DARK: A incrível nova série da Netflix — Crítica

Gideão Junior
Nerdpub
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4 min readFeb 8, 2018

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Primeira temporada de Dark entrega trama envolvente, muitos mistérios e viagem no tempo.

“A questão não é onde, mas quando.” Essa frase resume bem a mais nova série de suspense e drama da Netflix, Dark.

Criada por Baran bo Odar e Jantje Friese, Dark é uma série com muita viagem no tempo, onde os habitantes de uma cidade do interior da Alemanha são surpreendidos por desaparecimentos e eventos inesperados.

Um dos principais temas de Dark são os ciclos e o reflexo das ações através do tempo. Na abertura da série o conceito de dualidade é muito bem apresentado, já demonstrando ao público uma pitada do que está por vir. As imagens que retratam momentos da série tomam um formato quase abstrato graças ao conceito espelhado e são mostradas em ótima combinação com a música de abertura “Goodbye” do músico alemão Apparat.

Aliás, falando em trilha sonora, a série traz um trabalho espetacular de score feito pelo músico australiano Ben Frost. As nuances das cenas dramáticas e a tensão criada são em grande parte estruturadas pela ótima base musical feita pelo músico. São desde risadas, corais de vozes femininas, bases harmônicas, teclados e pianos, batidas eletrônicas e um trabalho excepcional com os instrumentos de cordas.

Admito que comecei assistindo série com uma leve relutância, pois os temas apresentados logo de início são temas muito utilizados pela Netflix em seus produtos mais recentes: nostalgia oitentista, grupo de crianças, cidade do interior isolada, grande Empresa que manipula/afeta a vida dos moradores locais, desaparecimento de personagens e etc. Pois é, assim como várias pessoas, você deve estar lembrando de Stranger Things, e realmente esta é a sensação que a série passa no começo; em momentos ela se apresenta como se talvez estivéssemos diante de uma Stranger Things alemã, costurada através dos retalhos definidos por algum algoritmo da plataforma. Não poderia estar mais errado, Dark tem sim pontos em comum com Stranger Things, porém a série alemã vai muito além, e traz temas muito mais maduros como suicídio, adultério, sexo entre adolescentes e alienação religiosa.

De fato, a série tem muitos elementos populares com o público ultimamente, porém isso não atrapalha a mesma, mas sim engrandece o enredo de uma forma que faz sentido à estória. Este que vos escreve estava muito enganado sobre Dark. A série é um dos grandes acertos da Netflix em 2017.

A investigadora Charlotte Doppler juntando os fatos e um corpo misterioso encontrado.

Dark e os paradoxos da viagem no tempo

Conforme a trama avança são definidos núcleos de estória em décadas diferentes, com personagens em suas diferentes idades. Muitos personagens são mantidos em mistério grande parte do tempo e isso faz com que o espectador crie expectativas e teorias acerca dos mesmo o que torna a série muito envolvente atiçando a curiosidade. O fato da estória estar acontecendo no mesmo período, porém em décadas diferentes, trazem os velhos paradoxos da viagem no tempo. Porém Dark trata tudo como cíclico e questiona a todo momento quando se pode considerar o início ou o fim de algo.

As atuações são de altíssimo nível e seus personagens são muito bem trabalhados tendo uma evolução dramática de acordo com os episódios. Seus vários núcleos familiares e temporais são um diferencial da trama e causam um certo estranhamento por parte do público. Porém essa confusão é algo proposital para que o espectador se sinta como os habitantes de Winden, perdido em meio ao caos e mistério.

Tanto os núcleos de adultos como os de crianças passam por várias gerações e possuem estórias envolventes, apresentando seus personagens de forma orgânica ao mesmo tempo que introduzem novos elementos à trama.

Dark é uma daquelas séries que você termina e quer recomeçar de novo pra poder reanalisar os acontecimentos. É uma série que te faz ansiar pela segunda temporada e que elevou significativamente o nível das produções da Netflix. Esperamos que a segunda temporada mantenha a qualidade da primeira e nos traga algumas respostas, mas principalmente, mais mistérios novos, afinal o começo é o fim, e o fim é o começo!

Nota: 4.5 de 5 chopps!

Pra quem quiser saber mais sobre a série, ela está disponível no catálogo da Netflix.

Texto originalmente postado no site http://www.thenerdpub.com.br/series/dark-nova-serie-da-netflix/ em 25/01/2018

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