Mulheres autistas: o que você sabe sobre elas?

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Saiba porque o Autismo em mulheres adultas ainda é quase um diagnóstico desconhecido para os especialistas brasileiros.

O mundo neurotípico é um lugar excludente para qualquer autista, e quando falamos do gênero feminino, isso aumenta substancialmente. Existe um drama por detrás do silêncio da mulher autista, e pouco se sabe e se estuda sobre como se apresentam ao mundo.

Muitas mulheres iniciam essa jornada de descoberta a partir da pesquisa na internet e se deparam com informações baseadas nos padrões de comportamento masculino e cheio de estereótipos, não encontrando respaldo suficiente para acreditar que podem estar dentro do TEA, por considerarem suas “possíveis diferenças” como algo longe de qualquer diagnóstico de autismo.

O olhar neurotípico sobre o TEA no feminino é excludente e parte de um único ponto de vista, o universo masculino. Desmistificar o assunto pode aumentar as possibilidades de mulheres serem diagnosticadas corretamente, e encontrarem respostas para uma vida inteira de traumas e inadequações sociais.

Segundo especialistas, mulheres autistas que não se enquadram no padrão severo do TEA são mais suscetíveis a se adaptarem a interações sociais. É quase uma imposição. Possivelmente, de alguma forma vão fazer, algumas a grandes custos.

Os ruídos na comunicação podem ser visíveis ou não. Na escola, podem se comportar como meninas aparentemente tímidas, que não conseguem responder a uma ofensa, ou a “garota estranha”, que não atende aos requisitos sociais de “modelo feminino de ser”.

Podem ser distraídas demais ou muito lentas, e camuflam hiperfocos em assuntos que podem não ser trens, carros, videogames, HQs ou super-heróis.

Mulheres autistas são mestres em usar máscaras sociais desde a infância. Conseguem sorrir de “orelha a orelha” e negar a completa insatisfação e incômodo que um ambiente cheio e barulhento pode fazer com sua estabilidade emocional, mas por pouco tempo.

A carga emocional e sensitiva, cheia de estímulos, é exposta de maneiras diversas, e sintomas recorrentes de mal estar, enjoo, dor de cabeça e choro compulsivo após esses encontros passam desapercebidos.

Os sintomas do TEA no feminino são, muitas vezes, negligenciados pelos profissionais da área, e até mesmo não visualizados como sintomas de uma sobrecarga sensorial.

Mulheres autistas convivem com essas sobrecargas diárias, e desconhecem o motivo pelo qual precisam se “reorganizar” faltando a aulas na escola ou ao trabalho, e até mesmo desistindo de cursos por não conseguir gerir muitas informações e estímulos ao mesmo tempo.

Não entendem porque preferem o silêncio e a quietude, ou não conseguem cumprir tarefas em casa ou no trabalho. Não diagnosticadas corretamente, aprendem a se culpar por não conseguir realizar coisas simples do cotidiano nas mais diversas áreas da vida.

A jornada da mulher autista não diagnosticada vem sendo vivida em silêncio. É o drama da mulher que sofreu abuso sexual, que muitas vezes não consegue perceber o assédio de um colega de trabalho, ou que não sabe administrar uma carreira, e tem crises por não suportar o excesso de estímulos no trabalho, aliado a uma ansiedade crônica.

É uma parcela “quase invisível” da população feminina que não recebe atendimento adequado de saúde, educação, entre muitos outros aspectos. Levar conhecimento sobre as pesquisas do TEA no feminino é, também, aumentar as chances de que muitas mulheres passem a ter uma vida mais saudável, com o colorido real de sua própria individualidade.

O mundo precisa enxergá-las de perto.

Autora: Renata Lima é professora, produtora de conteúdo educativo e leciona História para alunos do Ens. Fundamental e Médio. Insta: @renataslimma.

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Blog colaborativo criado para mostrar a realidade das mulheres neurodiversas — escrito por nós mesmas! neurodiversas@gmail.com