[Review] Overwatch: do casual ao competitivo

Felipe Massahiro
Nerd / Articles
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9 min readMay 5, 2016

Overwatch inspira-se em jogos TvT (Team vs Team) clássicos como Team Fortress, Unreal Tournament e afins, mas também coloca um pouco dos novos elementos de jogos atuais que vão além do gênero FPS.

Em uma época em que vemos muitos MOBAs surgindo, jogos competitivos de FPS ficam cada vez menos comuns e mais centrados em franquias já existentes, como CoD e Battlefield. Não temos uma gama tão grande fora deles no cenário atual, fazendo com que clássicos como Counter Strike permaneçam até hoje em alta.

Overwatch encontra-se em uma linhagem nova de jogos que revivem os antigos FPS TvT com mecânicas novas de MOBAs, como é o caso de Battleborn (Gearbox), Paragon (Epic), Paladins (Hi-Rez) e Lawbreakers (Boss Key Productions).

Entre todos esses títulos, com exceção de Lawbreakers que não pude testar, Overwatch foi o que mais me atraiu.

Seu diferencial não é somente na mecânica ágil que mistura Team Fortress 2, herdando mapas com objetivos e algumas classes similares, com um sistema de habilidades bastante presente em MOBAs. Isso é algo que todos esses títulos (com exceção de Lawbreakers, novamente por não tê-lo testado ainda), compartilham em comum.

O que mais me chamou a atenção no título da Blizzard é com o relacionamento com jogadores casuais. O último jogo que tive experiência similar foi com Team Fortress 2, em que ganhar uma partida era bom, mas perder não faria diferença. Passei boas horas da minha vida conversando entre jogadores que tinham o mesmo pensamento: estávamos lá para nos divertirmos. Algo cada vez mais difícil de se encontrar em jogos como esses.

Diferente de um Battlefield, que um mapa pode durar muito tempo por sua extensão, ou a franquia de CoD em que os mapas são rápidos e frenéticos, Overwatch parece ter encontrado a medida certa de seriedade e diversão para sua fórmula.

Mecânica

Com mapas rápidos e com objetivos que seguem muito bem a linha de Team Fortress 2, o jogo ainda oferece uma variedade enorme de personagens, 21 no total. Cada personagem é dividido em uma das 4 funções do jogo:

Da esquerda para direita: Assalt, Defender, Tank e Suport

Assalt são personagens de dano bruto, suas habilidades centralizam em ataque e eliminação.

Defender são personagens para defesa de objetivo e pontos. Entre eles estão os snipers e engenheiro que lembra bastante a classe em TF2.

Tankers não há muito o que falar, esses são a linha de frente do time tanto para ataque quanto para defesa.

Suport também são bastante conhecidos.

Vale lembrar que cada personagem é único e suas habilidades faz com que a jogabilidade mude. Por exemplo o botão shift é sprint para o personagem Soldier 76, enquanto para Bastion é sua transformação em torre. Outro aspecto que me atraiu bastante no jogo. É necessário que o jogador se adapte com cada personagem.

Cada mapa possui um objetivo diferente. Alguns são de conquistar um ponto, o time que o mantiver sob controle durante um determinado tempo ganha o round, duas vitórias ganha o jogo. Outros são de defesa e ataque de pontos e payload (os famosos carrinhos no Team Fortress 2).

A variação de mapa permite uma série de combinações diferentes para montar um time. O melhor é que o jogo proporciona algumas dicas durante a seleção de personagens, alertando quanto há muito, pouco ou nenhum tipo de personagem de alguma modalidade (função).

Uma coisa interessante e que me agradou assim como Team Fortress 2 é a possibilidade de alternar entre personagens durante a partida. Você não fica preso apenas a um personagem do começo ao fim de um mapa, é possível alternar entre eles, possibilitando mudanças de táticas e uma adequação melhor com as diversas situações.

Outro elemento bastante agradável é a possibilidade de deixar uma partida pela metade sem penalidade, pois logo em seguida o próprio jogo busca algum outro player para entrar em seu lugar. Isso é excelente para jogadores que não podem focar em um jogo por muito tempo. É possível jogar um pouco e sair sem prejudicar o seu time.

Há uma desvantagem com o sistema de jogos em Overwatch. Não é possível encontrar servidores manualmente, centralizando-os todos diretamente na Blizzard. Em outras palavras só é possível jogar através dos modos oferecidos pelo jogo, não há servidores particulares. Entretanto, é possível criar jogos custom. Apesar de não ter testado esse modo, a opção para jogos fechados entre amigos está lá. Para todos os outros jogos, é o próprio sistema de matchmaking que irá montar as partidas.

Visual e história

Overwatch é o nome dado a uma equipe de pessoas (e animais, robos, meta humanos e afins) com habilidades especiais. Criado para combater os Omnic que haviam declarado guerra, os agentes da Overwatch foram sucedidos, mas logo dissolvidos pelo governo.

No jogo, durante uma série de crises internacionais, Winston o carismático e inteligente gorila, reúne novamente a equipe para ajudar as pessoas ao redor do mundo.

Também um aspecto importante, e talvez que tenha sido um bom diferencial entre os títulos, é o carisma de cada herói. Assim como em Team Fortress 2, a identidade de cada personagem é muito bem trabalhada, é carismática e bastante agradável. Pequenas conversas durante o pré-round recheiam o universo de Overwatch. Conversas entre aliados e antagonistas, ou mesmo pequenos diálogos dispersos, roubam uma risada ou outra durante o jogo.

O jogo Overwatch tem uma história interessante que está conectada por diversas mídias (conta com uma narrativa transmidiatica). Entre eles temos os quadrinhos que passam após a dissolução da equipe e antes dos eventos do jogo. Por enquanto temos a história do cowboy McCree e do gigante Reinhardt.

Também temos 2 curtas produzidas plea Blizzard que recheiam o universo e contexto do jogo. Recall é o primeiro curta.

E o segundo, último lançado até o momento, Alive.

Também é possível acessar o perfil de cada personagem através do site oficial do jogo e desvendar um pouco do contexto geral.

Competitivo x Casual

Overwatch é extremamente amigável com jogadores casuais. Perder ou ganhar não faz tanta diferença já que os personagens não possuem níveis. O único nível que evolui é o da conta, o que não faz muita diferença para o jogo. Evoluir o nível conta traz alguns benefícios, como cada nível oferecer um lootbox que gera 4 itens aleatórios, como skins, sprays, animações de vitória e afins. Em suma, evoluir a conta é meramente estético, algo que Overwatch tem bastante.

Cada personagem conta com uma série de skins, animações, sprays e muitos outros elementos estéticos para desbloquear através dos lootbox.

É recompensador tanto para jogadores casuais quanto para jogadores hardcore, já que apenas jogando é possível aumentar o nível da conta. Em outras palavras, seu nível é baseado em quanto você jogou, não necessariamente em sua experiência como jogador.

Tiveram jogos em que joguei com diversos outros jogadores de nível bastante inferior aos do time adversário e ainda assim ganhamos. Então o nível em si não diz muita coisa.

Isso é importante, pois em Overwatch jogar em time é essencial para a vitória. Por mais que um ou dois jogadores do time sejam excelentes jogadores, uma boa combinação do time adversário basta para ganhar. Saber trabalhar em equipe, variar o seu time com diversos heróis de funções diferentes e saber o seu papel no mapa, tudo isso é fundamental para a vitória. Um jogador individualmente não pode fazer muito sem a cooperação do resto.

Eis que entramos no cenário competitivo — ou modo rankeado — do jogo. Ainda não habilitado, em estado de teste, Overwatch contará com o sistema de rank como qualquer outro jogo competitivo. Para quem jogou TF2 e CS:GO sabe que existem servidores 4fun (for fun) e servidores rankeados. Por isso, para os mais competitivos, Overwatch não deixa nem um pouco a desejar.

Construir a equipe certa para o mapa certo, comunicação e uso correto das habilidades de cada membro, abordagem certa para o time adversário, tudo isso é algo para se levar em conta em um cenário de jogo mais sério. Possivelmente essas partidas serão muito interessantes de se assistir.

Há ainda, para diversão de todos os jogadores, o modo de jogo Weekly Brawler. A cada semana uma condição especial é imposta nesse modo de jogo diferente. Por exemplo, durante o stresstest dos servidores, o modo de jogo era no mapa Route 66, sendo que os personagens quase não teriam cooldown em suas habilidades e também teriam muito mais vida que o normal.

Durante esse open beta a condição é que não se pode escolher um herói e a cada morte o jogador começará com um outro aleatório. Esse modo relembra bastante um estilo arcade onde nada realmente importa, contudo, ainda assim é possível ganhar experiência para conta.

Vale a pena?

Entre todos os títulos mencionados, com exceção de Lawbreakers, Overwatch é o que mais me chamou a atenção para o meu gosto. Todos os títulos são diferentes em alguns aspectos e possuem suas próprias vantagens e desvantagens. A minha opinião é para que vocês aproveitem o Open Beta de Overwatch que está ocorrendo de hoje, dia 5 de maio, e irá até o dia 9 de maio, segunda feira, para tirarem suas conclusões.

Acho importante ressaltar que o preço no Brasil está um pouco acima da média para um jogo do estilo, isso se deve que a conversão que a loja da Battle.net fez é de 4 reais para 1 dólar, fazendo com que o custo seja um tanto elevado.

Existem 3 opções disponíveis para a pré-venda do jogo:

Standard: além do jogo com os 21 personagens, você também adquire a skin Noire da personagem Widowmaker.

Origins: além do que vêm da edição standard, você ainda recebe as skins Bastion Silvestre, Chefe de Segurança Pharah, Comandante de ataque Morrison, Reyes Blackwatch e Tracer Turbilhão. Disponíveis exclusivamente para o pacote Origins. Além de ganhar a personagem Tracer no jogo Heroes of the Storm, o mascote bebê Winston para World of Warcraft, verso Overwatch para as cartas de Hearthstone, retratos de jogador para Starcraft 2 e as asas da Mercy para o Diablo 3.

Collectors: a edição de colecionador é a única que será entregue fisicamente, já que possui, além de tudo da versão Origins, uma estátua do personagem Soldier 76 e o livro de referências visuais.

A edição standard sai R$ 159,99, enquanto a versão Origins R$ 249,99. Já a versão de colecionador, o preço não é informado e, admito, nem tentei descobrir para não ficar triste. Para quem estiver interessado basta visitar a loja oficial.

O preço é um pouco fora do padrão para muitos jogos atuais de PC, mas não é tão desfocado para os consoles. Ah, sim, Overwatch está disponível também para Playstation 4 e Xbox One, contudo não há crossplay.

É possível adquirir a key do jogo por outros sites comprando diretamente em dólares caso alguém queira arriscar com a flutuação atual do dólar, ou podemos esperar e ver se o preço do jogo não abaixa após a data prevista de lançamento, dia 24 de maio. Possivelmente não haverá mais os bônus de pré-venda, porém, pagando em uma conversão mais atual é possível economizar um pouco.

No geral o preço do jogo é padrão — e até abaixo da média — para os afortunados que pagam em dólares (US$ 39,99 para a standard e US$59,99 para a origins).

E então, vale a pena?

Eu diria que sim, se pensar nas opções e divertimento que o jogo oferece, serão horas e horas gastas em jogo. Por esse lado vale a pena. Durante os dias 3 e 4 desse mês aconteceu um beta fechado para os usuários que possuem o jogo e para um convidado deles (quem comprou o jogo antes do dia 29 de abril, ganhou uma chave de acesso antecipada para ele e para um convidado), os servidores estavam bastante cheios e, para encontrar uma partida, não passava de 10 segundos em média na fila.

Por esse motivo, acho difícil haver riscos de falta de jogador por alguns anos.

No fim, acho importante que se você tem alguma dúvida em qual jogo escolher, Overwatch está em fase Open Beta, basta ter uma conta na battle.net e baixar o jogo durante o período mencionado. No geral é um jogo que me agradou bastante. É amigável para o jogador casual e gratificante para jogadores hardcore, ainda mais com o sistema competitivo que está por vir.

Para quem gastou centenas de horas jogando TF2, Overwatch preencheu um vazio que sentia por muitos anos em relação aos jogos do gênero voltados principalmente para a diversão.

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Felipe Massahiro
Nerd / Articles

Jogador compulsivo, escritor obcecado, amante perturbado da literatura e jornalista de vez em quando.