O presente do hoje

Laura Barcelos
No mundo de Laura
Published in
3 min readApr 20, 2017

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Hoje, agora, quantas coisas você está fazendo ao mesmo tempo? Algumas várias pelo menos, não é? Sim, todos nós, ou muitos de nós fazemos isso. E a questão que fica desse monte de coisas que fazemos é: estamos realmente fazendo algo?

Estamos prestando atenção e nos dedicando para isso? Pode se poupar o trabalho de responder, eu faço isso por ti. Não, na verdade na ilusão de fazer muito, estamos é fazendo nada.

Explico. Em um só momento que nos empenhamos em fazer várias coisas como responder uma mensagem, escrever um texto, preencher aquela planilha e pesquisar cores para a parede da sala, estamos deixando de fazer cada uma dessas coisas. Deixamos de nos dedicar à aquela resposta, deixamos de nos doar para o texto, ignoramos o detalhe na planilha, escolhemos qualquer cor pra sala, ignorando que laranja-abóbora não vai combinar com a manta azul do sofá.

Deixamos de observar o momento, de respeitar nosso tempo, nosso campo de possibilidades sobre uma ideia, um pensamento. Deixamos de viver o real, o agora, o presente, que não tem esse nome à toa.

Também não é à toa a etimologia de ‘presente’, que em sua sabedoria significa ‘o que está ao alcance’. Convenhamos, fazer mil coisas ao mesmo tempo não está ao nosso alcance, e distanciamos cada uma delas de nós quando não nos dedicamos exclusivamente a uma só tarefa. Nos distanciamos da beleza de viver o que está bem na nossa frente.

Ah, aquela ansiedade de querer fazer tudo e uma ansiedade ainda maior de ver que fez tudo pela metade e nada até o fim. Clássico, né? Porque fomos treinados assim, fomos treinados a dividir nossa mente, ou às vezes ela mesmo nos prega uma peça. E nos dividimos entre ouvir um amigo e responder outro pelo whatsapp, entre ver um filme e responder o e-mail, entre ler um livro e ver aquele vídeo. E nada foi intensamente aproveitado, apreciado, sentido. Tudo foi meia boca, mais ou menos, mediano.

Fácil falar, mas como faz? Bem, pouca feitiçaria e muita técnica. Um dos primeiros mantras a ser repetido em todos os ecos de ansiedade das múltiplas tarefas é: “esse não é um problema para agora”. Ou seja, tudo que não puder ser resolvido no presente momento ou que é algo que terei que resolver no futuro, não precisa estar na minha mente no precioso agora. E as prioridades? Essas podem ser resolvidas tão fácil! O que precisa ser feito agora, e amanhã, e daqui uma hora? Assim, aos poucos, tudo entra em ordem e a gente só se preocupa com aquilo no momento certo. Outra dica é mentalizar que aquele momento ali, exato, nunca mais vai acontecer de novo: ele é único, valioso e especial. Se você não viver ele com toda intenção, puf, acabou e não volta mais. Essa raridade e efemeridade dos momentos existe pra gente poder se encher dessa vontade de estar de corpo e alma em cada momentinho que estamos. ❤

Estar presente com a tranquilidade de iniciar e terminar uma só coisa, nesse momento, com calma, intenção e presença. Apreciar o seu momento, apreciar o momento que você ganhou do hoje, do agora, de cada um desses minutos que temos pra fazer muito de uma coisa só. O sentir agora já é o melhor presente que você pode ganhar. E ele está bem aqui, na sua frente.

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