Nós
E esse meu ‘eu’,
Que são, na verdade,
Plurais, diversos em um só
Muitos, que bailam entre si
Que falam de liberdade
Outros que escutam o silêncio
Que aparecem com um copo de vinho
Ou à luz das estrelas que molha o mar
Que reagem naquela tarde de sol-fogo
Que gritam pela beleza de um entardecer
Que são noite
Outros, manhã
Que são desejo e ternura
E fé e vertigem
E outras tantas binaridades
Assimétricas
Imperfeitas
Inconstantes e múltiplas
Aquele que é amarelo,
Mas são também azuis e verdes
Vermelhos e brancos
É água e terra
É o ir e o vir
A saudade e o querer voar
São muitas partes do mesmo
São vários de um só
Mas que em sua composição
O corpo é música
Que canta em distintas oitavas
Uma mesma verdade entre todos:
Eles amam, nós somos amor.