Deus e o Diabo

João Paulo
Norvana
Published in
2 min readDec 8, 2016

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Se deus estivesse vivo ele não usaria internet. Não teria facebook, twitter, instagram ou pinterest. Viveria plenamente e com pessoas de verdade, leria jornal pelas manhãs e tomaria chá à tarde. Ficaria na dele, curtindo o que visse de bom pela frente. O que tivesse pra compartilhar, o faria pessoalmente. Não postaria selfies irrelevantes ou discutiria política como se entendesse do assunto. Não desprezaria o nordeste ou se acharia o dono do mundo. Se alguém o ofendesse, responderia com toda calma. Só comeria carne de peixe, pois peixe não tem alma. Só escreveria textão se fosse rimando. Pena que está morto. Na verdade se matou. Ficou entediado e se suicidou.

Já o diabo ta vivão, tranquilo & favorável. Nos campeonatos de ego do facebook sempre vence como pessoa mais agradável. Faz textão que parece sério mas que no fim se mostra engraçado. Diz que não se considera um cara correto mas insiste que ta todo mundo errado. Afirma respeitar as diferenças enquanto desperta a discórdia delicadamente. Depois explica com carisma como no fundo não gosta muito de gente. Nas redes sociais se sente em casa e coleciona likes numa linda estante. Veste opiniões como se fossem roupas e quando sujas ele as lava com merda e um pingo de amaciante. O diabo ta vivão e assim vai continuar, espalhando o caos por toda parte. É a seleção natural, pois pode até ser legal rimar, mas depois da terceira linha já fica chato pra caralho né.

Se deus um dia voltar a primeira coisa que vai fazer é criar uma conta no facebook e mandar solicitação de amizade pro diabo. Vai trocar muitos likes, fazer um vlog, puxar o saco de famoso no Twitter e até virar ateu pra tentar tentar ser mais notado.

Encontrei esse texto aleatório nos rascunhos de um finado blogspot e resolvi postá-lo (alterando algumas partes que faziam mais sentido no longínquo ano de 2012). Tentarei fazer isso com outros rascunhos antigos do João Paulo adolescente pois me divirto com eles e seria injusto largá-los pra sempre no limbo.

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