do aeroporto, em um canto, sentada no chão. Essa determinação me surpreendeu.

Nessa hora, a gente como mentor só fica na torcida, mas eu tinha certeza que tínhamos potencial de sermos o time vencedor. A decisão da banca julgadora seria na hora, então aguardamos eles avaliarem e apresentarem o resultado para a gente.

Para nossa alegria, fomos o time vencedor do programa! Com certeza eles fizeram por merecer e aproveitei para elogiá-los na chamada.

Para finalizar a mentoria resolvi dar um feedback genuíno e em particular para cada um. Queria passar minha visão sobre o que foi o mês de interação e mostrando pontos de melhoria. O intuito era ajudá-los nas suas carreiras indicando o que eu vi de melhor deles e os potenciais de cada um.

A lição que fica

O que eu percebi nessa experiência de mentoria foi que poder ajudar as pessoas pode ser muito gratificante. As pessoas normalmente estão abertas a receber as sugestões, o que facilita muito a troca de informações e experiências.

Ter saído da minha zona de conforto me trouxe oportunidade de conhecer pessoas incríveis e acredito que poder ajudá-las a se desenvolver foi o ponto alto da mentoria.

Mentorar não é um bicho de sete cabeças e aconselho a todo mundo a passar pela experiência pelo menos uma vez na vida. Acredito que você também irá aprender muito.

Uma boa maneira de você ver o valor da mentoria é ver o feedback dos mentorados. É importante você buscar esse retorno para ver o que foi importante para cada pessoa e continuar melhorando sua mentoria para oportunidades futuras. Aqui estão os feedbacks:

Lourdes Igarashi:

A mentoria do Mateus foi essencial para mantermos o foco no desenvolvimento das funcionalidades e entregarmos um MVP funcional, principalmente devido ao prazo curto de entrega. E, pessoalmente, aprendi muito com ele sobre resiliência na carreira profissional pelas experiências compartilhadas, gerenciamento de equipe e de projeto com a forma que ele foi nos conduzindo neste desafio.

Fábio Huang:

Durante a jornada do pantanal.dev, a mentoria foi fundamental para o nosso sucesso como equipe. A orientação fornecida pelo nosso mentor, tanto em relação ao projeto quanto ao desenvolvimento pessoal, foi extremamente gratificante e ampliou significativamente meu horizonte profissional. Considero essa experiência valiosa, especialmente por estar no início da minha carreira.

Tiago Santi:

A mentoria teve um papel fundamental, fornecendo a aprendizagem e comprometimento necessários para manter nossa equipe focada e organizada, resultando na entrega de um produto final vencedor e de alta qualidade. Esse acompanhamento não apenas ajudou o nosso crescimento profissional, mas também teve um impacto significativo em nosso desenvolvimento pessoal, graças às conversas profundas e à troca de experiências.

João Vareiro:

A orientação fornecida pelo Mateus foi de fundamental importância para o nosso sucesso como equipe, guiando-nos tanto no desenvolvimento do projeto quanto no nosso crescimento profissional. Além disso, a oportunidade de compartilhar experiências com alguém experiente no mercado foi muito enriquecedora.

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