TDAH e disfunção executiva nos autistas
O dia mundial da conscientização do TDAH foi dia 13 de julho.
O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma das condições neuropsiquiátricas mais estudadas e ainda assim é pouco compreendida.
Muitas crianças e jovens são rotulados de mal educados, mimados e sem limites por não terem seus diagnósticos.
Sendo uma condição invisível, como o autismo, precisa ser percebida por famílias, escolas e profissionais interessados e atentos.
Além da falta de diagnóstico de alguns, há o entendimento errado de como o TDAH interefere na atenção e na atividade. Entende-se que a pessoa com TDAH não consegue se concentrar, porém esse transtorno compromete o recebimento de múltiplos estímulos e traz prejuízos não somente na atenção, mas na organização mental como um todo: memórias, planejamento, cumprimento das sequências das tarefas (simples e complexas).
O autista pode conseguir focar por muito tempo em algo que tem interesse e ter dificuldade em manter o foco em algo que é obrigado a fazer.
E sobre hiperatividade, enxerga-se somente a inquietação motora; porém ela pode se manifestar como impulsividade, impaciência, pensamentos ou fala excessivos etc.
A função executiva está ligada à capacidade de planejamento, organização e execução; por meio de habilidades tais como: gerenciamento de foco e tempo, controle de comportamentos inadequados etc.
Embora a disfunção executiva não esteja no DSM como um dos critérios de diagnóstico do TEA, é grande a quantidade de pesquisas que comprovam a associação com o autismo, assim como a associação do TDAH e o autismo.
Em cada autista esses transtornos/disfunções se manifestam em intensidades variadas.
Mesmo adultos que precisam de pouco apoio (grau 1 TEA), que conseguem contornar a inabilidade na comunicação social, podem ter um grau expressivo de dificuldades na função executiva.
Como o TDAH, a disfunção executiva as vezes é mal interpretada e vista como desleixo, preguiça, falta de higiene etc.
O passo a passo das tarefas pode ter etapas demais para uma mente atípica. Lembrando que essas disfunções não estão ligadas as inteligências.
O cérebro autista, com todas as questões sensoriais, padrões e rigidez de pensamento pode ficar mais confuso com os comprometimentos do TDAH e da disfunção executiva.
Isso traz dificuldades em atividades cotidianas geralmente executadas com facilidade pelas mentes típicas. Cumprir prazos de entrega de trabalhos nos estudos e no emprego. Ser produtivo em tal horário para entregar o que foi pedido.
Ir ao supermercado sem se sobrecarregar, sem fazer confusões, sem ter bloqueios ou sem esquecer itens. Ao enxergar e imaginar de forma diferente, o autista pode ter dificuldade de encontrar objetos. Há uma certa dificuldade para ver o todo e isso pode piorar com agitação/nervosismo.
Atividades rotineiras como arrumar a casa podem ser muito complexas para alguns autistas. Eles podem conseguir se relacionar afetivamente, ir bem nos estudos e precisar de apoio nas tarefas de limpeza da casa e higiene pessoal.
Respeitem, conheçam e compreendam as diferenças. O apoio mútuo é importante.
Por: Larissa Matos — Instagram: @lari.biel.autistas