Moodboard — Luiza Tagliatela

Kakau Fonseca
Coletividad
6 min readOct 1, 2020

--

Luiza Tagliatela é a nossa convidada de Setembro. Atualmente ela é product designer no Nubank, e nos últimos anos trabalhou no C6 Bank e no GuiaBolso.

Luiza é ilustradora e dona de um traço muito próprio
— e repleto de personalidade — , e nada melhor que uma profissional multifacetada para dividir um pouco de suas inspirações com a gente.

1.Na sua infância, qual era sua profissão dos sonhos?

Tive algumas fases. Eu quis ser arquiteta por muito tempo porque a mãe de um amigo era, e ela tinha uma caixa daquelas profissionais de lápis de cor da Faber Castell e vários desenhos de paisagismo pintados à mão no escritório. Depois, eu quis muito estudar astronomia para entender melhor a imensidão do mundo. Depois eu só queria ser cientista para poder sempre estudar e aprender coisas novas.

2. Como se deu sua introdução à arte e quando isso aconteceu?

Sempre fui de desenhar, mas só comecei a botar atenção nisso com uns 15 anos, quando comecei a acompanhar a cena de quadrinistas independentes no Brasil em páginas no Facebook. Foi uma época de muito desenho no caderno e até inventei de criar um Blogspot para postar quadrinhos cotidianos.

3. Para quais artistas você estava olhando enquanto desenvolvia seu próprio estilo no início da sua carreira?

Vou dividir essa resposta entre o momento que comecei a desenhar e quando eu realmente desenvolvi um estilo.

Quando comecei, do lado dos quadrinistas independentes, foi principalmente a Anna Mancini e o Diego Sanchez. Eu também seguia uma artista chamada Gemma Topliss no Tumblr e me inspirava demais como o traço dela era solto e autêntico. Sempre considero ela como a pessoa que me fez entender que tá tudo bem desenhar do seu jeito e que me inspirou a realmente ir atrás do meu estilo

Quando desenvolvi um estilo, minhas principais inspirações foram Xoana Herrera, Justyna Stasik, Timo Kuilder, Fran Labuschagne, Linn Fritz, Miguel Ángel Camprubí… e vou parar por aqui, pois a lista é grande.

Guia Bolso, por Luiza Tagliatela

4. O que tem te inspirado hoje em dia? Quais artistas, revistas ou conteúdos em geral te mantêm motivado?

Hoje em dia eu sinto que me inspiro muito mais em outras formas de arte que não são a ilustração. Minha maior fonte tem sido a música, acho que principalmente pela forma rápida de consumir — e tenho focado muito em ouvir mulheres porque notei que era um buraco muito grande no meu repertório. Garimpo tudo e coloco nessa playlist aqui. Por outro lado, gosto muito de fazer colagens manuais. Então, estou sempre de olho em National Geographics dos anos 90. É uma fonte muito rica de inspiração e o choque cultural abre ideias bem diversas.

5. Como se manter criativa e aprender constantemente? Há um limite para isso?

Acho que a melhor forma é não se cobrar em se manter criativa e aprender constantemente. É preciso lembrar que nosso dia a dia já é um apanhado de consumos conscientes e inconscientes que formam nosso repertório. Vejo muitos artistas se cobrando por não estarem produzindo e estudando diariamente — principalmente nesses tempos de pandemia — , e acho que a gente esquece um pouco que precisa parar pra respirar e digerir o que já sabe. Assistir uma série, ler um livro, ver uma palestra, jogar videogame, conversar com os amigos, seguir artistas no Twitter… tudo isso te ajuda a crescer profissionalmente. E não tem limite não!

6. Uma curiosidade que muita gente tem é como os processos de trabalho acontecem. Como você descreveria seu processo hoje?

Eu enxergo a ilustração muito mais como forma de comunicação então sempre procuro entender o que precisa ser expressado ali. Quais são os sentimentos, emoções, público e palavras-chave para descrever aquilo?

Depois disso tento idealizar e rabiscar estruturas no papel, sem olhar para coisas que possam me influenciar, e só então passo a coletar referências para fechar um rascunho. Com o rascunho pronto, passo pro computador e vetorizo por cima.

7. Quando você sente que está com algum bloqueio criativo, o que você faz?

Troco de música. Se continua, tento caçar referências pra refrescar a cabeça um pouco. Se o bloqueio ainda continuar, largo mão e tento voltar mais tarde. Às vezes a cabeça só precisa respirar.

8. Qual o melhor conselho profissional que você já recebeu?

Acho que foi em uma palestra na faculdade, onde um dos palestrantes era dono de uma empresa de design bastante grande e disse “eu tento não criar expectativa, porque expectativa só gera decepção”. Se não foi o melhor, com certeza foi o que mais me marcou.

Bloco de Notas, por Luiza Tagliatella

9. Existe alguma coisa que você sabe hoje que desejava ter consciência no início da sua carreira?

Que se comparar com os outros não leva a lugar algum, só te paralisa de evoluir mesmo. A gente tem que tentar trocar conhecimento e se complementar, não se rebaixar porque alguém está fazendo algo melhor que você. Eu me cobrava muito de não ser super realista e mandar bem no Photoshop e, no fim das contas, eu nem queria aquilo.

10. Na atual conjuntura, as redes sociais se tornaram uma poderosa ferramenta para profissionais da indústria criativa. Como você lida com isso?
Ironicamente, sinto que tenho me afastado delas cada dia mais. Até procurei desativar notificações pra não ter o estímulo de olhar para elas. Sinto que ficar o dia todo em casa tem feito com que todas as nossas relações sejam virtuais e eu não aguento mais olhar para telas.

Ao mesmo tempo, procuro consumir e apoiar meus colegas artistas. Inclusive, tenho comprado muito mais arte durante a quarentena.

11. Como você enxerga os side projects, ou seja, aquele projeto pessoal que rola paralelamente na sua vida?
Olha, eu amo mas não tenho muita disciplina pra isso. Nunca consegui tocar um projeto por muito tempo e normalmente crio projetos pequenos e finitos. Mas minha face ilustradora não deixa de ser meu maior side project, só não é muito organizado.

12. Qual o melhor livro que você já leu?
Da vida: Eu E Meu Guarda Chuva, do Branco Mello e com ilustrações do Rico Lins. O livro ainda vinha com um CD de músicas sobre as aventuras e sei cantá-las até hoje. Dos últimos anos: Orlando, da Virginia Woolf.

Sad Rock Songs, por Luiza Tagliatela

👉 Você pode saber mais sobre Luiza Tagliatela e seu trabalho aqui:

* Site pessoal
* Dribbble
* Twitter

🧸

Gostou do artigo?
Assine minha newsletter semanal sobre liderança em Design: Pack Lead

Em tempo, aproveito para agradecer imensamente a Mariana Medina por revisar, consertar e cuidar desse texto. ☀

Visite Startups & Encontre Videos, Livros, Escolas, Professores, Eventos, Cursos, Faculdades, Meetups, Bootcamps, Artigos, Podcasts de Design, Tecnologia, Negócios e Inovação.

https://coletividad.org

--

--