Le Boy: o ícone das noites gays cariocas

A boate foi fundada em 1992 e durante duas décadas marcou as noites cariocas.

Rodrigo Glejzer
MeuRio
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12 min readJun 14, 2022

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Idealizada pelo empresário Gilles Lascar, a Le Boy era voltada ao divertimento gay e recebeu as mais diversas celebridades nacionais e internacionais. Ousada, propôs entretenimento a um público estigmatizado em uma área turística de alta classe. Em 2016, o local entrou em reformas, com promessas de melhorias, mas acabou encerrando suas atividades em definitivo pouco tempo depois.

Antes e depois: Le Boy quando funcionava e agora a esperava de um novo dono — Foto: Reprodução/GayBlog/Arquivo Pessoal

A Galeria Alaska e as primeiras baladas LGBTQIA+

Apesar da Le Boy ser um ícone no entretenimento gay da cidade, coube a antiga Galeria Alaska dar os primeiros passos e desbravar o território hostil constra os LGBTQIA+ que era o Rio de Janeiro nas décadas de 60 e 80. Segundo Balbino Galvão, o lugar foi inagurado em 1951 e, originalmente, era voltado a um entretenimento familiar e luxoso. No entanto, na década seguinte, a área teria seu público remodelado, após virar um reduto para gays e lésbicas, e passou a abrigar algumas das boates mais badaladas de Copacabana como a Stop.

Um dos principais entretenimentos do local eram os shows de travestis protagonizadas por personalidades como Rogéria, Valéria, Manon no antigo Teatro Alaska. Com os shows Internacional Set e Les Girls, a Galeria Alaska virou o principal ponto gay do Rio de Janeiro da época.

Cartaz sobre o show “Les Girls” na boate Stop — Foto: Revista do Rádio

Apesar do sucesso, as boates de Copacabana sofriam com a repressão cultural da época. Principalmente pela ditadura militar que considerava “ser homossexual como algo subversivo, além de ameaçar a moral e os bons costumes” e tinham boa parte da sociedade os apoiando nesse ponto.

Em contrapartida, nos anos 70, outro marco da vida gay de Copacabana surgiu: o Sótão. Também localizada na Galeria Alaska, substituindo a Stop, o lugar ficou conhecido não só pela comida e festas Disco Music, mas também pela sua fama de ser um local sofisticado e “elitizado”, distanciando-se da reputação de “inferninhos” com que as outras boates gays eram taxadas. Segundo Balbino Galvão:

Sendo o primeiro clube privê do Brasil, para entrar na boate você tinha que ter uma certa influência no ambiente senão era barrado na porta

O historiador ainda deixa claro que o lugar logo tornou-se um dos principais pontos de divertimento da cidade

A fama corria solta por ser uma boate de luxo e considerada a melhor boate do Rio de Janeiro.

Reportagem sobre a inauguração da Sotão — Foto: Reprodução/Grisalhos

Sua influência era tanta que o Sótão chegou a receber algumas das principais celebridades internacionais da época. Com a estrutura semelhante à boate do filme Os Embalos de Sábado à Noite, tendo as caixas de som fixadas no teto, o piso coberto por acrílico todo iluminado por baixo e som e iluminação surreais , chegou a receber famosos do calibre de Mick Jagger e Freddy Mercury em suas pistas de dança.

Também foi palco de uma das apresentações mais famosas da noite gay carioca: o Show dos Leopardos. Homens musculosos apresentavam-se em perfomances de strip-tease tanto para pessoas desconhecidas, e que queriam conhecer o lado “promíscuo” de Copacabana, como brasileiros famosos (Cazuza, Elza Soares, Caetano Veloso) e artista estranegiros de renome (Madonna e Liza Minelli).

Um dos Leopardos mais conhecidos foi Guilherme de Pádua, responsável pelo assassinato da atriz Daniela Perez em 1992, antes de conseguir seus primeiros papeis nas telenovelas Mico Preto e De Corpo e Alma da Rede Globo.

Reportagem feita pelo programa “Aqui e Agora” sobre a participação de De Pádua no “Show dos Leopardos” — Crédito: SBT

Crise do HIV e estigmatização do público gay

Apesar do grande sucesso, as boates gays sofreram um enorme baque com o surto de Aids no mundo. A doença foi descoberta nos anos 80 e até o início da década seguinte matou mais de 30 mil pessoas ao redor do planeta. Conforme o vírus foi se espalhando, os noticiários da época, que ainda não sabiam exatamente do que se tratava, reforçavam estereótipos sobre a enfermidade.

Como os LGBTQIA+ eram um dos principais grupos a sofrer com a doença, e desta forma estigmatizando o público gay, os próprios moradores de Copacabana aproveitaram o momento para começar expurgar sua presença do bairro. Amendrotados pela AIDS, que até então não tinha cura ou tratamento eficaz, este pessoal também aproveitou o momento para acabar com os pontos de prostituição que foram formandos dentro e fora das boates da Galeria Alaska.

Atuação da Igreja na mundaça do perfil da Galeria Alaska

A Igreja teve atuação importante neste ponto ao comprar algumas das principais atrações da Galeria Alaska como o Teatro Alaska. O pastor R.R. Soares teve boa participação no desmanche da noite LGBTQIA+ na região. Além de oferecer serviços de “cura gay” para eliminar um “distúrbio espiritual”, conseguiu alugar algumas lojas e montar uma Igreja Internacional da Graça de Deus, que perdura até hoje, no local.

Igreja Internacional da Graça de Deus localizada na antiga Galeria Alaska — Foto: Arquivo Pessoal
Imagem 1: Anuncio de R.R. Soares sobre a venda da cura gay no jornal OGlobo em 1989. Imagem 2: Cartaz com os dias dos cultos ministrados atualmente pelo no local — Foto: Reprodução/DCM/Arquivo Pessoal

Declínio do entretenimento gay em Copacabana

Aos poucos o público homossexual evandiu-se e a vida noturna esvaziou até desaparecer. Hoje o local possui outro nome, Galeria Atlantida, e é o completo oposto de sua antecessora: um shopping center pacato com duas igrejas (possui uma Universal ao lado da Internacionaional da Graça) em seu interior.

O youtuber Julio Marinho contou algumas de suas próprias experiências com a Galeria Alaska e narrou sua visão sobre a ascedência e decadência não só da Sotão como de toda a vida noturna gay entre as décadas de 60 e 80.

Visão sobre a Galeria Alaska e a boate Sotão por Julio Marinho — Crédito: Julio Marinho

Le Boy: a noite precisa continuar

Dono de uma agência de encontros em Paris, Giles Lascar veio pela primeira vez ao Brasil de férias em 1983. Ele se encantou com o país e a receptividade do povo. Regressou quatro anos depois decidido a abrir um restaurante. Com o tempo, percebeu que uma cidade cosmopolita como o Rio não tinha uma boate gay de porte. Em entrevista para a revista época, Lascar ponderou sobre o que motivou à abrir a Le Boy:

As casas que existiam tinham medo do preconceito. O mundo homossexual era colocado debaixo do tapete. A Le Boy transformou isso, como um estabelecimento elegante, onde há respeito.

Algumas das atrações oferecidas pela Le Boy em 2012 — Foto: Reprodução/Twitter/Leboy

Fundada em 1992, na rua Raul Pompeia (102), apenas 300m de distância da Galeria Alaska (localizada na Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1142), a boate franco-brasileira se destacou pela decoração inspirada nos anos 1970, que contava com muitos espelhos, globos e sofás antigos ao longo dos três andares, em um espaço de 1000 m².

Frequentador do lugar entre 2001 e 2006, Fabricio Longo, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional — PPGAS MN/UFRJ, explicou, via entrevista por Whatsap, como funcionava toda a parte interna da Le Boy.

No térreo estavam localizados os três principais locais da boate: Boy Bar, La Girl e a bilheteria. Passando pelo guichê, as pessoas eram direcionadas a um hall em direção a duas escadas. Uma levava para a sauna e a outra para a pista de dança principal.

Festa de Final de Ano na Le Boy com direito a perfomance de drag queens — Crédito: Jack Copa

Subindo, o visitante se deparava com toda uma parte voltada atividades como massagem, banho, vestinário e cabines de sexo. Também encontravam uma academia, onde os go-go boys mantinham a forma entre um show e outro. Nessa área ainda existia uma parte de vidro que dava visão ao andar de baixo.

Descendo as escadas chegava na pista principal. Essa parte era divida em um espaço mais fechado, com direito a um bar e dançarinos perfomando de vez enquando, e outra parte muito mais espaçosa, onde aconteciam os shows de músicas e drag queens. A La Girl, originalmente voltada para o público lésbico, acabou não tendo o mesmo sucesso que a Le Boy e muitas vezes servia como uma pista de dança secundária.

Caso as pessoas mostrassem interesse uma nas outras, elas podiam ir em direção a uma escada, perto do palco principal, que dava acesso ao darkroom. Inicialmente esta parte era iluminado pelas luzes internas, mas em determinados momentos a boate baixava uma tela de pvc que escurecia todo o quarto para que os casais tivessem mais privacidade e pudessem deixar as coisas mais “quentes”.

Tal qual a antiga Sótão, a Le Boy também ficou conhecida pela grande passagem de estrelas nacionais e internacionais em recinto. Os atores Henry Cavil e Armie Hammer e as cantora Katy Perry e Rihanna são algumas celebridades estrangeiras que chegaram a visitar a então mais famosa boate gay carioca.

Imagem 1: Kate Perry e Rihanna curtindo a Le Boy em 2011. Imagem 2: Preta Gil e Ludmilla no último show da boate em 2016 pela Hidden Agenda in Rio (H.A.I.R) — Foto: Reprodução/BN Holofote/RioFesta

Já atriz brasileira Vera Fisher era figura bem recorrente no lugar, enquanto a apresentadora Antonia Fontenelle realizou o lançamento de sua playboy junto a um grupo de drag queens dentro da Le Boy. Vale também o registro de que a cantora Wanessa Camargo chegou a realizar um show em 2010 e de que o lugar ainda recebeu a Hidden Agenda in Rio (H.A.I.R.) antes de fechar as portas oficialmente.

Wanessa Camargo em ação na Le Boy — Crédito: saidemim8

Le Boy: Decadência, fim e possíveis motivos para a falência

Depois de duas décadas movimentando a noite gay de Copacabana, a Le Boy colocou um ponto final em sua história em 2016. Inicialmente, a ideia era fechar apenas para reforma estruturais, mas a boate nunca mais abriu as portas. Para entender o que motivou o fim do ícono LGBT podemos alavancar três posssibilidades:

1 — Reformas na cidade durante as Olimpíadas Rio 2016:

A vinda das Olimpíadas para a Cidade Maravilhosa não objetivava apenas trazer o maior evento esportivo para terras cariocas, mas também ressignificar o papel do Rio de Janeiro quanto a valorização de seu espaço e ao seu consumo, buscando ainda atuar na imagem da cidade no intuito de inseri-la no mapa (ou mercado) mundial de cidades.

Doutor em geografia pela USP, Fabio Silveira Molina explica em seu artigo, “A produção da “Cidade Olímpica” e o contexto do empreendedorismo urbano no Rio de Janeiro”, que “o megaevento é considerado, também, como uma ocasião para a realização de obras relevantes na cidade, de forma a “enriquecê-la” ou mesmo tornar esses novos equipamentos urbanos úteis à coletividade, prevendo sua utilização futura”

Além disso, é a ocasião perfeita para começar a remover alguns redutos que tragam “má fama” a região e, consequentemente, acabem desvalorizando os lugares em relação a sua atratividade para investimentos e turismo. Um caso é a Help, casa norturna localizada na Avenida Atlântica, que, assim como a Le Boy, era símbolo da prostituição em Copacabana até fechar em 2009.

Na tentativa de repaginar a região, segundo Molina, “o governo do estado e a Fundação Roberto Marinho, envolvendo cerca de R$ 70 milhões”, adquiriram o imóvel onde funcionava a boate e plenejaram a fundação de um museu da Imagem e Som no lugar. Apesar de terem iniciado os trabalhos em 2016, as obras ainda estão em andamento e atualmente tem previsão de serem concluídas até o fim deste ano.

De um lado, a boate Help em seus momentos finais. Do outro, o inacabado projeto do Museu da Imagem e do Som. Foto: Celso Meira/ Agência O Globo

2 — Queda na procura pelos “inferninhos

Não atoa o jornal O Globo fez uma reportagem sobre o fim algumas das principais casas noturnas, que também serviam para fins de prostituição, na época das reformas para as Olimpiadas em Copacabana.

Segundo a matéria, haviam cerca de 50 casas, entre as ruas Princesa Isabel e Duvivier, responsáveis pelo rentável movimento noturno que abastecia o polo turístico local. No entanto, com o passar dos anos, esses lugares foram perdendo força até fecharem ou entrarem no ostracismo. São usados de exemplo não só a Help, mas também a Balcony e a própria Le Boy.

Entrevistando um morador local, que frequentou durante anos esse circuito luxurioso e preferiu manter anonimato, um dos motivos apontados para o fim das casas é a facilidade com que é facilidade atual em achar não só pornografia, mas também sexo na internet. Desta forma, procurar for shows perfomáticos e prostitutas de rua acabou caindo em desuso:

Existiam vários shows, de mágico, de anões, de samba, de dança, striptease e sexo ao vivo. Com o tempo, veio a Help, que se tornou a maior boate da América Latina. As casas foram fechando, falindo, e virando outros tipos de negócios. Vieram o celular, as termas, os sites de anúncios e, recentemente, os combos de vodca (tinder, happn, badoo etc), o que deixou a região mais fraca, e também o mercado como um todo. Tanto que vimos, recentemente, duas casas emblemáticas fecharem as portas: a Centaurus, em Ipanema; e a Termas 65, no Centro

A Balcony já sofria problemas desde 2014 — Foto: Ana Branco / Agência O Globo

Para se ter uma noção, o site de pornografia Xvideos possui um acervo com mais de 10 milhões de vídeos disponíveis de forma totalemente gratuita. Além disso, segundo a Semrush, também é o terceiro site mais acessado no Brasil (perdendo apenas para youtube e o Google) em 2022. O Pornhub, criado pelos mesmos donos da produtora pornô Brazzers, encontra-se em sétimo lugar.

Já o site Photoacompanhantes, voltado para o anúncio de serviços de acompanhantes de luxo, contém mais de 150 ofertas de serviço apenas em Copacabana. Além do sexo convencional, as mulheres e transexuais oferecem não só descrição como também serviço personalizado com direito aos mais variados tipos de fetiches e orçamentos. Com isso, os antigos “inferninhos” nas boates acabaram dando espaço a estabelecimento menores e mais reservados como casas de massagem por exeplo.

Em suma, como resumo o morador entrevistado pelo O Globo:

Houve uma mudança de perfil, necessária por várias razões: a onda moralista, o aumento das doenças sexualmente transmissíveis e a própria violência urbana. Tudo isso acabou por deixar a cena mais careta, mas é inevitável. O lado transgressor dos bares ainda existe, mesmo que reinventado: fecha-se um botequim, abre-se uma pastelaria chinesa, por exemplo. Mas, hoje, para ver uma bonitona pelada, basta acessar a internet.

A pornografia é algo cada mais vez presente no nosso dia a dia — Crédito: Spotniks

3 — Mudança de perfil do público gay

Montada nos anos 90 e com o intuito de ser “ a boate”, a Le Boy não tinha grandes desafiantes em sua época e dominou as noites cariocas até se tornar um ícone. No entanto, com o passar dos anos, novos concorrentes foram entrando no circuito e, aos poucos, foram tomando mais espaço na cena LGBTQIA+. Para Fabricio Longo, o cada vez maior fracionamento do público gay contribuiu para a perda de popularidade da casa norturnade Gilles Lascar:

As festas foram se segmentando mesmo. Se pegar entre 2010 até 2020 nós também temos todo tipo de festa LGBTQIA+. As com bebida liberada (com público mais popular), festas funks. Existem boates como a Fênix (Campo Grande) e a Papa G (Madureira) que tinham um público considerado mais popular, fora desse eixo Centro-Zona Sul.

Outro ponto discutido por Longo foi a falta de necessidade em se ter um espaço físico fixo para realização de uma festa nos dias de hoje:

Hoje, ainda mais no contexto pós pandemia, o que acontece mais no Rio de Janeiro é existirem os espaços a serem alugados para festas. Então se você for produtor, cria uma página na internet, divulga nas redes sociais, contrata um DJ, paga o aluguel do espaço e faz a sua festa. Essa coisa de você ter uma boate fixa, como se fosse “o lugar”, sem uma festa temática, mudou um pouco, morreu um pouco. Então essa estrutura que foi pensada para a Le Boy, provavelmente idealizada nos anos 80, não se sustenta mais atualmente.

Um exemplo citado por Longo como um lugar que soube se adaptar foi a The Week (hoje conhecida como The Home). Da mesma forma que a Le Boy, a boate de Andre Almada foi pensada para ser o grande point LGBTQIA+ no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas conforme essa necessidade de diverficação de público foi crescendo, eles também passaram a alugar o seu espaço para quem quisesse propor uma temática diferente para o local.

O professor de literatura Cesar Lopes, em outra matéria do O Globo na época do fechamento da, também falou sobre uma mudança no perfil do público gay que Lascar e seus associados não souberam, ou não quiseram, acompanhar:

Um resumo: casa vazia, que ainda respirava pela fama de outrora, e clientes mais velhos. Assim como tudo na vida, as pessoas mudaram e este foi o grande erro do Gilles. Hoje, nós queremos open bar, gente bonita e jovem, o que não se via mais na Le Boy

A Le Boy hoje

Atualmente o prédio em que a boate funcionava ainda está para a venda. Segundo o site Casa Mineira, quem quiser adquirir o local terá que pagar cerca de R$ 13 milhões para ter acesso a cozinha, quatro banheiros, academia e a sauna. O valor já chegou a ser R$18 milhões em 2016.

Indo até o lugar ainda pode ser vista a antiga fachada da boate, mas sem tradicional o “Le Boy by Gilles Lascar” pendurado em uma das marquises. Adentrando a galeria, que dava acesso as áreas de entretenimento, dá pra perceber que nada da antiga decoração perdurou. Agora há apenas caixas e mais caixas como se o lugar tivesse virado apenas um deposito.

Da antiga Le Boy, a então maior boate gay do Rio de Janeiro, apenas memórias perduram.

A entrada para uma das pistas de dança da Le Boy em seu estado atual — Foto: Arquivo Pessoal
Do lado esquerdo a galeria nos tempos de movimento da Le Boy. Do lado direito seu estado atual— Foto: Arquivo Pessoal

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