Conexão Arco-íris

(Foto da cena do Filme: Salir del ropero)

Estava em minha cama.

Era um domingo, a madrugada anunciava 1 hora, meus dedos deslizavam sobre a tela do meu celular aberto em um Streaming à procura de um filme, meu hobby predileto dos últimos meses aos finais de semana. Tão bom assistir a um enredo no conforto dos lençóis…

Enquanto meus dedos passeavam pela suave textura da tela, minha mente consciente se desligou, e na vastidão oceânica do meu inconsciente, senti uma agitação no mar das ideias que lá habitam.

Vagas ondas eletromagnéticas. Procuravam por algo?

Havia passado as duas últimas semanas pensando sobre o tema que propus a desenvolver: o mar e um arco-íris.

Nada!

Nem um pingo, um lampejo sequer de ideia sobre que rumo tomar, e o pior disso tudo era sentir como se a fonte de água por onde as ideias jorram tivesse secado.

Nessas horas penso que o inconsciente é uma mar que ora preenche, ora esvazia, no ritmo das marés, que carregam ondas imensas que se esparramam na areia da praia pela manhã e, à tardinha, o mar as recolhe deixando a praia nua, para vesti-la com lindas ondas novamente ao amanhecer.

Continuava tateando a tela do celular ao mesmo tempo em que pensava na imensidão de coisas que poderiam ser ditas sobre o mar, onde o arco-íris seria uma ode ao texto.

Escolhi finalmente um filme. Uma comédia dramática em que duas mulheres na casa dos setenta anos decidem assumir sua homossexualidade.

Gosto de vários estilos de filmes e aqueles cuja temática questionam as regras delimitadas pela sociedade normalmente me encantam.

Acomodei as costas no travesseiro, dobrei os joelhos sobre a cama, apoiei meus antebraços e segurei o celular, enquanto preparava meus olhos para receberem os pixels das imagens na tela e serem seduzidos pela história e paisagens.

O filme se passa nas Ilhas Canárias, na Espanha, onde os cenários de lindas praias e o branco estonteante da arquitetura de um casarão e seus arredores com o mar como pano de fundo se revezam durante todo o enredo.

Foi então que se deu a magia da conexão.

Minha mente acendeu uma luz e eu quase dei um pulo na cama quando, aos quase dez minutos do início do filme, lá estava meu mar e um lindo arco-íris.

A cena é rodada em uma praia, a neta questiona a avó sobre sua decisão de assumir seu relacionamento homoafetivo com uma grande amiga em uma pequena e retrógrada cidade à beira-mar. Caminham de braços dados. E de repente, um diálogo aleatório salta da cena: Ei, olhe! Um arco-íris, diz a avó para a neta. E a câmera desvia para o arco-íris no mar!

Sim, o arco-íris é o símbolo do orgulho LGBT e ele estava ali, na tela do meu celular. No mar!

Como minha mente me trouxe até aqui, se eu nem sabia que o filme teria como cenário as praias das Ilhas Canárias? E muito menos que haveria um arco-íris? Pensei, enquanto a cena continuava.

Foi difícil desviar o pensamento da cena do arco-íris durante toda a história.

Enquanto assistia ao filme, meus neurônios formigavam e eu só conseguia pensar em como as coisas se conectam o tempo todo de forma tão sutil, quase imperceptível.

Eu havia me conectado com o mar, o arco-íris e com minha história dentro de um filme!

Foi um filme com um final feliz e era tudo o que eu queria, extasiada que estava por ter sido levada à minha escrita pelas lentes da sétima arte!

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