Olá,

Escrevo para pessoas autistas que podem estar em caminhos de aceitação após um diagnóstico formal ou auto-diagnóstico em adultas, que procuram recursos para se entenderem e entender melhor as suas companheiras, membros da família, colegas ou amigas, para pessoas que lidam com pessoas autistas — todas. Porque além dos profissionais de saúde, educação, ou outras áreas de desenvolvimento de capacidades, todas as pessoas lidam connosco em todas as esferas da sociabilidade. Andamos por aí, no mundo. E gostamos de comunicar.

O principal desafio das pessoas autistas é organizarem o seu mundo, nos seus termos. Como dizia uma amiga: “a pessoa autista tem de se entender para avançar”. O propósito do Neurodivas é partilhar o conhecimento e experiências que vão sendo reunidas, acreditando que poderão ser de valor para outras.

Nos próximos dias vou publicar revisões críticas sobre o entendimento do autismo da perspetiva da neurodiversidade, materiais relacionados com a aceitação e acomodação, pedagogias alternativas, formas criativas de ultrapassar obstáculos à comunicação e convivência entre pessoas com mentes diferentes, e entrevistas em português a personalidades que estão no processo de “saída do armário” e que queiram partilhar as suas histórias.

Ser único, diferente, ou neurodivergente não tem de ser desviante. Não tem de ser deprimente. Não tem de ser solidão. Mas infelizmente, formas desadequadas de lidar com as diferenças que resultam do encontro entre mentes distintas pode ter consequências graves para as neurominorias. Pode matar, e infelizmente, mata.

O caminho da aceitação pode ser duro, mas é o que vale a pena. É o que nos pode permitir ser autênticas. É o que nos pode permitir comunicar — fazer o comum, comungar. Se tal não for possível, que seja pelo menos possível existir, co-existir, sermos felizes rodeadas de todos os seres, humanos e não-humanos, animados e inanimados, que compõem os nossos mundos.

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