Re-Veste: Feira de Moda e Sustentabilidade

REVESTE
Nossa Grama Verde
Published in
4 min readApr 12, 2018
Imagem: esnsaio Brotos Oficina + Camaleoa Brechó, por Paula Coraline (https://www.instagram.com/brotosoficina/ https://www.instagram.com/camaleoabrecho/)

A Re-Veste é uma iniciativa de marcas locais de Belo Horizonte com a vontade de construir um evento que promova o que é produzido na cidade no ramo do vestuário. A palavra vestuário é compreendida aqui em uma ampla diversidade de itens, tudo aquilo que veste e reveste nossos corpos, expressando nossas identidades.

Acreditamos que uma boa relação de consumo seria aquela em que há uma integração entre quem compra, quem vende, quem produz ou até mesmo quem troca. Prezando-se assim muito mais do que o valor econômico, o valor humano da relação, o que enriquece todo o processo.

As feiras na cidade sempre foram para nós valiosos espaços de troca, onde aprendemos com cada colega feirante e público com o qual temos contato. Local ideal para conhecer novas pessoas, construir parcerias, apresentar e circular nossos produtos e, sobretudo, fazer amizades. Gostamos em especial daquelas feiras mais colaborativas, onde todas pessoas se engajam pelo sucesso do evento.

A proposta de reunir brechós e marcas autorais em um único evento vem para superar uma lógica presente nas feiras convencionais, na qual roupa nova vem de loja e usada de brechós. É notável em todas as marcas o esforço em lidar com questões e impasses de nosso tempo — na diversidade de preocupações e abordagens de cada uma-, seja pela ressignificação de peças de outras décadas, outros tempos, ou pela produção de algo que expresse novas ideias e vontades de uma sociedade tão diversa e complexa. Neste sentido as consideramos todas produções contemporâneas. Essas marcas provocam o outro a repensar a moda que consome, sua identidade, forma de vestir, e tudo mais que envolve a questão da roupa no seu dia-a-dia.

Então surge a palavra sustentabilidade, presente no próprio nome do evento, e que se manifesta em diversas camadas. Gostamos de pensá-la em três eixos: ambiental, social e econômico.

Ambientalmente devemos entender nossa responsabilidade pelo nosso descarte. Com a forma de consumo atual, as peças são vistas realmente como descartáveis, em um sistema que depende dessa grande rotatividade para se manter. Reinserir peças já produzidas, recolocando-as em circulação, restaurando ou mesmo reutilizando parte de seu resíduo para confeccionar algo novo é a nossa forma de contrariar o que nos é imposto atualmente na moda, fechando o ciclo de produção.

Socialmente devemos compreender uma ecologia humana complexa, diversa, e que a produção de moda independente deve responder sobretudo às subjetividades e individualidades dos grupos que que estão à margem, que não se identificam com grandes marcas ou até mesmo são apagados, ou apropriados, esteticamente por elas. Na contramão de discursos hegemônicos, que massificam a nossa forma de vestir, impondo estilos e tendências, levando a um apagamento de nossas identidades.

Economicamente devemos pensar na cadeia de produção de nossas roupas, nas pessoas que estão envolvidas nos diversos processos em que a peça é submetida antes de se apresentar no mercado, em alguma grande loja. Qual é o poder das pessoas que produzem as peças de vestuário nesse sistema? Quais os seus ganhos financeiros e perspectiva de crescimento e autonomia? De onde afinal vem a roupa que eu visto?

Imagem de divulação da marca Solo. (https://www.instagram.com/solo.oatelie/)

A Feira Re-Veste é uma forma de permitir o contato com marcas diversas, que partem de histórias e vivências distintas, para se entender que por trás de cada produção autoral e de cada brechó há uma história, um pensamento sendo elaborado, uma identidade. Toda essa diversidade se reúne pelo esforço em comum em pensar outras formas de vestir, uma grande preocupação com a qualidade da roupa e com a potência das ideias e questões que a moda pode movimentar.

Repensar nossas roupas não como produtos que irão cobrir e ocultar nossos corpos, mas produções que irão revestir nossa pele de significado e mensagem. Moda como forma de expressão, não meramente estética, mas que envolva todos processos, pesquisas e desejos que alimentam nossas marcas. Afinal se vestir é também é uma escolha política que, por fim, nos leva a repensar vários outros hábitos ligados ao nosso cotidiano como nosso modo de viver, nossa alimentação ou forma de se mover na cidade.

A próxima Feira Re-Veste já tem data marcada. No dia 15 de abril vamos realizar sua terceira edição. Dessa vez o evento irá ocorrer no espaço da BeGreen Boulevard ( Rua Prof. Otaviano Almeida, 44 -Santa Efigênia, BH.), de 11 às 18 horas.

Clique aqui e acesse o evento no Facebook

Divulgação do próximo evento. (foto: Acervo Nosso Brechó https://www.instagram.com/acervonossobh/)

Domingo, 15 de abril.
11–18 horas.
BeGreen — Shopping Boulevard
Rua Prof. Otaviano Almeida, nº44 — Santa Efigenia

--

--

REVESTE
Nossa Grama Verde

Iniciativa promovida por marcas locais de Belo Horizonte com o objetivo de promover e circular o que é produzido na cidade no ramo de moda e vestuário.