Nossa Voz #1021 #Regenerações

Bap mogossó*? O lugar que se sai é o lugar para o qual se volta

Coletivo Mitchossó

Casa do Povo
Nossa Voz

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Casco Imigrante, por Fabiana Won

*“Você já comeu?” em coreano

A história dos imigrantes coreanos é marcada por traumas que podem ser separados em três tipos: pré-migracional, migracional e pós-migracional¹. O trauma pré-migracional decorre da violência, fome e perdas que acometeram a península coreana durante a Guerra da Coreia (1950–1953). As consequências desse conflito, sentidas até hoje, levaram nossos avós e pais a deixarem forçosamente a sua terra natal. Tal movimento de fuga, em que estão implícitos o abandono do local de pertencimento e o deslocamento em busca de um novo lar, configura outra etapa do processo: o trauma migracional. Já o trauma pós-migracional consiste na renúncia de costumes e de tradições, na assimilação cultural imposta em um ambiente normativo distinto e, por fim, no mergulho dos imigrados no campo das incertezas.

Em meio a essas incertezas (tanto subjetivas quanto materiais) em relação à adaptação em um novo país, os coreanos que fixaram residência em São Paulo começaram a se agrupar em torno de suas famílias, a princípio nas regiões da Baixada do Glicério, Brás, Aclimação para finalmente se consolidarem no bairro do Bom Retiro, a partir dos anos noventa. Nesse contexto, as igrejas foram essenciais para proteger o espírito e, principalmente, para cultivar o senso de comunidade que havia sido trazido junto de nossas rarmoni (할머니, avós) e de nossos rarabodji (할아버지, avôs). Além de se reunirem em missas e cultos, os coreanos se ajudaram para estabelecer suas confecções, mercearias e restaurantes. No entanto, para sobreviver às rachaduras causadas pela experiência da guerra seguida da imigração, o casco da comunidade se endureceu — tanto, que começou a rachar por dentro.

Não é uma lembrança específica, mas é uma rotina muito gostosa: almoços no Asawon do Brás, passar na esquina para comprar hotteok, ir a uma locadora de VHS que ficava na Rua Paraíba. Até meus 9/10 anos, achava que quando a gente pegava a Avenida 23 de Maio, estávamos indo para outra cidade. Só quando comecei a estudar no Colégio Bandeirantes eu entendi que tudo isso era São Paulo. Antes, minha percepção da cidade era muito limitada ao Brás, Bom Retiro, Mooca, Bresser e Vila Guilherme.

É uma questão muito forte pra mim ir atrás da história da minha família, enquanto pessoa birracial e crescida totalmente alheia ao contexto sociocultural coreano-brasileiro. Então, é uma busca que parte justamente dessa falta, tornando-se um resgate por uma autonomia sobre minha própria ancestralidade e história.

Cebolinha, acelga, broto de samambaia e pimenta. “Ingredientes”, por Fabiana Won.

Nós, descendentes dessa diáspora, convivemos com as rachaduras causadas pelo conservadorismo, pela dureza das instituições que impuseram uma significância para o amor e para o pertencimento. As igrejas, a fé, a culpa e a moralidade cristã; a família, o respeito aos anacrônicos costumes e tradições coreanos. Nesse contexto, ser diferente era inaceitável e nossas individualidades foram, por muito tempo, suprimidas pelo medo do julgamento.

Então, lembro que gostava de comer e aprendia hangeul (한글, idioma coreano) no salão de testemunha de jeová. Me afastei da comunidade coreana a partir do momento em que parei de frequentar igrejas. Quando tinha uns 12 anos, algumas meninas do meu ano me chamaram para uma sala de aula vazia e, uma por uma, foram falando que não queriam mais ser minhas amigas porque eu parecia um menino, que eu tinha que agir feito menina ou só ia incomodar os outros. Lembro da minha mãe sempre reclamar da comunidade de ajummas que ficavam julgando seu modo de vestir, o fato dela criar os filhos sozinhos, coisas do tipo. Entendi que não me identificava mais com muitas funcionalidades da comunidade e, ao mesmo tempo, passei por situações em que senti “rejeição”, “fofoca”, “preconceito”. Antes, por mais que não concordasse com alguns “aspectos” característicos da colônia, achei ter meu espaço de conforto lá dentro. A partir do momento em que meu pai saiu de casa (e meus irmãos também), as pessoas começaram a falar muito mal da minha mãe e da incapacidade dela como esposa e mãe. Esse julgamento me afetou muito, pois, a todo momento, eu sentia a necessidade de provar que minha mãe não falhava como mãe, que eu era uma filha muito boa (em termos de comunidade coreana). Foi na igreja que comecei o hábito de ir ao banheiro chorar de raiva e também a lidar com ataque de pânico.

Nossas especificidades seriam também questionadas fora da comunidade coreana e, de forma conflituosa, também assimilamos mais aspectos culturais do país onde crescemos. Assim, embora algumes de nós os tenhamos grafados na certidão, gradualmente perdemos nossos nomes étnicos e passamos a atender pelos nomes “brasileiros”. Nas escolas, aprendemos uma história em que nossos antepassados não existem, e os conflitos modernos que assolaram a península coreana são mera citação.

Nunca consegui me encaixar direito. Não sinto que faço parte da comunidade brasileira. Apesar de ter nascido aqui sinto que sou estrangeira. Cresci numa cidade interiorana onde não tem muitos descendentes de imigrantes leste-asiáticos, então sempre fui tratada diferente. Tanto zombada pelos meus “olhos puxados” mas sempre elogiada pelos meus professores por causa do meu comportamento exemplar.

Entretanto, muites de nós deixamos de aprender o idioma coreano — não por termos aprendido o português, mas porque o afastamento nos parecia ser o único meio para que não rachássemos. Mal sabíamos que essas rachaduras, muitas vezes internalizadas na forma de raiva e solidão, estavam dentro de nós desde o nascimento, e que delas nasceriam frutos, além das flores e outros desenhos que tatuamos em nossa pele.

Tinha curiosidade em saber sobre minhas raízes, principalmente por causa da minha mãe, porque alguns comportamentos dela eram difíceis de serem entendidos por mim.

Mapa Afetivo, por Patricia Baik

Em 2018, surgiu a proposta de um encontro entre coreano-brasileires sobre autonomia corporal — ou a falta dela — , sendo a tatuagem um meio de externalização de um grito interno e uma maneira de nos reconhecer em meio às pressões contraditórias da assimilação cultural brasileira e à preservação das nossas tradições coreanas. Queríamos, desde então, reivindicar uma narrativa própria.

O encontro se deu através de um ensaio fotográfico para celebrar nossas individualidades e fluiu para o compartilhamento de nossas dores. Compreendemos mais do que nunca a importância de nos reunir, trocar experiências de vida, encontrar em outres os mesmos questionamentos e inquietações. Aprendemos que “ser coreane” e “ser brasileire” não eram características incompatíveis e reconhecemos a ambivalência da nossa identidade diaspórica, ou coreano-brasileira. As fotos e as reflexões geradas pelo encontro foram publicadas na zine “Mitchossó: Mulheres Coreanas Tatuadas”, (미쳤어, “você enlouqueceu?”). Assim foi nomeado o recém-nascido coletivo.

Junto do Mitchossó, vislumbramos a potência contida em partilhar as mesmas histórias que nos disseram ser imaturas, específicas, incompreensíveis. Compreendemos, então, o significado de pertencer ao encontrarmos tradução para os silêncios por meio da investigação poética e nos deparamos, na prática artística, com a possibilidade de cura. A zine seria apenas o primeiro exemplo disso.

Pimenta do reino e óleo de gergelim. “Ingredientes”, por Fabiana Won.

Aos poucos, a negação foi substituída pela afirmação e decidimos traçar novos caminhos: retornamos ao bairro do Bom Retiro. Fizemos da Casa do Povo a nossa morada e a ocupamos com discussões e aulas para re-aprender nossa história, assim como entender seus embates contemporâneos. Em solo fértil, pudemos reafirmar nossas raízes e de todas aquelas que vieram antes de nós. Propusemos novos encontros, agora com LGBTQI+ coreano-brasileires. A ideia de criar um espaço livre de pressões sobre como deveríamos nos portar, tanto de fora quanto de dentro do Bom Retiro, aos poucos transformava este lugar antes constituído pelo medo do julgamento e da rejeição em um campo de novas possibilidades. Novamente, os retratos desenhados por nós mesmes se tornaram uma forma de expressar e documentar o reconhecimento da nossa existência no bairro e na comunidade coreano-brasileira.

Em 2019, em homenagem a nossas mães, realizamos a performance Omoni (어머니, mãe). Ao crescermos como filhes de imigrantes coreanos, foi inevitável questionar o porquê de nossas mães não nos darem abraços, beijos ou palavras gentis. A apresentação traduziu este pequeno gesto — o descascar da maçã — como linguagem de cuidado e afeto. A tradução, realizada pela mediação da arte, nos ensinou algo: a reunião em torno da comida coreana é uma maneira de retornar às raízes, de nos conectar com entes queridos, de celebrar a vida e os encontros. Sendo a alimentação um dos momentos de comunhão, não se trata simplesmente de encher o corpo com nutrientes, mas antes de preencher a alma através do cuidado intergeracional. Bap mogossó? “Você já comeu?” É esta a pergunta que nossos pais fazem para saber se estamos bem.

Incorporamos a mesma linguagem de afeto aos nossos rituais como coletivo ou como comunidade: os jumeokbap (주먹밥, uma bola de arroz do tamanho de um punho) servidos na fala da Binna Choi — durante os Estudos do Comum, evento organizado pela Casa do Povo, e nas mesas dos pojang (포장, boteco), o bantchan (반찬, acompanhamentos) é o termo utilizado para denominar uma pluralidade de porções que acompanham as refeições coreanas, dispostas em pequenos pratinhos. Cada um desses acompanhamentos possui características particulares e é compartilhado por todes à mesa, formando uma grande e única refeição

Lembro que no restaurante Lua Palace não tinham cadeiras e a gente sentava no chão em almofadas. Achava isso o máximo e muito mais confortável. E porque os espaços eram divididos em biombos e não paredes, sentia que era tudo uma família só, e ficava invadindo as outras mesas quando pequena kkkk

De maneira semelhante, o presente ensaio foi escrito a partir de diferentes contribuições, diretas ou indiretas, que compõem essa escrita coletiva. Trazemos à nossa mesa uma forma de documentar diferentes individualidades: cada ume traz um bantchan à mesa, de que todes podem se servir.

Não tendo tias no Brasil, meu pai me fazia conviver muito com as mulheres da comunidade no Recife para aprender a cozinhar. Inclusive agendava visitas estratégicas na casa das tias que tinham as melhores receitas, assim eu aprenderia a fazer aquele que considerava como “o melhor kimchi”. Haha. Quando as ajummas compartilhavam as receitas completas delas comigo, sentia que era um abraço apertado. Agora, quando comem minha comida e dizem que tem gosto de comida de vó, sinto uma gratidão imensa a esse tipo de experiência que recebi.

No processo de autogestão e construção do conhecimento, fora dos muros da Academia — que agora toma forma de ensaio — , as tradições são ressignificadas. A mulher coreana não só prepara a comida e serve a todos, mas também cuida e prepara a herança cultural de seus descendentes. A comida que nossas mães prepararam também carrega memórias, desde as lembranças ligadas aos momentos de refeição como aos modos de preparo que se transformam ao longo do tempo e são passados de geração em geração. Logo, o preparo da comida, antes de um ritual de abnegação e submissão, é um gesto de amor e cuidado, de cultivo e preservação da nossa história.

Gengibre, alho, espinafre, broto de soja e folha de gergelim. “Ingredientes”, por Fabiana Won.

Todos esses eventos e encontros (e reencontros) do Mitchossó foram atraindo cada vez mais coreano-brasileires com diferentes perspectivas, orientações sexuais, identidades de gênero e ideias. Antes da pandemia, havia muitos projetos, eventos e parcerias. Mas, de repente, tivemos que interromper tudo e voltar nosso olhar para dentro. Quem somos nós, afinal?

Somos um grupo de mulheres, não-bináries, LGBTQI+ e heterossexuais, descendentes de uma imigração consideravelmente recente. Se antes não existia a pretensão de refletir com base em discussões “fora” da comunidade coreana, tornou-se então urgente refletir a respeito de nossa relação com o bairro e com nosses vizinhes. Afinal, a pandemia não apenas lembrou, antes escancarou cruamente as falhas do sistema em que vivemos.

Qual o nosso impacto político e social em tempos de crise? Qual o nosso papel social como membros da comunidade coreana, que, por sua vez, faz parte da sociedade brasileira? Muitos questionamentos surgiram, gerando discussões acaloradas, e entramos em “reforma”. Antes de agir no mundo, sentimos a necessidade de olhar novamente para dentro, com um olhar mais amadurecido. Assim, temos nos dedicado à criação de um espaço em que experiências e visões individuais não apenas sejam ouvidas, mas também potencializadas.

Aos poucos as reuniões virtuais em prol da reestruturação do coletivo começaram a gerar frutos. Além de uma reorganização operacional — horizontalização das tomadas de decisão — , as próprias reuniões virtuais possibilitaram a conexão e a participação de coreano-brasileires distantes do que chamamos de comunidade coreana restrita ao bairro do Bom Retiro. Junto dessas pessoas, começamos um novo ciclo de aprofundamento e investigação de nossas histórias. O novo ciclo de conversas — ainda em curso — evidenciou que, apesar da origem comum de muitas de nossas dores, herdadas da história coreana e da ancestralidade compartilhada por todes, cada ume de nós está empreendendo uma busca interna e singular. Aliás, cada ume tem a sua trajetória única. E é na ancestralidade e na história de imigração coreana para o Brasil que esses diversos caminhos se cruzam, sendo o Bom Retiro apenas um desses pontos de convergência.

Pretendemos criar pontes para dialogar e transpor as barreiras, dissolvendo limites entre o interno e o externo. Nós, enquanto coletivo, enxergarmos um futuro possível para essas diferentes trajetórias, não mais através de apagamento e esquecimento, mas por outra lógica relacional entre o espaço e o tempo: a nossa experiência de reaproximação e ressignificação é apenas uma das formas de imaginar um futuro diferente a partir do resgate da história. Experiência essa que transforma as práticas dentro de nossas próprias famílias, quebrando a lógica do silêncio e da reprodução de comportamentos provenientes de traumas, os quais nos levaram ao afastamento. Ao compreender a linguagem não verbal do afeto e do cuidado, podemos nomear aquilo que nos cerca e o que sentimos, ter agência para trazer nossas narrativas e entender como elas se relacionam com outras.

Nabo, nirá, alga, alface e tofu. “Ingredientes”, por Fabiana Won.

É importante lembrar que as diversas narrativas diaspóricas são invisibilizadas e relegadas ao ostracismo quando os discursos hegemônicos de um determinado padrão pretendem ser universais, únicos e lineares. Trata-se de um processo lento que requer o devido cuidado para não sermos engolides por dinâmicas preestabelecidas em um mundo repleto de preceitos imperialistas e coloniais. Se, por um lado, temos a influência de discussões diaspóricas ocorridas nos Estados Unidos, por outro, temos discussões de movimentos asiáticos brasileiros que ainda são nipo-centradas. Sem mencionar a identidade cultural vendida massivamente a partir da Coreia do Sul e disseminada por meio do Hallyu (한류, Onda Coreana)².

Finalmente, entendemos o bairro do Bom Retiro como um lugar de encontros e trocas onde reside parte da nossa história de imigração, inclusive a de coreanos-brasileires que não cresceram ali. A compreensão de que o futuro é construído e transformado coletivamente se torna essencial para vislumbramos uma solução de retomada do espaço e de retorno à ideia de comunidade, cuja ressignificação se dá por meio da experimentação coletiva e artística. É fazer as pazes com os traumas intergeracionais e individuais. É gestar conhecimento e transmiti-lo às futuras gerações; retomar a ideia de imigração não como fuga, antes como imaginação de um futuro possível.

Mesa Compartilhada, por Patricia Baik

Este texto foi escrito coletivamente por Bia Hong, Claudia Kim, Fabiana Won, Julia Park, Lira Kim, Patricia Baik, Paulina Cho, e conta com depoimentos de Agatha Kim, Ga Eun Kim, Giovana Tak, Giovanna Joo, Ingrid Lee, Isabel Kwon, Jenis Oh, Ana Jo, Kamila Kim, Naomi Jang, Paulina Cho, Paula Chang, Pomy Kim, Sara Hong, Tatiana Choi, Terrila Kim, Yara Hwang.

O Coletivo Mitchossó é um grupo de mulheres e não-bináries coreano-brasileires LGBTQIA+ e heterossexuais, filhes de imigrantes coreanos, que questiona o conservadorismo da cultura coreana no Brasil. Busca fazer as pazes com alguns laços da tradição, através de pesquisas sobre a história da imigração, dos costumes ancestrais e da memória afetiva-culinária, bem como da expressão artística. Na medida em que enfrentamos o desafio de estabelecer um diálogo com a nossa comunidade coreano-brasileira, também questionamos o nosso papel sócio-político no contexto brasileiro.

Notas

¹ Sobre o assunto, consultar: http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v18n1/v18n1a10.pdf.

² A Onda Coreana (Hangul: 한류; hanja: 韓流; RR: Hallyu; MR: Hallyu) é um neologismo referente a populariza-ção da cultura sul-coreana a partir dos anos 1990. O termo foi originado pelos jornalistas de Pequim, que se surpreenderam com a crescente popularidade da cultura sul-coreana na China

Referências

Alex Ratts, Eu sou atlântica. Sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto, 2006.

bell Hooks, All About Love. Nova York: Harper Perennial, 2000.

Bruce Lee, Artist of Life. North Clarendon: Tuttle Publishing, 1999.

Le Monde Diplomatique Brasil, “Vozes da Floresta | Ailton Krenak”. Disponível em: <https://youtu.be/KRTJIh1os4w>. Acesso em: 24.08.2020.

Lindsay C. Gibson, Adult Children of Emotionally Immature Parents, How to Heal from Distant, Rejecting, or Self-Involved Parents. Oakland: New Harbinger Publications Inc., 2015.

  • SangYil Park, Korean Preaching, Han, and Narrative. New York: Peter Lang Publishing Inc., 2008

Este texto faz parte da edição 1.021 de Nossa Voz, publicação editada pela Casa do Povo.

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