Notas de um aspirante a UX

Gessé Celestino
Notas de um aspirante a UX Design
7 min readApr 6, 2020

Breve rascunho de quem começou estudar UX há 18 dias

Imagem: Burak K. Adaptada pelo autor.

Quem sou eu?

Seja bem-vindo, caro leitor(a). Não pretendo ser enfadonho neste breve relato autobiográfico, desejo apenas me apresentar. Meu nome é Gessé Celestino, tenho 26 anos, paulistano com sotaque mineiro, pois atualmente resido em Uberlândia-MG, e aspirante assíduo a UX. Leitor ávido, apaixonado por literatura, tecnologia e arte. Busco sempre mesclar meus hobbies e estudos, pois acredito que ambas esferas contribuem mutuamente para “insights” valiosos e clarificação de ideias, uma vez que meus hobbies envolvem muito apelo visual/imagético.

Nunca tinha ouvido falar em UX (User Experience)

Imagem! É aqui que tudo começa.

Eu nunca tinha ouvido falar sobre UX na vida, nem sabia ao menos que existia uma profissão com essas especificidades. E como fiquei sabendo? Bem, caro leitor, nada na vida é por acaso. Sempre gostei de arte em geral, seja retratada no cinema, pintura, etc., e foi a partir desse interesse primário que iniciei alguns estudos em UI (User Interface) fazendo uso de ferramentais bem conhecidas, tais como Adobe Illustrador, Adobe XD e Adobe Photoshop. Inicialmente como hobbie, mas não descartava a possibilidade de adentrar no mercado como um profissional.

Aos já versados no assunto, muita calma nessa hora, sei que UX não é somente sobre identidade visual, aos novatos (embora seja difícil alguém mais novato que eu na área estar lendo isso agora), no próximo tópico trarei algumas noções básicas que indicarão o que é UX.

Os estudos em UI me instigaram a saber cada vez mais sobre o uso das ferramentas e todo o conceito por trás na criação de um website, flyers etc., e foi a partir daí que um simples hobbie passou a ganhar aspirações profissionais. Após ser aceito em um grupo do Facebook que versava sobre assuntos concernentes a UI, dei de cara com um post (rs) falando sobre identidade visual e clientela, tive meu primeiro contato com a sigla UX.

O post era até interessante, falava sobre como os designers deviam olhar o contexto, para projetar uma imagem capaz de ter um alcance maior etc., mas nada mais que isso. Todavia algo me chamou atenção nos comentários, um rapaz chamado Julio Ferracini, ao perceber a bola que foi levantada, como um hábil evangelizador, começou a discorrer avidamente sobre esse tal de UX, que até então eu nunca tinha ouvido falar. Ele se mostrou muito experiente no assunto e transitou entre perguntas e repostas dos outros participantes no debate com muita facilidade, paciência e humildade (não, ele não está me pagando para eu escrever isso, nesse momento ele nem sabe que eu estou redigindo esse texto, rs). E foi aí que o UX me chamou a atenção.

Após terminar de ler o debate e participar com algumas perguntas, adicionei o Julio no Facebook e levantei outras questões para tentar entender melhor o que era UX. Ele, por sua vez, prontamente aceitou o convite de amizade e propôs, de imediato, uma chamada de vídeo para apresentar o UX de forma sumariamente mais detalhada. Feito! Após uma hora de conversa passei a compreender melhor, embora não totalmente, o que era UX Design e outros desdobramentos como UX Research e UX Writing, além de receber dicas valiosíssimas sobre os principais cursos da área, como o Interaction Design Foundation (onde atualmente sou aluno) e o Nielsen Norman Group (calma, veteranos, ingressarei nesse apenas daqui bons longos anos, já me falaram que é barra pesada). Ele também me forneceu um panorama geral do mercado de UX no Brasil e no exterior, o que me ajudou a visualizar a empregabilidade da área.

Foi a partir desse ponta pé inicial que comecei a investigar, quase que 13 horas por dia, mais a fundo sobre UX. Fiz um levantamento bibliográfico dos principais títulos de UX no mercado, comecei a ler dezenas de artigos do Fabrício Teixeira no UX Collective, assim como seu livro introdutório sobre UX Design, participei de diversas jornadas de UX (como UX Unicórnio, Design Circuit, Aela), assisti diversos vídeos do Daniel Furtado e do Rodrigo Lemes no YouTube, do UXlab, etc. Conversei por vídeo chamada com outras pessoas (um agradecimento muito especial aqui ao Heber Alvares, que me forneceu alguns materiais sobre economia comportamental e me explicou sobre como isso é muito relevante em UX), troquei mensagens com diversas pessoas da área (menção especial ao Pedro Fernandes, que me tirou muitas dúvidas e me encorajou demais) sobre a profissão, li diversos textos em blogs nacionais e internacionais. Enfim, realmente uma IMERSÃO!

*Mais uma ressalva, não estou recebendo patrocínio ou recomendação de nenhum desses supracitados, assim como o Julio Ferracini, nenhum deles faz ideia de que eu estou escrevendo esse texto. E por que fariam? Afinal, é somente uma nota de um aspirante a UX…*

O que me encantou em UX?

Imagem: Bongkarn Thanyakij

Diversas coisas que me encantaram em UX, a lista seria infinita se eu elencasse os diversos pontos aqui, mas separei apenas quatro que me chamaram mais atenção nesse momento:

  • Centralidade no usuário: Dentre tudo o que já vi até o momento, pode parecer óbvio, mas o que mais me encantou foi a proposta de ser uma função centrada no usuário (User Centered Design). Como eu não conhecia muito o mercado, guiava-me pelo senso comum de sempre achar que a decisão do cliente sobre o produto teria a palavra final, ou seja, se o cliente assim deseja, o time tem que desenvolver, sem muito espaço para contingências ou ideias fora da curva.
  • O olhar do time para o projeto: Todavia, após alguns dias de estudos e conversas, comecei a entender melhor que ao trabalhar com design centrado no usuário o avanço do time no processo do projeto é muito maior, e a satisfação final, tanto do usuário quanto dos stakeholders, são supridas, melhorando, assim o ROI (Return on investment) da empresa. Isso me cativou de imediato, pois como estudante de Letras e Filosofia, sempre prezei, em relações profissionais ou pessoais, por uma abordagem humanizada, que levasse em conta o ser humano como um todo, ou seja, em seu contexto social, personalidade, condição financeira etc., e, principalmente, seu sentimento (páthos), e saber que um time se esforça tendo isso em vista é fascinante.
  • Design humanizado: Saber que User Centered Design (Design Centrado no Usuário) é necessário no processo me instigou bastante, aprender que para criar bons produtos temos que compreender o que é necessário e relevante para o usuário, não para mim, ou para terceiros; é mostrar que a empatia se faz presente em todo o processo criativo; é se mostrar amigo do usuário e trazer a voz dele para o projeto; é observar um usuário real num mundo real e fazer pesquisas e avaliações com seus produtos a partir de análises e experiências prévias que ele te fornece (direta ou indiretamente). Com o perdão do neologismo (ou não, pois não estudei o suficiente ainda para saber se é), isso é Design humanizado! É incorporar, na prática, a frase de um filósofo-político que admiro muito chamado Francis Schaeffer: Não existe gente sem importância.
  • Possibilidades: As possibilidades de se criar algo útil para as empresas que podem impactar a sociedade são infinitas, o campo é vasto, e isso me persuade a cada estudo que faço, como D. Norman diz no título do seu livro, é fazer design do dia-a-dia no dia-a-dia. E um design centrado no usuário, que é comumente considerado como algo ordinário, é que faz o trabalho do UX ser tão extraordinário pra mim.

O horizonte da interdisciplinaridade na multidisciplinaridade

Enfim, o último tópico, obrigado a você que teve paciência de ler até aqui.

Imagem: Daria Nepriakhina

Acho que alguns de vocês já devem estar se perguntando: Por que ele está migrando de Letras e Filosofia pra UX? Bem, eu não diria que é meramente uma migração, pois nossa formação, assim acredito, é sempre contínua, mas compreendo que objetivos mudam, e eu readequei os meus. À vista disso, não encaro totalmente como uma migração (embora eu reconheça que há esse aspecto no movimento que estou fazendo), mas como projeção.

Algo que me chamou muita atenção ao estudar a forma que UX se apresenta como função foi o fator interdisciplinar, não importa de qual área você veio, sempre há com o que contribuir, pois UX é sobre a vida! UX é estudo sobre a vida humana em suas formas multifacetadas — aliás, lidar com wicked problems envolve toda essa complexidade oriunda do ser e estar no mundo, interagir com pessoas e produtos a fim de entender os usuários e solucionar problemas, não é?

Observar nessa profissão uma gama de possibilidades onde eu possa ao mesmo tempo agregar e aprender, e, além disso, colocar em prática todo o meu background das ciências humanas, realmente me motiva. Saber que num time há diversos tipos de pessoas que analisarão o problema de forma multidisciplinar a partir de UX, que seria o fator interdisciplinar aqui, é o que eu buscava. Essa dialética prática entre os diferentes tipos de ciência e funções no time, em prol de um objetivo só, é muito instigante.

Resolver problemas e facilitar a vida daqueles que mais necessitam me parece ser muito gratificante. Por esses e outros motivos, que não elenquei a fim de poupar o texto de muitas laudas, é que me tornei um novo aspirante a UX há 18 dias.

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Gessé Celestino
Notas de um aspirante a UX Design

Paulistano, Product Designer, graduado em Letras, Filosofia, amante da sétima arte e esposo da Miss ❤️ https://bento.me/gessecelestino