Como seu cérebro se lembra das coisas depende de como você aprendeu

7 formas para um aprendizado mais eficiente.

Julio Fontes
Coletividad
Published in
4 min readNov 6, 2019

--

Photo by David Clode on Unsplash

A Pesquisadora e Neurocientista Cognitiva Miriam C. Klein-Flügge, e seus colegas da Universidade de Oxford apresentaram em outubro de 2019, uma pesquisa interessante para o campo da Educação, aprendizagem, mecanismos de decisão e recompensa.

Eles concluíram que o conhecimento é armazenado em diferentes circuitos cerebrais e seguem caminhos neurais variados, dependendo de como o aprendemos e adquirimos.

Os pesquisadores do Department of Experimental Psychology, the Wellcome Centre for Integrative Neuroimaging (WIN) e do Nuffield Department of Clinical Neurosciences usaram um equipamento de ressonância magnética para observar mudanças em partes do cérebro sob atividades de aprendizagem.

Imagem é adaptada do comunicado de imprensa da Universidade de Oxford.

Algumas das descobertas

  1. As mudanças observadas nas vias neurais associadas à aprendizagem dos participantes, eram diferentes dependendo de como cada pessoa havia aprendido a nova habilidade.
  2. Nós temos várias redes no cérebro que nos ajudam a armazenar conhecimentos ou associações aprendidas, além de permitir que o cérebro aprenda de maneiras diferentes. Esses múltiplos mecanismos de aprendizado dependem do esforço conjunto de várias redes cerebrais distintas.
  3. Os danos a uma parte do cérebro ainda deixam mecanismos alternativos disponíveis para o aprendizado.
  4. Parte do conhecimento aprendido é muito persistente, e o cérebro não esquece mesmo quando ele se torna “irrelevante”.
  5. O conhecimento adquirido por meio de mecanismos alternativos de aprendizado, em comparação ao aprendizado por reforço, é mais flexível e pode ser mais facilmente se dedobrar em novos conhecimentos.
  6. As associações de desaprendizagem podem ser mais fáceis quando elas são adquiridas pela observação em comparação ao “aprendizado por reforço”, dirigido a um objetivo (metas).
Figura 1 da pesquisa Multiple associative structures created by reinforcement and incidental statistical learning mechanisms.

“Nós sabemos que os humanos podem aprender de maneiras diferentes. Às vezes, aprendemos simplesmente observando relacionamentos no mundo, como aprender as ruas de uma cidade nova ou relacionamentos entre pessoas. Mas outra maneira de aprender é estabelecer metas específicas, como crianças aprendendo a brincar por tentativa e erro.” Miriam Klein-Flugge

A capacidade de aprender sobre as consequências de nossas ações é fundamental para a sobrevivência.

Por isso não é surpresa imaginar que é bom para o nosso cérebro continuar aprendendo coisas novas ao longo da vida.

Entender as diferentes maneiras pelas quais aprendemos e armazenamos conhecimento é importante.

Você precisa descobrir como você aprende melhor. O que funciona para você!

Aprender a estrutura do mundo pode ser impulsionado pelo reforço, metas e objetivos, mas também ocorre incidentalmente através da experiência e a Educação invisível — processos educativos singulares (independentes de paredes, professores ou lousas).

Photo by Pascal Habermann on Unsplash

Conclusões & 7 formas para um aprendizado mais eficiente.

Complementar ao estudo da Neurocientista Cognitiva Miriam C. Klein-Flügge, após tantos alunos e anos no campo da Educação eu pessoalmente eu interpreto e acredito que existe uma Arquitetura do Aprendizado eficiente.

Ainda que extremamente ampla e personalizável:

  1. Se permita uma aprendizagem por observação e aprendizado por reforço de acordo com a maturidade e objetivo do que se quer aprender. As associações de desaprendizagem podem ser mais fáceis quando elas são adquiridas pela observação em comparação aquelas adquiridas através do aprendizado por reforço (objetivos e metas).
  2. Expanda o seu ‘limite do conhecido’, as suas experiências e repertório. Isso servirá para uma construção mais eficiente do seu futuro aprendizado.
  3. Faça. Esse é o melhor tipo de pensar pois leva ao (erro) contraste entre expectativa e realidade, fundamental para reconstruir conhecimentos prévios e criar novos esquemas de compreensão. As pessoas tem noções, preconceitos e experiências prévias sobre as coisas, que levam consigo, armazenadas na memória de longo prazo.
  4. Escolha o espaço certo para você estar. O espaço molda comportamento das pessoas e das atividades, que por sua vez moldam, através das atividades, o comportamento dos estudantes. A ergonomia e a segurança psicológica criam o conforto necessário para o aprendizado. (Brooks, 2012) (Krügera e Zannin, 2004) (Vartaniana e Navarreteb, 2013)
  5. Trabalhe em conjunto. Em geral, você será capaz de alcançar níveis mais elevados de aprendizado, pensamento crítico e rentação de informação (Gokhale, 1995). É importante variar as perspectivas, ver informações paralelas e complementares, tornando o aprendizado mais diverso.
  6. Ensine um colega e seja parte do processo interagindo, criando etapas, discutindo e revisando o aprendizado (Grunert, 1997) (Topping e Stewart, 1998).
  7. Use conceitos que se conectem com seus interesses e objetivos pessoais usando novas formas e múltiplos estímulos para estimular redes cerebrais alternativas.

“Se você ensinar música e expuser o aluno a ouvi-la, ele aprende algo. Mas se além disso você mostrar uma partitura, a aprendizagem é favorecida (…) quanto mais variados forem os estímulos (visual, auditivo, motor, emocional…), mais redes de neurônios trabalharão juntas, fortalecendo as conexões.” — Roberto Lent, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e coordenador da Rede Nacional de Ciência para Educação.

--

--

Julio Fontes
Coletividad

Entrepreneur, Designer, Data and Product Person, Business Architect, Creator of Colearning Spaces, Inventor. @Coletividad @Visitei @Colearning — coletividad.org