Review — Zankyou no Terror (Terror in Resonance)

Felipe Massahiro
Nerd / Articles
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3 min readAug 10, 2015

Zankyou no Terror não tem apenas uma arte fantástica e uma ótima animação, mais do que isso, há uma trama repleta de conspiração, quebra-cabeças e investigação.

Eu gosto muito de animes que exploram o lado da investigação, utilizando uma série de fatores psicológicos entre os personagens. Zankyou no Terror possui um pouco de Death Note, mas sem o lado sobrenatural da coisa.

No anime os amigos “Nine” e “Twelve” realizam uma série de atentados terroristas em Tóquio. As explosões chamam a atenção da policia, em especial Shibazaki, um sagaz detetive rebaixado a trabalhar nos arquivos do departamento. A jovem estudante Lisa acaba se envolvendo acidentalmente com a dupla de jovens que aparecem em sua escola.

Shibazaki é a personificação do detetive Noir. Carrancudo, inteligente e com um poder dedutivo que surpreende os outros, logo ganha a atenção da equipe que investiga o grupo “Sphinx,” formado por “Nine” e “Twelve”. Contudo, o que parece uma mera caça ao terrorismo, torna-se um verdadeiro jogo psicológico que revela uma conspiração que vai muito mais além das ruas de Tóquio, chegando a envolver o Japão e, em partes, os Estados Unidos.

Algo que me surpreendeu na trama de Zankyou no Terror é o uso de clichés para o desenvolvimento narrativo. As motivações por trás dos atentados terroristas e a maneira dedutiva de Shibazaki, quando revelados com pistas remetentes a mitologia e códigos numéricos, dão um certo charme ao anime.

O anime consegue ainda discutir temáticas sobre o terrorismo, colocando em questão o que é o terror. O que motivam os personagens centrais a realizarem seus atentados e o que parece ser algo simples, torna-se o estopim para algo que é muito mais obscuro e percebemos, assim como Shibazaki, que é a própria sociedade que fabrica seus terroristas e que no fim, não há um lado bom nem um lado ruim, mas uma série de fatores que se desenrolam no que se é.

É então onde a trama de Zankyou no Terror fica interessante. Não apenas a vida de Shibazaki é importante, como a de “Nine” e “Twelve”. Então, ainda temos Lisa. O mundo em que os 3 personagens centrais vivem é fora da nossa realidade, ou seria mais correto dizer que a vida deles estão mais conectadas a realidade. Lisa é como nós, as pessoas que vivem no cotidiano e que, de alguma forma, desejam mudar a vida.

Quando Lisa se liga aos dois amigos, pensei em como ela se encaixa, pois ela parecia um excesso desnecessário para a trama. E no geral ela o é, mas isso só deixam as coisas mais interessantes. Lisa poderia representar o ser humano dividido, nós, que vivenciamos a realidade degenerada proporcionada pela sociedade. De um lado o resultado, “Nine” e “Twelve”, do outro aquele que jurou proteger a ordem, mas que ao notá-la corrompida, acaba preferindo seguir seus próprios passos, esse é Shibazaki.

Fora os 4 personagens centrais, ainda há “Five” que surge mais tarde para complementar trama, contudo, por mais importante que seja a sua existência para o anime, suas motivações são pouco exploradas, deixando muitas perguntas em relação ao seu passado. Essa falta de exploração me incomodou um pouco na existência da personagem, mas não estragou a história em sua integridade.

Além de uma trama que utiliza muito bem os clichés de um bom romance policial, a história é simples e acaba muito bem amarrada. Em apenas 11 episódios o mistério se desenrola em diversas conspirações e agentes motivadores para todos os personagens centrais.

Ver Zankyou no Terror é como assistir a uma série policial com um ar de Cowboy Bebop. Inclusive o diretor, Shinichiro Watanabe, é o mesmo de ambos os títulos.

Zankyou no Terror está disponível através do serviço de streaming Netflix.

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Felipe Massahiro
Nerd / Articles

Jogador compulsivo, escritor obcecado, amante perturbado da literatura e jornalista de vez em quando.