Thor: Ragnarok consolida a nova estratégia de produção da Marvel

Vinicius Machado
SALA SETE
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3 min readOct 29, 2017

A demissão de Edgar Wright da direção de Homem-Formiga foi um marco para a Marvel Studios. Ali, ela deixava claro que não estava nem um pouco disposta a aceitar que cabeças criativas trabalhassem em cima de seus filmes. Arriscar era algo fora de cogitação. No entanto, conforme as discussões sobre saturação de formato foi crescendo, eles deixaram esse conceito de lado e decidiram apostar completamente em James Gunn com o segundo filme de Guardiões da Galáxia. O resultado foi um filme autoral e muito competente, que cumpriu as expectativas e abriu as brechas para que novos talentos surgissem à frente dos blockbusters de super-heróis, caso do neo-zelandês Taika Waititi.

Thor: Ragnarok é o terceiro filme da franquia e traz o Filho de Odin de volta a Asgard. Desta vez, ele precisa juntar forças para salvar a população de Hela, a Deusa da Morte e seu Ragnarok, evento que marca o apocalipse de Asgard.

Os dois primeiros filmes, apesar de divertidos, tinham um problema gravíssimo: Se levar a sério demais. Mesmo bem equilibrado entre o humor, romance e ação, seus tons épicos shakesperianos soavam totalmente desconexos com o universo Marvel. Tanto que isso foi muito bem explorado no primeiro Vingadores. Mas a verdade é que ninguém dava a mínima para o que estava acontecendo com Asgard e os nove reinos, muito menos para o romance entre Thor e Jane Foster, e isso fica muito claro neste terceiro filme, quando as resoluções dos filmes anteriores são feitas em poucos diálogos e completamente superficiais.

Com a autonomia concedida, o diretor evita fugir desse tom épico e coloca todas as suas características humorísticas em cena. O humor exagerado dá um toque quase satírico, mas em nenhum momento se mostra incômodo, pelo contrário, além de engraçado, serve como um refresco até na própria franquia. Além disso, por mais pastelão que seja, os momentos de tensão também se fazem presentes e não deixam o filme cair numa comédia desenfreada. Junta tudo isso com as cores oitentistas do filme e temos uma grande homenagem ao estilo de Jack Kirby, um dos grandes gênios que passou pelos quadrinhos da Marvel.

Jack Kirby, senhoras e senhores.

Aliás, são as cenas de ação que movem o filme. Todas são muito bem coreografadas e desenhadas para que tudo seja muito bem compreendido. Esqueça aquela câmera movimentada e CGI saltando aos olhos, dá para perceber tudo o que está acontecendo. Aliás, duas dessas sequências ainda vem acompanhadas da trilha de Immigrant Song, do Led Zeppelin. É pra arrepiar qualquer asgardiano.

O trabalho do elenco vem sem grandes novidades a não ser por Cate Blanchett, que impõe respeito sempre que está em cena. Sua vilã Hela apresenta uma postura ameaçadora, com certeza uma das grandes vilãs desse universo. Outro bom destaque é (sempre ele) Tom Hiddleston no papel de Loki, que rouba a cena sempre em que aparece.

Em tempos em que a fórmula é o ponto mais discutido em um filme de super-herói, Thor: Ragnarok praticamente consolida uma nova estratégia da Marvel Studios, que é dar autonomia a seus diretores. Se antes o maior problema era a falta de ousadia, Waititi ao menos tenta trazer algo novo sem manchar a essência do MCU e alcança o resultado que Guardiões 2 já havia conseguido: funcionar como um filme, sem se importar muito o que tá acontecendo ali na terra. Dado esse primeiro passo, o resto é só diversão e entretenimento.

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Vinicius Machado
SALA SETE

Jornalista, cinéfilo, fanático por Star Wars e editor do blog Sala Sete. Escreve sobre filmes e não dispensa uma boa conversa sobre o assunto.