Em Ritmo de Fuga — Quando a música e a ação entram no timing.

Matheus Bomfim (Soda)
Nerd Broadcast
Published in
7 min readAug 4, 2017

Cara… que filme insano!

Por onde posso começar a falar sobre Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)?

Desde o começo do filme cê vai presenciar cenas onde a montagem do personagem e elementos entram em um conjunto avassalador.
Os atores — com ênfase em Baby (Ansel Elgort) — se encaixam perfeitamente com os elementos em cena, usam deles até como uma extensão de seu ser. Tudo parece uma dança, uma coreografia, de tão dinâmico e natural que fica.

Você percebe os dedos e o toque do diretor — Edgar Wright — em cada composição, vê realmente como aquilo é mais uma obra prima e de características únicas que só ele sabe fazer:
Efeitos de iluminação, fotografia, mise-en-scène, trilha sonora. TUDO.

E em falar em trilha… Que trilha, meus amigos.

Você não para de balançar o pé ou a cabeça desde que o filme começa. A todo momento o uso dela é excepcional, e melhor ainda quando você sabe do porquê ela estar sendo usada fora O TIMING que ela dá.

Você vai encontrar cenas onde até o uso da trilha vai ser pausada descaradamente e controlada pelo nosso protagonista apenas para dar aquele gostinho de “por favor, vamos fazer isso direito” e ajustar todo o tempo necessário para que as cenas de ação e a música se sincronizem — E que, não é a toa que esse é um dos pontos plot do filme e roteiro (Já já vou para a área da narrativa dele e conto melhor sobre!).

O ritmo da música entra numa síntese imbatível com a movimentação dos personagens na cena, um passo é uma batida, um piscar é outra, e assim vai.

Pulando para a iluminação e fotografia:

CARA, QUE COLOCAÇÃO SURPREENDENTE DE FOCO E DESFOQUE DE LUZES E ENQUADRAMENTO!!

A ambientação da iluminação é algo maravilhosamente gostosa de se ver. Sabe Scott Pilgrim? Outro filme e grande obra dirigida pelo mesmo diretor? Imagina que é uma mistura de Scott Pilgrim + ação policial/corrida + estilo anos 80 retrô (Aqueles “groovy” neon) + época moderna que só 2010’s pode nos oferecer. Pronto, tu tem Em Ritmo de Fuga.

Tem cenas onde o embate protagonista-vilão são extremamente caracterizadas pela iluminação, cor da luz E penumbra utilizadas, e elas se encaixam perfeitamente na situação. Uma hora o vilão vai ficar com uma parte do rosto iluminada em vermelho e o protagonista com azul na outra parte contrária da do vilão. E, sério, não sei vocês, mas nessa hora eu chorei de tanta emoção quando vi esse arranjo (não sei se é algo de designer, mas foi assim mesmo haha).

E sobre o estilo anos 80 retrô: isso é caracterizado pela escolha de cores de luzes utilizadas e do jeito que elas foram utilizadas. Nesse estilo é muito representativo o uso de cores entre o espectro vermelho e azul com um toque de amarelo em destaque. E junto com a fotografia e composição do longa, vira tudo uma 8° maravilha do mundo, aí junta tudo isso com os efeitos do Edgar (Aqueles bem legais iguais aos que tem em Scott Pilgrim — Das palavras voando, e tudo mais) e eu nem consigo achar mesmo mais uma palavra que exemplifique qualidade pra esse filme.

O filme entra e sai do estilo de maneira natural e extremamente animada.

Todo panorama do filme é muito bom, desde até cenas onde não mostram personagem nenhum, só a ação deles já caracteriza esse estado.
O enquadramento de câmera te puxa com o olhar de um modo muito metódico e simples.

Sobre os personagens e narrativa:

Bastante bem construídos a partir da trama. E é isso que o roteiro ganha pontos pelo que aprendi em todas as minhas aulas de narrativa— O passado não importa muito, ele não é necessário para o que acontece/tá acontecendo a partir de nosso tempo-espaço.

Você não precisa MESMO saber o que caralhos cada personagem ERA, mas sim o que eles SÃO e a nenhum momento importa o passado. Falando isso, exemplifico nosso protagonista: até a primeira hora de filme mostra uns 3 flashbacks dele, mas não para especificar que “olha, esse passado é importante pacas, você precisa dele pra tua vida e blablabla”, esses flashs são simplesmente um momento específico da vida de Baby pra você entender o porquê de ele ser do jeito que é no presente, nada mais que isso. É preciso, é prático.

A construção dos personagens é rápida, acontece em instantes, entretanto eles não acontecem na mesma hora, tem uns que rolam no começo e outros que rolam no fim e cada avanço/evolução é importante pra história e tudo tem o seu tempo.

E o plot do filme: Basicamente tudo o que acontece é literalmente baseado nas músicas, e como já dito antes, toda a trilha é controlada pelo Baby e ela faz parte do filme assim como qualquer outra trilha, mas digamos que seja uma quebra de 4° barreira por ser controlada pelo protagonista. Você se sente na emoção e no calor do momento.

As cenas de ação e corrida são fenomenais, tudo muito bem encaixado e diagramado. INCLUSIVE, todas as cenas de corrida foram gravadas SEM CGI E COM O PRÓPRIO ANSEL! Edgar queria que tudo fosse o mais real possível e que o telespectador pudesse ver a emoção e o calor nas feições do Elgort… E olha, funcionou muito bem!

Sobre atores e personagens:

Todos se encaixaram perfeitamente em cada papel, tendo em cada momento seu peso e contra-peso principal. O filme não contém muitos personagens, são poucos e muito bem focados.

Ansel fez um protagonista muito bem centrado, sua par romântica, Lily James — Deborah— tem também uma ótima narrativa e específica, tendo seu ponto chave a partir da segunda metade do filme.

Temos Kevin Spacey — Doc — (que é famoso por fazer Frank Underwood em House of Cards) como praticamente um líder de organizações e máfia (nada diferente do habitual, hein?), Eiza Gonzalez — “Darling” — e Jon Hamm — “Buddy” — como casal fazendo um “amor bandido”, Jom Bernthal (NOSSO INCRÍVEL JUSTICEIRO NA SÉRIE DA NETFLIX E MARVEL DEMOLIDOR) — Griff —, e o personagem que achei mais chato de todos interpretado pelo Jamie Foxx — “Bats”.

Sinopse:

A história do filme é sobre Baby, que sofreu um acidente quando menor e a partir daí vive com uma certa deficiência auditiva (por isso o uso constante de música e fones de ouvido), e ele é um piloto magnífico e por conta disso e por uma dívida interna, ele é o motorista principal das tramas de Doc e dos mercenários.

Ele conhece Deborah e então começa a não querer mais dirigir pro Doc para poder ficar com ela, contudo, como sabemos que nada é um mar de rosas, nada disso dá certo, e é daí que o clímax rola até o fim do filme.

Últimos pontos que posso acrescentar são:

A dublagem e a direção de dublagem também estão bem adaptadas, você não vai se arrepender vendo dublado, que até as piadas e referências aleatórias feitas pelos personagens são entendíveis.

TEM ALGUMAS CENAS MEIO GORE! E eu adorei uma delas, me deu até um alívio no peito que aquilo aconteceu (É estranho de se falar isso logo falando em gore, mas é verdade).
E MUITO, MUITO ÓCULOS ESCUROS!

E não sei se isso seria spoiler de falar, mas, o filme não conta com um final feliz. Pra ninguém.
É um final real, é verdadeiro, não tinha como ser diferente de nenhum modo.

Pelos meus gostos, expressamente digo que não me desagradou em nenhum momento dos 113 minutos de longa, nadinha, definitivamente eu recomendo do fundo do meu âmago. Entrou pra minha lista de favoritos já direto e reto, sem precisar ver de novo, e na moral, tô achando que vou até ver de ir de novo ao cinema ver essa obra…

porque…

UAU, QUE FILMÃO DA PORRA!!!!!

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Matheus Bomfim (Soda)
Nerd Broadcast

Designer digitalque faz Fotossíntese no meio da Paulista e que frita no interior da cozinha (INFP)