Self — O estudo sobre quem está no comando da mente

Luca FFX
Neurociência, Psicologia e Filosofia
2 min readApr 9, 2018

Obs.: Essa é a introdução de um capitulo sobre self que estou escrevendo para o meu curso, se eu puder, continuarei postando as partes seguintes. Espero que gostem.

Quem está lendo essa frase? Quem que está interpretando e dando valor ao que está escrito? No momento em que abriu essa página, e resolveu tentar entender essas palavras, o que te levou a prestar atenção no som ambiente ou em outros estímulos, quem focou essa atenção? Não há como desvincular perguntas sobre consciência como “Será que estou consciente neste momento?” sem haver o questionamento sobre self “Quem fez deste momento consciente?” “Quem é o agente que me permite estar a frente da consciência?”

O conceito de self está generalizado em nossa cultura e dia a dia, podemos observar a sua presença, por exemplo, na linguagem. O artigo “Eu” na língua portuguesa determina um sujeito, “Eu fiz isso”, “Eu quero”, “Eu vou”, “Eu sou”, e atribuímos a ideia de “eu”, de “ser”, a todo tipo de atividade, creditamos tudo aquilo que constitui a nossa própria imagem de ser, querer e até mesmo ações a noção de self, esse agente que se desdobra em nossas esperanças e medos, opiniões e pensamentos, essa barreira que separa o você do eu e mantém cada ser humano único.

A discussão sobre self não é exclusiva da ciência moderna com o surgimento da psicologia e neurociência. A cultura demonstra a impregnação dessa ideia no decorrer do tempo; Platão que discutia sobre a separação do mundo das ideias e o mundo físico, assim como se a “essência de um ser é imortal”, até Nietzsche que ao proferir “Deus está morto e nós o matamos” declara que não há sentido em crenças e valores, mas somente no tratamento de si consigo mesmo e o reconhecimento da entidade “eu”, ou seja, a valorização interna do self a coisas externas.

Assim como ocorre a interpretação de self na religião, observamos no cristianismo católico que expõe a ideia de alma imortal, pensamentos e vontades como algo separado do corpo e que sobrevive após o seu falecimento. Na cultura oriental, especificamente budista, há uma diferenciação sobre self, não há uma alma indestrutível ou essência, mas sim uma não-self, que conta como essa noção de individualidade e agente é uma ilusão. O estudo sobre Self é essencial para entendermos o que faz nós sermos o que somos, ou seja, é próprio estudo sobre todo o sentido de ser e viver.

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