Moodboard — Paul H. Paulino

Kakau Fonseca
Coletividad
6 min readAug 1, 2020

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Paul H. Paulino é brasileiro e Texture Painter com mais de cinco anos de experiência na indústria cinematográfica.

Em sua carreira, já pintou texturas para criaturas, ambientes e DigiDoubles em diversos filmes, como Jungle Cruise, Godzilla: King of the Monsters, Aquaman, Independence Day: Resurgence, Miss Peregrine’s: O Lar das Crianças Peculiares, Power Rangers, Liga da Justiça, Guardians of the Galaxy Vol. 2 e Pantera Negra.

  1. Na sua infância, qual era sua profissão dos sonhos?

Na minha infância, as aulas de redação eram de longe as que mais me entusiasmavam. A ideia de criar histórias me transportava para uma realidade completamente diferente da que eu vivia. Por esse motivo, até considerei a ideia de me tornar um escritor, mas depois de escrever o roteiro do meu primeiro curta-metragem, meu foco e minha paixão passaram a ser direção de cinema.

2. Como se deu sua introdução à arte e quando isso aconteceu?

Eu nasci e cresci em uma cidade muito pequena no interior de Minas Gerais. Infelizmente, a arte e a cultura nunca foram prioridade em Almenara e, consequentemente, eu tive uma introdução tardia à arte. Em 2006, a internet ainda estava nos seus primórdios no Brasil, mas ela foi a responsável pelo meu primeiro contato com algum tipo de arte.

Aos quinze anos, entrei em uma comunidade de videomakers no Orkut e a partir dos conteúdos compartilhados pelos membros, comecei a escrever e desenvolver os meus próprios curta-metragens, sempre pesquisando maneiras criativas de contar histórias.

Alguns anos depois, tive interesse em aprender pintura e desenho e me inscrevi em alguns cursos online para explorar essas áreas com mais afinco. Esse contato com a arte tradicional mudou completamente o rumo da minha carreira.

3. Para quais artistas você estava olhando enquanto desenvolvia seu próprio estilo no início da sua carreira?

É bem difícil definir os artistas que me inspiraram no início da minha carreira porque foram inúmeros! Apesar de trabalhar em uma indústria digital, sempre tive uma admiração e respeito por grandes mestres renascentistas: Donatello, Botticelli, Da Vinci e Michelangelo. Acredito que o perfil polímata de alguns desses artistas me inspiraram a me tornar um criativo que, acima de tudo, seja curioso e que não se apegue apenas a um tipo específico de conhecimento.

4. O que tem te inspirado hoje em dia? Quais artistas, revistas ou conteúdos em geral te mantêm motivado?

Além de manter o contato com amigos inspiradores que estão sempre em busca de conhecimento (a Kakau, por exemplo), hoje em dia eu busco inspiração na leitura de biografias e em livros de história.

A biografia do Leonardo da Vinci é um bom exemplo de como uma boa leitura pode transformar a maneira como vemos o mundo ao nosso redor. Logo após aprender sobre a vida e a obra do pintor renascentista, me senti motivado a aprender pintura a óleo, uma técnica que sempre havia considerado difícil e inatingível. Me inscrevi em um atelier da minha cidade e hoje sinto um prazer inenarrável na prática dessa atividade.

Leviathan Sentinel, Texturas e Lookdev por Paul H. Paulino

5. Como se manter criativo e aprender constantemente? Há um limite para isso?

Se manter criativo em um mundo tão caótico e lotado de distrações é uma luta constante. Além de buscar diminuir um pouco o “ruído” de coisas não-essenciais ao meu redor, também exploro aprender novas habilidades que possam me tirar completamente da zona de conforto — e que muitas vezes estão além da minha área de atuação.

Assim como os artistas renascentistas que citei acima, acredito que ao estudarmos assuntos diversos, sempre agregamos uma fartura de ideias que podem ser filtradas e direcionadas para o nosso foco criativo.

6. Uma curiosidade que muita gente tem é como os processos de trabalho acontecem. Como você descreveria seu processo hoje?

Meu processo de trabalho não é muito complexo. Quando estou trabalhando em um projeto pessoal, sempre busco ter um deadline em mente para que eu mantenha o foco em entregar o produto, para criar uma certa pressão e também para evitar que eu fique preso no perfeccionismo.

Além do deadline, eu sempre fragmento as tarefas em pequenas etapas para que eu consiga evoluir o projeto aos poucos, sem me assustar com o tamanho do projeto em si.

De tempos em tempos, faço uma análise geral do progresso e, caso seja necessário, faço os ajustes necessários até a finalização.

7. Quando você sente que está com algum bloqueio criativo, o que você faz?

Quando sinto que estou entrando em uma fase de bloqueio criativo, tento focar nos meus hábitos diários de leitura e escrita. Nessas práticas, busco canalizar minha ansiedade e explorar uma tranquilidade interna. Depois, tento escrever sobre os motivos que me fazem sentir este bloqueio. Caso esteja longe de resolver o bloqueio, me distraio com atividades que não estejam relacionadas ao trabalho até que eu me sinta “recuperado” criativamente.

Alguns bloqueios são mais intensos que outros, uns podem durar um dia e outros chegam a durar meses. Para mim, é uma questão de autoconhecimento e resiliência.

8. Qual o melhor conselho profissional que você já recebeu?

Nunca tenha medo de compartilhar o que aprendeu. Mesmo que você ensine tudo o que sabe, ninguém pode replicar o seu conhecimento. Todos possuímos experiências de vida completamente diferentes e isso é o que nos torna distintos criativamente.

Wasp, por Paul H. Paulino

9. Existe alguma coisa que você sabe hoje que desejava ter consciência no início da sua carreira?

Apesar dos inúmeros equívocos que cometi durante a minha carreira, eu acredito que esses deslizes foram fundamentais para o desenvolvimento da minha criatividade e também do meu pensamento crítico atual.

10. Na atual conjuntura, as redes sociais se tornaram uma poderosa ferramenta para profissionais da indústria criativa. Como você lida com isso?

As redes sociais foram essenciais no início da minha carreira. Comecei a escrever artigos e tutoriais descrevendo o meu processo, e isso me trouxe uma visibilidade que me proporcionou oportunidades de trabalho incríveis.

Por outro lado, após alguns anos, notei que elas se tornaram um inimigo perigoso para a minha produtividade e sanidade criativa. Durante um breve período da minha carreira, mergulhei em uma espiral de negatividade nas redes sociais e só consegui me livrar ao me desconectar completamente por alguns meses.

Hoje em dia busco um equilíbrio, tentando usá-las com uma ferramenta para conhecer e conversar com artistas inspiradores mas, ao mesmo tempo, limitando o scrolling infinito e perturbador dos feeds.

11. Como você enxerga os side projects, ou seja, aquele projeto pessoal que rola paralelamente na sua vida?

Side projects são, sem dúvida, a maneira mais efetiva para expandir o conhecimento e explorar novas técnicas sem a pressão de um chefe e/ou cliente. Desde o início da minha carreira como artista digital, eu busco aproveitar o meu tempo livre para criar e/ou estudar algo novo, seja digital ou tradicionalmente.

Nos últimos meses, comecei a me dedicar ao desenho tradicional e tem sido uma experiência desafiadora e única, que me lançou para fora da minha zona de conforto e me fez ter contato com um lado criativo que há muito tempo não explorava.

12. Qual o melhor livro que você já leu?

Talvez esta seja a pergunta mais difícil desta entrevista! Nos últimos anos, a leitura se tornou um hábito fundamental na minha vida e carreira, por meio do qual exploro conhecimento em diversas áreas e interesses, mas isso é algo bem recente. Na minha infância, ler nunca foi um hábito e, por conta disso, eu tive que aprender por onde começar.

Por isso, vou escolher o livro “Atomic Habits”, do autor James Clear, como o meu favorito. O livro de Clear foi um manual prático para desenvolver bons hábitos, e a leitura foi um deles.

Lo’Gosh, Texturas e Lookdev por Paul H. Paulino

👉 Você pode saber mais sobre Paul H. Paulino e seu trabalho aqui:

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Em tempo, aproveito para agradecer imensamente a Mariana Medina por revisar, consertar e cuidar desse texto. ☀

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