Características sutis de TEA em adultos

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O autismo se relaciona a comprometimento da interação social, desse comprometimento entende-se pouca ou distinta interação. Porém sabe-se que essa interação social pode ser quantitativamente igual a das pessoas típicas. No entanto, poderá ser desajeitada e/ou superficial.

Além da interação social, o autismo atinge a comunicação social, estruturação de pensamentos, a forma de receber as sensações (TEA associado a transtorno do processamento sensorial), a maneira de perceber e expressar emoções e traz consigo comportamentos repetitivos e interesses restritos/especiais (hiperfocos).

Dito isso, seguem algumas características na prática da vida adulta que podem ser associadas a hipótese diagnóstica de TEA. Lembrando que nem todos os autistas apresentam todas as características e dificuldades. Cada autista é único. E o espectro autista apresenta casos de demandas diferentes de suportes e intensidades diferentes de cada sinal de autismo em cada indivíduo.

Esse texto é direcionado a pessoas com cognitivo e fala ‘preservados’. Que chegaram a fase adulta sem diagnóstico de TEA e trouxeram consigo condições associadas como: ansiedade, déficit de atenção, hiperatividade, pensamento acelerado, episódios de depressão ou pânico, obsessões, compulsões, transtornos alimentares, tiques, insônia, etc.

Condições que não necessariamente são correlacionadas ao TEA. Porém podem acontecer como resultado de um esforço acumulado que o (cérebro) autista teve que fazer para atuar de forma pressionada (muitas vezes buscando funcionar como um indivíduo típico).

Existem muitas outras manifestações do espectro autista, segue uma amostra delas:

Desconforto exagerado quando há mudança do layout do ambiente de trabalho ou estudo (alteração de móveis, cores, etc).

Desconforto com imprevistos. Preferir ter o controle das situações.

Preferir ser ensinado de forma mais dinâmica com auxílio de pistas visuais, lista de tópicos. Não entender bem explicações monótonas e prolixas.

Ter interações sociais muito superficiais. Ter dificuldade de manter amizades.

Não conseguir se abrir para colegas. Apenas cumprimentar vizinhos por educação, não ter intimidade com eles.

Não gostar de receber visitas. Preferir estar em casa do que sozinho, na maioria das vezes.

Não ver necessidade de ter conversas sobre assuntos aleatórios. Em uma roda de conversa, muitas vezes se sentir deslocado. Ouvir mais, responder com sorrisos.

Usar a fala basicamente por necessidade, para fazer solicitações e se manter no estudo/trabalho.

As experiências amorosas foram/são complicadas pelo seu jeito de ser ou pela falta de entendimento da outra parte. Não se vê morando com alguém. Tem dificuldade em dividir seu universo particular.

Não consegue comer algo que não sabe como foi feito. Pode possuir cardápio alimentar muito restrito.

Se sente melhor frequentando sempre o mesmo estabelecimento, se sentando no mesmo lugar sempre que possível.

Pode ter dificuldade com controle financeiro e organização das tarefas de casa.

Possui humor diferente comparado ao das pessoas próximas. Não vê graça em situações que todos acham e sorri só em outras.

Gosta de usar as mesmas roupas. Prefere roupas confortáveis, não vê necessidade em seguir moda.

Tem coleções de objetos considerados atípicos ou coleções comuns. As mantém intactas, dá valor sentimental e não gosta nem de imaginar outra pessoa mexendo nelas.

Gosta de ouvir repetidamente a mesma música. Gosta de assistir filmes e séries repetidos. É prazeroso assistir algo repetido, traz conforto e segurança.

Esclarecendo que essas situações isoladas podem não significar nada. Mas se você se identifica com a maioria e sente que não pertence ao grupo de típicos, procure investigar o funcionamento do seu cérebro. Ele pode ser atípico.

Procure profissionais especializados para investigar a hipótese diagnóstica de TEA. O diagnóstico pode ser libertador. O autoconhecimento trará ganhos. O autoconhecimento e a autoaceitação farão com que você respeite seus limites emocionais e sensoriais. Você terá mais qualidade de vida. Celebre e respeite a neurodiversidade.

Por: Larissa Matos — Instagram: @lari.biel.autistas

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Blog colaborativo criado para mostrar a realidade das mulheres neurodiversas — escrito por nós mesmas! neurodiversas@gmail.com