Tempo é resistência
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Uma sensação que não diminuí é a de percepção de aumento da velocidade do tempo. É uma noção que permeia acontecimentos de toda natureza e relações, amizades íntimas, família, colegas de trabalho, prazos e processos de projetos de trabalho. E no meu ponto de vista, essa sensação de compressão do tempo, escancara a conexão entre a existência e a passagem do tempo. Estudando um pouco mais sobre esse ritmo de aceleração do tempo, entendi repensar a nossa relação com o tempo é uma condição importante para decifrar a sociedade contemporânea. Não por acaso, um dos objetos responsáveis por transformar a nossa relação com o tempo/ espaço de acordo com Harmut Rosa, filósofo alemão, é (o meu, o seu, o vosso) smartphone.
Se antes a gente precisava do dedo inteiro para selecionar e discar o número, hoje a gente só precisa da ponta dos dedos e do celular para: ligar para qualquer lugar do mundo, para comprar uma passagem, selecionar uma casa para as férias, postar uma foto no instagram, alugar um filme, investir dinheiro, transferir dinheiro, ouvir uma música. E o que vem estruturando e criando novas lógicas de vivências temporais é justamente nossa relação de mutualidade com a tecnologia e aparatos tecnológicos. Essa livre interação com a tecnologia é capaz de moldar novas experiências de vida e narrativas de tempo, e ainda, num olhar mais potente, transformar a nossa forma de agir ( e existir ) nesse mundo.
É evidente que vivemos de forma mais acelerada ou até numa crise de distâncias, já que presenciamos múltiplas temporalidades sem nos deslocarmos. Nesse contexto de total convergência e de ininterruptas interconexões, vivendo grandes proporções de horas do dia preenchidas com tecnologia e principalmente com smartphones, será que não seria necessário atualizar nosso vocabulário e pensar sobre o que significa (e como queremos significar) a noção de longe e perto? Imediato e lento? Presença e ausência? Presente e futuro?
01 pseudo presença — de Ernst Wolfgang, físico e cientista brasileiro e em seu trabalho ele discorre sobre a imaterialidade das narrativas temporais: “a internet, em particular, produziu um mercado de compactação espacial e temporal extremo por um sentido perpétuo de deslocamento que dá origem a novas formas de experiência e pseudo-presença.”
02 Intra-ação — Um conceito de Karen Barad, filósofa e feminista que vem avançando no que denominam de “Novo Materialismo”, uma corrente que amplia a discussão sobre materialidade. Um conceito super amplo e complexo e bem traduzido neste vídeo rápido!
03 homo cellullaris — Umberto Eco, filósofo, semiólogo, italiano e sabido, chama atenção para homo cellullaris como evolução dos homo sapiens. Para o autor essa “nova espécie” desafia o homo consciens pois a perda da solidão que coexiste com a reflexão silenciosa perde-se. E lembra que, nem sempre transformação é emancipação.
Low Tech Mag — uma revista / quase manifesto que promove sua própria energia solar, traz reportagens que nos ajudam a pensar o progresso tecnológico de maneira sustentável.
Karen Hao, minha jornalista favorita no assunto inteligência artificial e humanidade, fala sobre como os pesquisadores de inteligência artificial querem estudar a IA da mesma forma que cientistas sociais estudam humanos, originando um novo campo, denominado machine behaviour.
Documentário da Jane Goddall, mãe dos Chipanzés é uma obra prima também uma aula sobre etnografia, sobre ser uma pesquisadora.
Boa semana e
Até a próxima,
Luiza Futuro