Madrugada estranha
Que madrugada estranha. Fazia tempo que eu não conseguia dormir “cedo”. Mesmo parado eu fico aqui viajando em pensamentos que me levam de volta para Niterói. É um turbilhão de pensamentos, uma tempestade de sentimentos. Saudade… nenhum dicionário jamais conseguirá descrever o significado dessa palavra. Saudade é tudo aquilo que eu deixei lá no Rio de Janeiro, tudo o que eu vivi, tudo o que eu não tive a oportunidade de viver, ou não tive a coragem. É aquilo que me queima de dentro pra fora, me fazendo pensar: e se eu tivesse feito aquilo? Eu não fiz. Mesmo sabendo que as coisas aconteceram da maneira que deveriam acontecer, eu queria poder voltar no passado e fazer tudo diferente.
Eu queria ter gastado menos tempo vivendo uma ilusão. Eu me enganei. Eu me esforcei pra minha mente pensar que estava tudo bem. Eu me matei pensando que precisava estar ao lado de alguém para ser feliz. Sim, eu sei que tudo o que acontece tem um porquê. Mas para que? Eu teria me poupado de tanta coisa. Eu teria me privado menos de viver mais coisas. Eu já sabia que aquilo tudo estava predestinado a ter um fim próximo, mas eu enrolei, eu me enrolei na ilusão de que as coisas não dariam certo se eu estivesse sozinho. E você também. Dois idiotas.
Agora eu to bem, eu já superei e nunca estive tão feliz. Mas eu queria estar assim lá no Rio. Não que tenha sido péssimo, eu tenho memórias maravilhosas de lá. Mas eu teria conhecido mais gente. Eu poderia ir nas festas que você não gostava que eu fosse. Eu aproveitaria mais o tempo com os meus amigos. Eu faria tudo diferente. Agora já passou.
É claro que teve amor, mas esse amor tinha mudado de atmosfera e eu não queria aceitar.
Eu sou muito grato, se não fosse você, eu não teria ido para o Rio e vivido tudo o que vivi, memórias tão lindas e perfeitas que guardo com muito carinho. Até mesmo as que tem você. Agora eu entendo o que são pessoas passageiras.
