Os 5 tipos de Síndrome do Impostor e como vencê-los

Lari Carlotti
Nisia
Published in
9 min readJan 8, 2020

Há mais de uma maneira de se sentir uma fraude. Aqui está o que é preciso para superar as mais comuns.

Créditos da Imagem: Supriya Bhonsle, Mixkit.co

Você já ouviu de muitas pessoas que é inteligente, talentosa e boa no que faz — então por que é tão difícil acreditar?

Muitos empreendedores, cientistas e pessoas brilhantes compartilham um pequeno segredinho: no fundo, eles se sentem fraudes completas — suas realizações são o resultado de sorte, destino ou coisa do tipo.

“[eu costumava] acordar de manhã antes de uma gravação, e pensar, eu não consigo fazer isso; eu sou uma fraude.” — Kate Winslet

Créditos da Imagem: Kate Winslet (esquerda) e Meryl Streep (direita) em festa de celebração do Oscar 2009.

“Você pensa ‘Por que alguém iria querer me ver de novo em um filme? E de qualquer forma eu não sei atuar, então por que eu estou fazendo isso?’” — Meryl Streep

Esse fenômeno psicológico, conhecido como síndrome do impostor, reflete a crença de que você é uma falha inadequada e incompetente, apesar das evidências reais que indicam que você é uma pessoa habilidosa e bem-sucedida.

Vou te contar por experiência própria — a síndrome do impostor é real. É uma coisa viva e pulsante que já me custou muitas oportunidades e provavelmente está custando muito para você também.

O Que é a Síndrome do Impostor?

“Eu não deveria estar aqui. Uma hora eles vão perceber que eu não sei o que estou fazendo…”

Créditos da Imagem: Rede Nísia.

Em suma, é uma bagunça quente de pensamentos destrutivos que pode assumir várias formas, dependendo do histórico, da personalidade e das circunstâncias de uma pessoa. Se você está familiarizada com o sentimento de esperar que as pessoas ao seu redor “descubram você como fraude”, pode ser útil considerar que tipo de impostora você é para poder resolver os problemas de forma correta.

Créditos da Imagem: TED Archive, YouTube.

A especialista Valerie Young classificou a crise em 5 grupos:

  1. A perfeccionista
  2. A Mulher Maravilha
  3. A gênia natural
  4. A solitária
  5. A especialista

Em seu livro "Os pensamentos secretos das mulheres de sucesso: Assuma os méritos de sua vida profissional e usufrua sem culpa de suas conquistas", Young se baseia em décadas de pesquisa e estudo dos sentimentos fraudulentos entre as mulheres que atingem altos resultados na vida.

Através da sua pesquisa pessoal, Valerie descobriu alguns tipos de competência— ou regras internas que as pessoas que lutam com autoconfiança tentam seguir. Essa categorização costuma ser negligenciada na conversa, mas sua leitura pode ser realmente útil para identificar padrões de comportamento ruins que podem estar te impedindo de atingir seu pleno potencial. São elas:

Impostora #1: A Perfeccionista

O perfeccionismo e a síndrome do impostor geralmente andam de mãos dadas. Pense nisso: os perfeccionistas estabelecem objetivos excessivamente altos para si mesmos e, quando não conseguem atingir um objetivo, experimentam grandes dúvidas e se preocupam com o julgamento. Quer eles percebam ou não, esse grupo também pode ser maníaco por controle, sentindo que, se eles querem algo bem feito, eles têm que fazer isso sozinhos.

Não tem certeza se isso se aplica a você? Faça a si mesma essas perguntas:

  1. Você já foi acusada de ficar micro-gerenciando algo?
  2. Você sente dificuldade em delegar tarefas?
  3. Mesmo quando você é capaz de realizar um trabalho, se sente frustrada e decepcionada com os resultados?
  4. Quando você erra uma coisa (insanamente difícil), se acusa de não "ter sido feita" para o seu trabalho e fica remoendo isso por dias?
  5. Você acha que seu trabalho deve ser 100% perfeito, 100% do tempo?

Para esse tipo de sentimento impostor, o sucesso raramente é satisfatório, porque essas pessoas acreditam que poderiam ter feito mais e melhor. Mas isso não é produtivo nem saudável. Possuir e celebrar conquistas é essencial se você deseja evitar o cansaço, encontrar satisfação e cultivar a autoconfiança.

Para enfrentar a sua perfeccionista interior, aprenda a aceitar seus erros com calma, vendo-os como parte natural do processo. Além disso, esforce-se para agir antes de estar pronto. Force-se a iniciar o projeto que planeja há meses. A verdade é que nunca haverá o “momento perfeito” e seu trabalho nunca será 100% perfeito. Quanto mais cedo você aceitar isso, melhor será.

Impostora #2: Mulher Maravilha/ Super-Homem

Como as pessoas que experimentam esse fenômeno estão convencidas de que são falsas entre colegas de trabalho, muitas vezes se forçam a trabalhar cada vez mais e mais para se comparar a colegas. Mas isso é apenas um falso encobrimento de suas inseguranças, e a sobrecarga de trabalho pode prejudicar não apenas sua saúde mental, mas também seus relacionamentos com os outros.

Não tem certeza se isso se aplica a você? Faça a si mesma essas perguntas:

  1. Você sempre fica até mais tarde no escritório do que o resto da sua equipe, mesmo depois de ter concluído o trabalho necessário daquele dia?
  2. Você fica estressada quando não está trabalhando e acha que está perdendo tempo com o ócio?
  3. Você sacrificou seus hobbies e paixões por conta do trabalho?
  4. Você sente que realmente não conquistou seus sucessos (apesar de diversos certificados e resultados), e por isso se sente pressionada a trabalhar mais que os outros para provar seu valor?

Os workaholics da síndrome do impostor são realmente viciados na validação que vem do trabalho, não no trabalho em si. Comece a se treinar para não precisar da validação externa. Ninguém deve ter mais poder de fazer você se sentir bem consigo mesma do que você — até mesmo seu chefe. Por outro lado, aprenda a levar as críticas construtivas com leveza, e não como um ataque pessoal.

À medida que você se torna mais sintonizada com a validação interna e consegue acreditar que é competente e habilidosa, poderá diminuir o ritmo ao avaliar a quantidade de trabalho razoável por dia.

Créditos da Imagem: Supriya Bhonsle, Mixkit.co

Impostora #3: A Gênia / O Gênio Natural

Young diz que pessoas com esse tipo de competência acreditam que precisam ser um “gênio” natural. Assim, julgam a facilidade e a velocidade com base em suas competências em oposição aos seus esforços. Em outras palavras, se elas demoram muito para dominar algo, sentem vergonha.

Esses tipos de impostores colocam sua barra interna lá em cima, assim como os perfeccionistas. Mas os tipos de gênios naturais não se julgam somente com base em expectativas ridículas, mas também com base em acertar as coisas na primeira tentativa. Quando eles não conseguem fazer algo de forma rápida ou fluente, o alarme soa.

Não tem certeza se isso se aplica a você? Faça a si mesma essas perguntas:

  1. Você está acostumada a se destacar sem muito esforço?
  2. Você tem um histórico de obter as melhores notas em tudo o que faz?
  3. Te disseram com frequência quando era criança que era "a inteligente" da família ou do grupo de amigos?
  4. Você não gosta de ideia de ter uma mentora pois pode lidar com as coisas sozinha?
  5. Quando se depara com uma situação adversa, sua confiança diminui por ter falhado?
  6. Você costuma evitar desafios porque não se sente confortável em tentar algo que não domina?

Para superar isso, tente se ver como um trabalho em andamento e passe a aproveitar o processo. Realizar grandes coisas envolve aprendizado ao longo da vida e desenvolvimento de habilidades — para todos, até para as pessoas mais confiantes. Em vez de se estressar quando não atingir seus padrões impossivelmente altos, identifique comportamentos específicos e mutáveis ​​que podem ser melhorados com o tempo.

Por exemplo, se você deseja ter mais impacto no trabalho, é muito mais produtivo se concentrar em aprimorar suas habilidades de apresentação do que se recusar a falar em reuniões como algo em que “simplesmente não é boa”.

Créditos da Imagem: Supriya Bhonsle, Mixkit.co

Impostora #4: A Solitária/ O Solitário

As pessoas que sofrem na hora de pedir ajuda, como se isso revelasse suas falsidades, são o que Young chama de solitários. Não há problema algum em ser independente, mas não na medida em que você recusa a assistência dos outros para provar seu valor.

Não tem certeza se isso se aplica a você? Faça a si mesma essas perguntas:

  1. Você sente que precisa realizar as coisas sozinha?
  2. "Não preciso da ajuda de ninguém" é uma frase que soa como você?
  3. Você enquadra pedidos em termos dos requisitos do projeto, e não de suas necessidades individuais?

Para superar isso, entenda que pedir ajuda não te torna mais fraca ou dependente de alguém. Todos precisam de ajuda para resolver conflitos, e aprender a trabalhar em equipe sem o medo de perder os holofotes é o que irá te ajudar a bater metas do trabalho, além de melhorar relacionamentos com colegas — algo que pode te ajudar a descolar a promoção que tanto quer.

Impostora #5: A Especialista/ O Especialista

Os especialistas medem seu desempenho com base em “o que” e “quanto” eles sabem ou podem fazer. Acreditando que nunca saberão o suficiente, eles temem ser expostos como inexperientes ou incapazes. Esse tipo é bem comum dentro de áreas de tecnologia, especialmente em pessoas mais novas e mulheres.

Não tem certeza se isso se aplica a você? Faça a si mesma essas perguntas:

  1. Você evita se candidatar a ofertas de emprego a menos que atenda a todos os requisitos educacionais e de habilidade?
  2. Você procura constantemente novos treinamentos ou certificações porque acha que precisa melhorar suas habilidades para ser bem-sucedida?
  3. Mesmo se você estiver trabalhando na mesma vaga há algum tempo, você sente como se ainda não soubesse "o suficiente"?

Você se enxergou no tipo da/do Especialista?

É verdade que sempre há mais para aprender. Se esforçar para aumentar o seu conjunto de habilidades certamente pode te ajudar a progredir profissionalmente e se manter competitiva no mercado de trabalho. Mas, longe demais, a tendência de buscar infinitamente mais informações pode ser uma nova forma de procrastinação. Comece a praticar o que já aprendeu. Isso significa adquirir uma habilidade quando você precisar — por exemplo, se suas responsabilidades mudarem — ao invés de acumular conhecimento para (um falso) conforto.

Perceba que não há vergonha em pedir ajuda quando você precisar. Se você não sabe fazer algo, pergunte a um colega de trabalho. Se você não conseguir descobrir como resolver um problema, procure orientação de uma amiga, supervisora ou mesmo de uma mentora de carreira.

"Na rede Nísia, temos mentoras de diferentes áreas. São mulheres que querem ajudar meninas mais jovens a encontrarem seus caminhos nas áreas de ciência e tecnologia. Para se cadastrar como mentora da rede ou estudante, entre no site de Nísia na aba de contato."

A mentoria de colegas juniores ou voluntariado pode ser uma ótima maneira de descobrir sua especialista interna. Quando você compartilha o que sabe, isso não apenas beneficia os outros, mas também ajuda a curar seus próprios sentimentos fraudulentos.

Não importa muito com qual perfil específico você se identificou. Se você luta com confiança, está longe de estar sozinha. Para te dar um exemplo, existem estudos que sugerem que 70% das pessoas experimentam a síndrome do impostor em algum momento de sua carreira.

A COO do Facebook, Sheryl Sandberg, disse: “Ainda há dias em que acordo me sentindo uma fraude”. Créditos da Imagem: Reuters.

Se você já experimentou a Crise em algum momento da sua carreira, atribuiu suas realizações ao acaso, charme, sorte, destino, conexões ou algum outro fator externo. Quão injusto é isso consigo mesma? Tome hoje como sua oportunidade de começar a aceitar seu sucesso e usar seus recursos para fortalecer sua autoconfiança.

E aí. Como você planeja desarmar sua síndrome de impostor na próxima vez que ela aparecer?

Obrigada :)

Créditos da Imagem: Medium.com

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