Hora do banho

Stray K
Nobody Cares
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2 min readMar 2, 2018

Olhos fechados, dor, lembranças…

Ontem eu cheguei em casa tão cansada… mais do que nos outros dias. Meu estado era de quase um esgotamento mental, daqueles que se chegam a se manifestar fisicamente.

Eu poderia colocar a culpa no meu trabalho (o que em partes, seria compreensível); no calor que fez ontem — ainda é verão aqui em São Paulo e os termômetros chegam rapidamente aos 30ºC -; no meu descuido comigo mesma (tenho me alimentado mal, não tenho sentido muita disposição para cozinhar em casa e comer na rua nem sempre traz opções saudáveis).

Liguei o chuveiro, sentei no chão e pus minha cabeça debaixo da água que caía morna, agradável, relaxante até. Senti uma vontade tão grande de chorar… um nó na garganta e uma tremenda dor no meu peito (parecia um princípio de infarto mas foda-se, pensei. Achei que aquela ainda não seria a hora — tanto é que aqui estou…).

O choro não vinha. Os olhos molhados assim estavam apenas porque eu estava debaixo do chuveiro, lembra?

Devo ter passado uns 20 minutos sentada no chão, sob o chuveiro. Naquele momento eu era o retrato da derrota. Olhos fechados, dor, lembranças… chega!
Minutos depois, lá estava eu, já vestida, deitada sobre a minha cama, olhando para o nada.

Senti apenas um fio d’água escorrendo pelo meu rosto, molhando meu travesseiro. Sim, eu finalmente chorei mas… e a dor no peito? Bem, ela ainda não havia passado — continuava ali, firme e forte. Dilacerante.

Sabe quando você quer entender o motivo do seu choro? Então.
Eu senti medo de sequer tentar entender por que diabos eu estava daquele jeito.

Até que, mentalmente eu me perguntei: “Como foi que você chegou a esse ponto? Como foi que você se tornou isso?”. Eu não vou pôr a culpa em ninguém, nem na vida (que não me deve nada) porque, na verdade, eu sei as respostas.

E é exatamente por isso que dói. Ainda dói…

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