[Review] Rakuen Tsuihou — Expelled from Paradise

Felipe Massahiro
Nerd / Articles
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5 min readMar 2, 2016

Rakuen Tsuihou ou Expelled from Paradise como é também conhecido, é um dos títulos que estão concorrendo ao prêmio Tokyo Anime Award Festival. O diferencial nele está no uso extensivo de CG e uma história sci-fi bastante interessante.

A história de Rakuen Tsuihou gira em torno de um futuro pós apocalíptico onde o planeta terra, após uma guerra devastadora, tornou-se deserta e de difícil habitação.

Para salvar parte da humanidade, a estação espacial Deva foi criada. Seus habitantes, como forma de economizar recursos e espaço, são digitalizados em um universo de realidade virtual, onde os melhores e mais promissores podem usufruir de uma grande quantidade de memória. Angela Balzac é uma agente especial residente de Deva que tem como missão encontrar um hacker que consegue invadir os sistemas da estação.

Um corpo criado é dado à Angela para que ela saia do mundo virtual para o real. Indo para a terra ela encontra com Dingo, uma especie de agente freelance que vive trafegando pelo planeta. Seu jeito livre e despreocupado logo enfurece Angela, dedicada à prender o hacker Frontier Setter.

Essa história parece bastante clichê, e assim o é, no entanto o uso de simbolismos somados à uma narrativa bastante simples e prazerosa, resultaram em uma trama bem peculiar. Não são poucos os instantes que as discussões entre Angela, Dingo e, futuramente, Frontier Setter, caem em temáticas clássicas da robótica. Do que é ser humano, do que é realmente sentir e aprender, do que é evoluir intelectualmente e espiritualmente.

O anime em geral atribui uma linha secundária narrativa que abrange essas discussões. Como Deva, o suposto paraíso, controla a informação acessível aos residentes, curiosamente representados por 3 divindades, há uma hierarquia, onde os menos promissores são privados de existirem e consumirem espaço em memória do universo virtual, e os mais promissores acesso a uma maior quantidade, dependendo de seu status.

Há uma alegoria entre o homem e seu status como deuses, seres mitológicos, na realidade criada por eles. Coisa que Dingo discorda, viver em uma mentira escondida sob o slogan paradisíaco.

Do outro lados temos o hacker Frontier Setter e Dingo, como representantes constante do que é ser humano. Do que é servir e como é possível encontrar a humanidade. Novamente o trio (Angela, Dingo e Frontier Setter) representam um triângulo que personificam essas discussões.

Tudo isso é apresentado em um enredo bastante leve, repleto de ação e que em partes lembram muito longas de anime como Cowboy Bebop ou Spriggan. Em momentos o passo é lento, há bastante diálogo e exploração, em outras a ação domina e é super bem produzida. As proporções em Rakuen Tsuihou deixam o anime com uma dinâmica muito bem feita.

Apesar disso, a profundidade de Deva é pouco explorada. Como a sociedade funciona e as alegorias estão presentes apenas no visual. É um tanto compreensível já que faria da história em geral mais complexa e talvez diminuiria o ritmo da trama. Felizmente a criação e situação da estação possui um significado que é explicado ao longo do anime. Dessa forma percebe-se que o assunto não foi simplesmente ignorado.

A animação

A mistura de CG nos animes atuais não é novidade. Alguns resultados são bastante interessantes, inclusive visualmente deslumbrante. Em Rakuen Tsuihou há uma certa artificialidade em certas cenas com a mistura do 3D com 2D, presente em muitos animes que utilizam-se do método. No entanto, na grande maioria o resultado é impressionante.

A arte é nada menos que maravilhosa, a animação em cenas de ação são fantásticas e os cenários muito bonitos.

O making of das CGs do anime estão no youtube. É possível ver a qualidade do resultado final. Muito bom

Fonte: Anime News Network

Mas a beleza não está apenas na qualidade da animação, mas no visual em si. As cores vivas dos personagens vibram. A roupa futurista (e de certa forma minimalista) de Angela Balzac destaca-se do cenário desértico do planeta Terra. O visual um tanto “cowboy” de Dingo o destaca como um esteriótipo que ele o é.

Visualmente o anime é um deleite do começo ao fim.

Em termos de música, os efeitos são bons e Dingo com seu fiel violão, sempre mergulhado na nostalgia das músicas antigas — de antes do mundo ser destruído pela guerra — voltam-se à uma trilha em especial: Eonian. Trilha oficial do anime. Dingo até chega a cantar uma parte dela com seu violão.

No geral

Existem muitos motivos por Rakuen Tsuihou entrar para os finalistas na premiação do Tokyo Anime Awards Festival. Seja por um visual lindo, uma história com muitos simbolismos e discussões filosóficas e uma narrativa dinâmica, o anime é um pacote completo que irá agradar aos amantes de Sci-Fi.

Apesar de seus pequenos problemas, resumir um universo em apenas 1 hora e 40 de animação, não é uma tarefa fácil. Rakuen Tsuihou consegue fazer isso com diálogos muitas vezes bem elaborados e de proporções que não interrompem o ritmo do anime. Os momentos de ação são muito bem trabalhados e não estão apenas jogados, todos possuem um sentido, um significado.

A história do anime consegue abrir e fechar um ciclo completo sem perder o compasso. Sem ficar muito tedioso ou com muita ação. A medida certa faz com que Rakuen Tsuihou seja um longa de qualidade excepcional, especialmente no que tange o tema sci-fi.

O anime pode ser importado através da aniplex (distribuidora oficial), ou também na amazon (encontrei apenas a versão limitada). Infelizmente não há serviços de streaming para o filme. Pelo que li, o serviço da Netflix nos EUA estão com o anime na lista, então, possivelmente logo o teremos aqui também.

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Felipe Massahiro
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Jogador compulsivo, escritor obcecado, amante perturbado da literatura e jornalista de vez em quando.