Transformando escassez em abundância: 4 projetos que você precisa conhecer em BH

Bruna Viana
Nossa Grama Verde
Published in
5 min readAug 1, 2016

Sabe aquelas pessoas que olham para problemas e enxergam oportunidades? Belo Horizonte está cheia delas. Gente de diferentes condições sócioeconômicas, regiões da cidade ou crenças que decide se unir para transformar cenários de marginalização e pobreza em empoderamento e solidariedade. Nesse texto, você vai ler sobre o trabalho de quatro dessas iniciativas e descobrir como você pode contribuir para que o impacto de cada uma seja ainda maior.

No Arraial que fizemos aqui na Casa Imaginária, os integrantes do Transenem ficaram por conta dos caldos e da canjica. Foto: Belisa Murta.

TRANSENEM
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equidadedegênero #educação

Pessoas transexuais e travestis estão entre as alunas e os alunos que mais abandonam a escola, na maioria das vezes por não conseguirem viver em uma situação de exclusão e violência. O Transenem surgiu para reduzir essa que é uma das muitas formas de marginalização das pessoas trans. Com aulas gratuitas e professores voluntários, o cursinho preparatório para a prova do ENEM aumenta as chances de entrada na universidade, além de oferecer uma rede de apoio e valorização da autoestima para as alunas e os alunos. Desde o início do projeto, em 2015, o time já conquistou três aprovações: Raul e Sofia agora estudam Filosofia e Biblioteconomia na UFMG e Nathan alcançou o sonho de estudar Engenharia Ambiental, no CEFET. Cada vitória é um grande incentivo para quem um dia possa ter achado impossível vencer esse desafio. Raquel Virgínia, uma das vocalistas da banda As Bahias e a Cozinha Mineira, reconheceu a importância do projeto e mandou um recado para os alunos do Transenem durante a última Virada Cultural de BH.

Vamo botar a cara do sol, vamo arrasar, vamo passar no vestibular, vamos sentar nas faculdades, vamo colocar a nossa realidade nas universidades pra que realmente os nossos discursos sejam nossos, cada vez mais nossos.

Como ajudar?
A continuidade do projeto depende de doações financeiras e de tempo, seja de professores para o cursinho ou voluntários para oferecer oficinas e cursos em outra áreas. Além disso, os integrantes do Transenem também vendem produtos em feiras e outros eventos para arrecadar recursos para o projeto. Eles já estiveram duas vezes na Casa Imaginária (e foi um sucesso!). Para entrar em contato, envie uma mensagem pela página do Transenem no Facebook.

GRUPO DE MULHERES SEMEANDO ESPERANÇA
#empoderamentofeminino #organicos #moradia

A comunidade Paulo Freire, no Barreiro, é uma das várias ocupações que reúnem famílias em busca do direito a moradia digna em Belo Horizonte. A comunidade surgiu em maio de 2015, e, seis meses depois, algumas mulheres se mobilizaram para enfrentar juntas a situação de desemprego que viviam. Foi aí que surgiu o Grupo de Mulheres Semeando a Esperança. Hoje elas estão construindo uma horta na ocupação, com o apoio do Grupo Aroeira e do Coletivo Nossos Quintais, que auxiliam no processo de mobilização e ensinam técnicas de manejo. O plano é oferecer orgânicos a preço popular para os moradores da comunidade, fornecer alimentos para a creche da ocupação Eliana Silva, que fica ao lado, e até mesmo vender para outras pessoas do bairro do entorno, a Vila Pinho. Dá pra acompanhar os passos do grupo pela página no Facebook.

Como ajudar?
Atualmente o grupo precisa de doações financeiras para construir a cerca da horta, além de comprar ferramentas e realizar processos de formação em agroecologia. Para contribuir com o projeto, você pode entrar em contato com Cristiana (Nossos Quintais) 31 98785–3744 ou Cristina (Grupo Semeando a Esperança) 31 98943–2714.

As mulheres da Ocupação Paulo Freire e do Coletivo Roots Ativa também tiveram uma barraquinha no Arraial Imaginário. Foto: Belisa Murta.

ROOTS ATIVA
#economiasolidaria #nutricao

Você sabia que existe um centro de cultura Rastafari no Aglomerado da Serra? O coletivo Roots Ativa reúne agentes culturais, educadores, cozinheiros, oficineiros e artistas que fazem atividades de permacultura, culinária criativa, capoeira, música e artes com jovens, mulheres e outras pessoas em situação de vulnerabilidade na comunidade. A sede do grupo, construída com materiais reaproveitados como madeira, pneu e plástico, fica na casa mais alta do morro, na divisa com o Parque das Mangabeiras. Uma das fontes de renda para sustentar as atividades do coletivo é a produção artesanal e venda de deliciosos alimentos veganos e vegetarianos. Vale a pena ficar de olho na página do Facebook para descobrir os eventos que eles estarão presentes ou mesmo encomendar pedidos às quartas-feiras, que é o dia de entregas em BH.

Como ajudar?
O Roots Ativa acredita no poder da troca: a venda de produtos orgânicos e nutritivos é uma forma de gerar renda enquanto oferecem uma alimentação saudável para as pessoas. Os pedidos podem ser feitos pelo Facebook ou pelo tele-entrega: (31) 4137–0137. Os membros do coletivo também valorizam toda forma de envolvimento: voluntários para contribuir com as oficinas, realizar atividades com as crianças da comunidade ou cuidar da manutenção do espaço são bem-vindos. Além disso, aceitam doações de móveis e materiais que possam ser reutilizados no espaço.

AMAR É SIMPLES
#voluntariado #educação

Uma rede de pessoas que doam tempo e habilidades para ajudar o outro. O projeto acontece em creches, escolas, empresas, hospitais, asilos e também na APAC (Associação de Proteção e Assistência a Condenados). A APAC é um presídio muito diferente dos tradicionais: mais do que punir, a instituição existe para dar oportunidades de recuperação para as pessoas que estão cumprindo pena — é por isso que lá elas são chamadas de recuperandos. O tempo de detenção é dividido entre trabalho e estudo. Além do custo mensal de cada recuperando da APAC ser três vezes menor do que dos detentos de unidades tradicionais, as vantagens são claras: a taxa de reincidência da unidade de Santa Luzia nos últimos 10 anos foi de 28%, enquanto a média do sistema penintenciário brasileiro é de 70%. Os voluntários do Amar é Simples visitam a unidade de Nova Lima uma vez por mês e propõem atividades relacionadas a uma data comemorativa.

Como ajudar?
O Amar é Simples não aceita doações em dinheiro: tudo que interessa é o tempo que você tem para se dedicar e as habilidades que você quer compartilhar. Se ainda não existe um projeto dentro do AES que é a sua cara, não hesite: proponha!

Ingrid e Ludmila, voluntárias do Amar é Simples, transformaram uma das salas da Casa Imaginária em uma simulação da APAC durante o Arraial. Foto: Belisa Murta.

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Bruna Viana
Nossa Grama Verde

Me dedico a criar espaço e condições para as pessoas terem conversas que importam, consigam trabalhar em colaboração e resolver desafios juntas.