O Barra Music, da sua inauguração e auge até o declínio e ressurgimento

Lucas Romeiro
MeuRio
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5 min readDec 4, 2020

Conhecida por seus altos e baixos, shows super lotados e polemicas, a casa de festas já foi protagonista de problemas judiciais e chegou até a parar o trânsito

Local do antigo Barra Music será reaberto como nova casa de eventos

No dia 9 de novembro de 2011 no bairro da Gardênia Azul, mais especificamente na Avenida Ayrton Senna número 5850, surgia com um show do cantor Jorge Bem Jor a casa de espetáculos conhecida como Barra Music, com capacidade para aproximadamente 6,6 mil pessoas o sucesso não demorou a chegar, afinal a casa já contava com um sistema de som e iluminação no mesmo padrão das maiores boates da época no mundo, outro grande atrativo eram os preços, além de ingressos baratos, a boate também possuía bebidas alcoólicas como whisky, gin, cerveja e vodca a preços acessíveis, assim como as misturas, sucos, refrigerantes ,água ,etc… também.

Show da dupla sertaneja Jorge e Matheus em 2016 (Foto: Luiz Henrique Estevam / ZIMEL)

Apesar de diversos gêneros musicais já terem marcado presença na casa, seus principais sempre foram pagode, funk, sertanejo e rap, marcados por shows de artistas renomados como Anitta, Charlie Brown Jr, Nego do Borel, Luan Santana, Planet Hemp, Naldo, Wesley Safadão, Alcione, Bruno e Marrone, Thiaguinho, etc…, entretanto não apenas de bons momentos o Barra Music viveu e diversas polemicas já ocorreram na casa, tais como:

Transito: No ano de 2013, a Secretaria Municipal de Ordem Pública chegou a suspender o alvará de funcionamento do “BM” duas vezes, segundo o secretário de Ordem Pública Alex Costa, a casa de shows era uma das principais responsáveis pelo transito ruim na Barra da Tijuca e só voltaria a funcionar caso encontrasse uma solução para o problema, no entanto a assessoria de imprensa do local negou ter sido informada de tal decisão e prometeu obras para reestruturar o espaço; Para se ter uma ideia, no ano de 2016 a Prefeitura do Rio fez um esquema especial de transito e segurança para receber um show do cantor Wesley Safadão, porem diversos grupos de fãs afirmaram que para chegarem no evento saindo da Zona Sul, demoraram mais de cinco horas apenas no transito.

Trânsito ficou congestionado nos arredores da casa de shows (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)

Alvarás: Na realidade a casa nunca teve um alvará permanente de funcionamento, sendo assim a empresa que administrava o local tinha que tirar um específico para cada show que acontecia lá e ainda renovar os provisórios a cada seis meses; além disso, outros problemas da casa já fizeram a mesma ter seus alvarás caçados com frequência, como por exemplo o já citado problema no transito local.

Dividas: Sem dúvidas o principal motivo que levou o “BM” a fechar suas portas, em dezembro de 2017 a boate tinha uma dívida de aproximadamente R$ 50 Milhões por faltar com o pagamento do IPTU, por conta disso dois sócios largaram a diretoria da casa na época, fazendo com que ela chegasse ao seu fim pouco tempo depois.

A casa também já foi xodó de diversas personalidades, dentre elas podemos destacar sem duvidas as do mundo da bola, afinal jogadores como Romário, Ronaldinho, Adriano Imperador, Jô, Vagner Love, etc… já foram avistados dezenas de vezes no local, inclusive o técnico Joel Santana chegou a falar em entrevista ao Globoesporte, que seu trabalho no Flamengo em 2012 não funcionou por conta da boate: “Os caras moram lá. Nunca vai dar certo” -disse o treinador.

Estrutura: A casa é subdividida em 3 partes, primeiro temos a pista com um ingresso muito acessível (10–20 R$) entretanto em um espaço completamente entupido, em segundo temos a famosa “Jirau” que se encontra nos andares superiores na parte fora dos camarotes, o seu preço varia (30–40 R$) e a área surge como uma opção ainda barata mas para aqueles que gostam de um pouco mais de espaço, por último temos os camarotes, com valores mais altos (mais ou menos 100 R$ por pessoa dependendo dos benefícios como bebidas e proximidade ao banheiro) mas que ainda sim vivem concorridos por conta de abrigarem uma boa quantidade de pessoas, fazendo grandes grupos de amigos conseguirem gastar menos; Tal tabela aproximada de preço permanece até hoje.

O ressurgimento como “Espaço Hall”

Foto: https://espacohall.com.br

Em 27 de fevereiro de 2019, com um show do cantor Alexandre Pires o local foi aberto novamente após ser comprado por um novo grupo de empresários que o batizaram de “Espaço Hall”, apesar da essência da casa continuar praticamente a mesma, dá pra dizer que ela evoluiu em diversos aspectos, de acordo com um dos gerentes comerciais do estabelecimento, agora o local tem estrutura para realizar bailes de formatura, projetos esportivos, espetáculos teatrais, convenções, feiras e congressos, além das costumeiras atrações musicais.

Avaliação como cliente: Particularmente já tive a oportunidade de visitar a casa tanto como Barra Music quanto como Espaço Hall e tanto na Jirau quanto nos camarotes (a pista de lá é absurdamente cheia e nunca cheguei a ir) devo dizer que a experiencia é praticamente a mesma, apesar de eu não ser um grande admirador de sertanejo e pagode, consigo me divertir bastante apesar de tais gêneros musicais serem praticamente certos em determinado horário por lá, os preços são bem bons e direto alguém forma as “listas amigas” que barateiam mais ainda alguns ingressos e bebidas; No geral o grande problema da casa permanece o mesmo, tentar ir pra lá de carro é praticamente um teste de paciência visto o transito absurdo no local, indo de Uber o problema obviamente permanece e ainda pode acabar ficando caro (principalmente de madrugada), já cheguei a ir para lá de ônibus saindo do Barra Shopping com uns amigos e a experiencia foi de certa forma boa, entretanto não recomendável de madrugada, visto que a área de fora da casa pode ser considerada perigosa e centenas de assaltos já foram reportados pelas redondezas após acabarem os shows.

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