Eu posso escrever?

Eu não li os clássicos, mas eu fiz um curso rápido de escrita criativa, tá liberado escrever?

Quando eu descobri o Medium fiquei empolgado, uma plataforma de criação de conteúdo que parece simplificar as coisas — o editor de texto é simples de usar, a audiência tá ali, publicar parece tão fácil...

Mas eu sinto que desde então, eu tenho tentado publicar algo aqui e não consigo. Porque eu não sei se eu posso. Eu tenho lido bastante aqui, mas eu sinto falta também de estar do outro lado, do lado que cria o conteúdo. O Medium permite essa transição de um lado para o outro facilmente, é verdade, qualquer um pode escrever aqui, mas pode mesmo?

Escrever parece tão simples, mas só parece. É um processo alquímico, você tem de misturar os ingredientes certos, em doses ponderadas e criar um produto único, seu, com sua assinatura, que seja relevante para as pessoas e mais que isso, que as toque, que lhes sirva para algo, de outro modo são só amontoados de palavras.

Até agora pode lhe parecer um grande mimimi — e talvez seja, mas vou escrever até o final pra tentar mudar isso, tá? — mas eu escrevo isso na tentativa de exorcizar alguns dos demônios que me impedem de escrever. Aquela boa e velha máxima, “Só vai lá e faz”, sabe como que é.

Sempre que eu sento pra escrever minhas certezas desaparecem e eu me encho de perguntas. Acho que em algum momento eu deixei de acreditar que a escrita podia só acontecer, e fiquei preocupado com a forma, com o que os outros iam achar, de expor minha inaptidão para os amigos mais experientes, jornalistas, escritores, criadores… Mas pior ainda, eu tenho um grande crítico dentro de mim. Que me fala que é pouco o que eu tenho a oferecer, que esse texto é bobo, que tem coisa muito mais importante acontecendo, textos muito melhores sendo escritos.

E é verdade, talvez eu não tenha as credenciais para escrever, mas eu não vou mais deixar isso me impedir. Eu vou começar aqui, com esse texto bobo mesmo, porque é o que eu posso fazer agora. E vou construir a partir daí, vou usar o meu crítico interno para me alimentar, para me mostrar que eu posso sempre fazer melhor.

Um professor uma vez me disse que um criador nunca pode ficar muito apaixonado por sua criação, tem sempre que existir aquele incomodo, aquela vontade de se superar, de fazer melhor.

E se lá em cima eu comparei escrever com alquimia, eu não posso deixar de lembrar do Jorge Ben Jor, inaugurando esse meu espaço aqui no Medium com promessa de mais, e dizer que os alquimistas estão chegando!