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Nitro
Nitro - Histórias Visuais
8 min readMay 2, 2015

Por Julio Boaventura Jr e Manuela Rodrigues

A Nitro surge em Belo Horizonte no ano de 2003 como uma agência clássica de fotografia. Ao longo do tempo eles descobriram a vocação que tinham para contadores de histórias.

Atualmente é formada pelos fotógrafos Marcus Desimoni, Bruno Magalhães, Leo Drumond, João Marcos Rosa e o jornalista Gustavo Nolasco. Para contar um pouco sobre como tudo começou, processo de criação, valores e o que querem daqui pra frente, ninguém melhor do que seus cinco integrantes.

Marcus Desimoni, Bruno Magalhães, Gustavo Nolasco, João Marcos Rosa e Leo Drumond.

“No início, sempre conversamos sobre a Nitro ser um projeto de vida. A vontade sempre foi de construir uma história, um porto seguro. E com o passar do tempo começamos a acreditar que era possível.” Bruno Magalhães

“Quando começamos, o que nos movia era a vontade comum de viver de fotografia.” Marcus Desimoni

[Gustavo Nolasco] Tudo começou com o Bruno e o Marcus, depois o Leo entrou e na sequência o João. A entrada do João foi muito simbólica, apesar de ninguém saber disso na época. Eu só fui fazer parte da agência em 2012.

[Leo Drumond] Eu já conhecia o Bruno há muito tempo e fui reencontrá-lo em uma palestra sobre fotografia junto com o Marcus. Na época, eu já fazia muitos trabalhos frilas e estava querendo um espaço para trabalhar. Foi então que o Bruno e o Marcus me disseram que tinham acabado de montar um. Como estava bem no início e rolou uma afinidade entre a gente, fui trabalhar com eles. Na época chamava Agência Imagem, mas quando entrei propus o nome Nitro e oficializamos a parceria no dia 1º de Janeiro de 2003. Cada um colocou 300 reais, e esse foi o capital inicial do negócio [risos].

[Marcus Desimoni] No início fazíamos de tudo um pouco, eventos sociais, festa de 15 anos, casamento e o Leo e o Bruno ainda tinham empregos paralelos. Aos poucos conseguimos alguns clientes mais fixos. Quando compramos um scanner, conseguimos entrar mais no mercado editorial, pois conseguíamos transferir as fotos com mais agilidade que outros veículos. Pouco a pouco focamos também para esse lado de hard news.

Marcus Desimoni no projeto Moradores.

[Leo Drumond] Antes mesmo de ser sócio da Nitro, o João nos convidou para fazer um projeto chamado Fotos de Família com ele. É um trabalho que temos muito carinho e que deu nossa cara de contadores de história. Era uma contrapartida social da Cemig (estatal de energia elétrica de Minas Gerais) para fazer uma barragem. Fomos contratados para contar as histórias daquele lugar que ia desaparecer.

[Gustavo Nolasco] A proposta era ir para dentro das casas das pessoas que seriam atingidas pela barragem, para conversar e fotografar o que elas gostariam de guardar como lembrança. Esse projeto marcou muito os quatro fotógrafos e foi quando a Nitro se transformou. Desde então, isso norteou o nosso trabalho.

[João Marcos Rosa] Na época eu estava me mudando de São Paulo para Belo Horizonte. Eu já conhecia o Leo e como ele estava na Nitro, chamei também o Marcus e o Bruno para fazer o Fotos de Família comigo. E um ano depois, quando terminamos o projeto, eles me convidaram para fazer parte da Nitro.

[Bruno Magalhães] Nesse projeto conseguimos equilibrar o trabalho comercial com uma parte mais autoral e livre em paralelo. O João defendeu desde o início que a gente deveria focar no fotodocumentarismo e esquecer as outras áreas. E desde então essa foi a nossa bandeira.

[Marcus Desimoni]Apesar de trabalhar anos como uma agência de fotografia, não sabíamos que na verdade éramos uma agência de contadores de histórias visuais.

[Gustavo Nolasco] Além disso, em Minas Gerais a figura do contador de histórias é muito presente e característica, chega a ser até profissão.

Gustavo Nolasco no projeto Região do Queijo da Canastra

[Leo Drumond] Outro ponto importante para a Nitro foi a entrada do Gustavo Nolasco. Eu já o conhecia da época que trabalhei em jornal, mas fomos nos aproximar, criar uma amizade e uma afinidade profissional durante uma campanha política em 2006. Ele era o coordenador do comitê e eu um dos fotógrafos. Em 2007 ele me apresentou o projeto Os Chicos e entrei de cabeça.

Pra começar o projeto, fizemos uma “malandragem do bem”. Como eu tinha a grana pra fazer o Beira de Estrada, levei o Gustavo em uma das viagens, e enquanto eu fazia o meu projeto, também fizemos o piloto de Os Chicos. Com esse piloto, conseguimos captar em 2009 o dinheiro para o restante das viagens. Esse projeto foi feito antes do Gustavo entrar oficialmente para Nitro.

Em outubro de 2011 lançamos os dois livros de Os Chicos, e foi um sucesso. Quando ganhamos o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Fotografia, a repercussão foi maior ainda. E inevitavelmente isso foi um estímulo para ele fazer parte da Nitro.

[Marcus Desimoni] Quando Os Chicos ficou pronto, surgiu a ideia de convidar o Gustavo para entrar na Nitro como sócio. Na época até chamamos um consultor para avaliar o caso e concluímos que seria muito bom, sobretudo na parte de desenvolvimento projetos, para amarrar as ideias e conceitos que queríamos propor.

[Gustavo Nolasco] Desde que entrei na Nitro acabo exercendo esse papel de conceituar e criar a defesa dos projetos. Mas na maioria das vezes não sou eu que dou o conceito, quem teve a ideia geralmente já tem a defesa. Eu só ajudo a organizar isso com palavras.

Bruno Magalhães, Gustavo Nolasco e Alexandre C. Mota no projeto Região do Queijo da Canastra.

[Gustavo Nolasco] Apenas quando entrei na Nitro é que fui entender o processo de criação deles. Qualquer ideia que surge é levada para uma reunião em volta da grande mesa que temos na sede. Até apelidamos essa mesa de “liquidificador de ideias”. Então, a partir disso começamos a desenvolvê-las. Pode ser que vire o projeto do ano, mas pode não virar nada.

Como temos formações muito diferentes, cada uma traz uma referência nova. Temos dois jornalistas, eu e o João. O Leo é designer, o Bruno é engenheiro, mas com formação de cinema e ainda tem o Marcus que tem uma formação mais no fotojornalismo.

[Leo Drumond] É muito difícil realizar um projeto com os cinco integrantes juntos. Além do fluxo de trabalho dentro da Nitro, as relações acabam acontecendo por afinidade e não tem ciúme. A gente sabe o que é o perfil de cada um.

No entanto, todo mundo opina, por mais que algum projeto pertença a alguém especificamente. A abertura é muito grande. E o que faz a Nitro ser o que ela é hoje é exatamente essa liberdade que temos lá dentro. Esse desprendimento de chegar com o projeto e discutir com todo mundo.

O selo Nitro está por trás de cada clique. Ou seja, antes de clicar você sentou na mesa, discutiu com todo mundo e todos opinaram. Ou então, alguém trouxe o clique, colocou nessa mesa e todos opinaram. Ou ainda, esse clique virou lixo e gerou um novo clique. Todo esse processo de discussão e de criação conjunta tem um dedo da Nitro, dos cinco. E esse é o nosso processo.

Leo Drumond no workshop ND.

[Leo Drumond] Com tudo isso, aos poucos perdemos o pudor de produzir vídeos e fazer foto-livros, por exemplo. São todas ferramentas para se contar uma história.

[Bruno Magalhães] Não queremos mudar a fotografia e sim colocá-la a serviço de tudo, esse é o nosso desafio. Tentamos romper o limite da fotografia como instrumento, para valorizar outras formas de narrativa.

“Nosso negócio é ir além da fotografia. Somos antropólogos visuais”.
Gustavo Nolasco

[Marcus Desimoni] Temos a sensibilidade de ir a um lugar, escutar histórias e transformar aquela bagagem em conteúdo visual. Por isso gosto de dizer que somos exploradores, descobrimos as histórias e vamos a campo para depois contá-las em uma sequência de imagens carregadas de significado, com começo, meio e fim.

[Leo Drumond] Somos autênticos, estamos sempre buscando um olhar original para comunicar e levar essas histórias para o máximo possível de pessoas.

[Gustavo Nolasco] Nossa paixão é buscar uma forma de ver a vida cotidiana e valorizar a história das pessoas, de gente de verdade. Por isso somos próximos, acessíveis e fáceis de lidar. Para nós é muito importante contar as histórias de dentro pra fora, e nesse processo a imersão é fundamental.

[João Marcos Rosa] E com toda essa bagagem e valores que acumulamos, hoje somos capazes de contar não só histórias próprias, mas também para empresas, instituições, agências de comunicação, mercado editorial e governo. Somos criteriosos, nos envolvemos e não deixamos ninguém na mão.

Leo Drumond e Natália Martino no projeto A Estrela.

[João Marcos Rosa] É bom olhar para trás e perceber tudo o que construimos até aqui. Somos 5 pessoas com cabeças diferentes com uma harmonia de convivência incrível. Além disso, hoje temos a capacidade de desenvolver trabalhos individuais, coletivos e até com parceiros externos.

[Bruno Magalhães] Sempre sonhamos em ter uma estrutura moldável, que nos possibilitasse trabalhar com várias pessoas. Uma vontade de estar envolvido com mais gente e criando junto. Claro que isso também é uma grande responsabilidade. Acredito que o principal é conseguir manter esse bom clima, a confiança e o respeito de todos que passam por aqui.

[Gustavo Nolasco] Solucionar um problema com conteúdo, com histórias visuais, é o que a Nitro sabe fazer. A gente não é mais só uma agência de fotografia. O cliente traz o problema, sem se preocupar com a plataforma e a gente oferece uma solução. Esse é o objetivo do trabalho nessa nova fase.

Sentados no chão: Marcus Desimoni, Gustavo Nolasco, Leo Drumond, João Marcos Rosa e Bruno Magalhães.

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