Gafieira Estudantina vai reabrir as portas como Nova Gafieira

Pedro Lira
4 min readDec 6, 2019

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Diretor artístico da gafieira anunciou que irá assumir administração do estabelecimento após ficar 8 meses fechado

A Gafieira Estudantina durante muitos anos foi um local que reunia os amantes da dança nas noites cariocas. Um local que não se importava com a concorrência porque vivia sempre lotado. O local reunia pessoas de todos os lugares do rio, todos os tipos de pessoas. Popular, a Gafieira Estudantina já foi usada como cenário de novelas da Globo. Caminho das Índias, O Clone, América, De Corpo e Alma e Barriga de Aluguel tiveram cenas gravadas na Casa. Todos esses folhetins foram escritos por Glória Perez.

“A tradição daquela Casa é a gafieira. Ela foi tombada pelo município por isso. O movimento andava meio baixo, então colocaram um show, e o baile começa às 23h. O baile desse jeito não funciona, quando chega à meia-noite tem quatro casais dançando. Não sou contra o show, mas ele poderia acontecer em outros dias. Vamos respeitar a Estudantina” disse Wellington Queiroz de Oliveira Júnior, de 69 anos, 50 deles na dança.

Gafieira Estudantina

A famosa gafieira Estudantina vai escreveu uma nova página da sua história de 42 anos. Agora, porém, com novo nome. A Nova Gafieira reabriu — como antecipou a Coluna da Marina, em O Globo — depois de um ano com as portas fechadas. Ainda faltava o alvará dos Bombeiros, pequenas obras e algum mobiliário para uma roda de samba voltar a ecoar pelas paredes do espaço tradicional da Praça Tiradentes.

Com 40 anos de muita popularidade, casa cheia, cenário de novela, filmes e series, sendo a casa do dança de gafieira, a estudantina chegou ao seu fim, a casa foi fechada. Com o seu fechamento um pedaço histórico da cidade fazia falta para o seu público, para os donos de bares do entorno e para todos que foram afetados com o encerramento.

Desde o encerramento das atividades, a casa permanece fechada. Os letreiros e a placa instalada pela prefeitura, para indicar o tombamento do imóvel, desapareceram. Os vidros de algumas janelas, estão quebrados. Na vizinhança, a notícia de reabertura já está sendo comemorada por comerciantes e funcionários de outros estabelecimentos da Praça Tiradentes. Para Túlio Pereira, proprietário de um bar localizado ao lado da casa, a volta da gafieira é uma questão de respeito à história da cidade.

— É um local histórico, importante, não pode continuar fechado. Para nós, é muito positivo, porque vai devolver o movimento da praça — diz.

Parte interna da Estudantina

Muitos jovens também admiravam muito esse local, por ver a felicidade de senhores que se deslocavam para dançar, encontrar seus amigos de longas datas e se divertir principalmente.

— Sempre tinha matinês e era bom cruzar com aquelas pessoas mais velhas, bem vestidas, indo dançar. Estava querendo levar minha avó, mas não deu tempo, fechou antes — diz Kareane Pontes.

Na época do fechamento, Paulinho da Estudantina comentou que o motivo do encerramento era financeiro. O baixo faturamento não estava possibilitando nem o pagamento da orquestra.

— Ficamos no vermelho durante mais de dois anos. Trabalhamos com um público da terceira idade, e a crise e a violência influenciam, fazendo com que as pessoas não saiam de casa — disse, em outubro, o diretor artístico, Paulinho da Estudantina.

Segundo ele, a dívida da Estudantina é de R$ 785 mil. Desde maio de 2005, a Ordem Terceira do Carmo, dona do sobrado onde funciona a gafieira, lutava na Justiça pelo pagamento dos aluguéis. A ordem de despejo deveria ter sido cumprida em meados de setembro, mas os donos da casa conseguiram estender o prazo para a gravação do último capítulo da novela “A força do querer”.

Antes de chegar à Praça Tiradentes, a Estudantina teve outros dois endereços. A casa abriu em 1928 na Rua Paissandu, no Flamengo. A iniciativa foi de dois jovens amigos que queriam divulgar a dança de salão. Como eles eram estudantes de direito, decidiram chamar a casa de Estudantina. Um ano depois, a gafieira mudou para a Praça José de Alencar, também no Flamengo. Desde 22/10/2008, o palco da Estudantina Musical recebeu o nome de Maria Bethânia, grande diva da música popular brasileira. Ela foi tombada pelo município em 2012.

A Estudantina ficou exatamente 8 meses fechado, até que ela foi parcialmente reaberta, com o primeiro andar em funcionamento, mas pensando em logo reabrir totalmente o local, para que todas as atividades sejam retomadas, para que o local histórico e tombado como patrimônio histórico seja novamente o berço da dança.

— Primeiro conseguimos reabrir o andar de baixo com uma roda de samba. Agora reabriremos o espaço lá de cima com show da Maria Bethânia, que dá nome ao palco, no mês que vem — conta Paulinho de Souza, que começou a trabalhar na casa como faxineiro um mês após a sua abertura e agora assume o espaço.

Antigo diretor artístico do espaço, onde começou a trabalhar em 1979, Paulinho da Estudantina, por enquanto, não quer dar mais detalhes da negociação.

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