Ô logo horrorosa…

O início de ano do futebol brasileiro

Pedro Turambar
Notas da arquibancada
7 min readFeb 26, 2016

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O que de mais importante aconteceu nesse início de temporada e algumas verdades.

A Primeira Liga

A temporada do futebol brasileiro de 2016 começou, finalmente, com uma novidade: A Primeira Liga. Finalmente surge uma luz no fim do túnel escavado pela CBF, alguns clubes de Minas, do Sul mais Flamengo e Fluminense se juntaram para criar um novo campeonato, fora da asa podre dos coronéis que comandam as federações estaduais.

Como somos brasileiros, e não desistimos até estragar uma boa ideia antes mesmo de colocá-la em prática, a Primeira Liga quase não aconteceu pelo mesmo motivo que fazem os clubes serem reféns da globo, do sistema coronelista das federações e da CBF: amadorismo e cartola torcedor. Enquanto existirem esses dois cânceres na gestão dos clubes brasileiros o futebol, por aqui, nunca vai dar certo.

Por caminhos tortos, a Primeira Liga acabou acontecendo, e começou relativamente bem, com bons jogos e bom público, principalmente nos dois jogos do Mineirão. O de abertura, entre Atlético e Flamengo, com mais de 30 mil pessoas, e Cruzeiro e Fluminense, com mais de 20 mil. Quanto melhor o produto, mais público, mais dinheiro e melhor vira o negócio pra todo mundo. Mas é difícil meter isso na cabeça do cartola que acha que o importante mesmo é ser melhor que o rival.

Amigo, torcedor é quem tem que detestar rival. Para cartola, rival é parceiro de negócio. Um precisa do outro, tipo o Batman e o Coringa. Esses homens de negócios adoram ler livros de outros homens de negócios, O Pequeno Príncipe e A Arte da Guerra, mas não aprendem nada com eles. No dia que existir o monopólio no futebol ele acaba. Ou você acha mesmo maravilhoso que apenas dois times (e a cada dez anos um terceiro) tenham chances em um campeonato nacional que dura o ano todo? (Um beijo Liga Dos Dois Times)

Made In Brazil Bought By China

Quem tem medo da China? Que transforma carvão em dinheiro e, como já não tem mais o que fazer com ele, vem no Brasil jogar maços de dólares na cara de nossos jogadores. Levou meio time do campeão brasileiro e está levando o último artilheiro do Brasil.

O problema não é a China. Ou a Ucrânia antes dela. Ou os árabes antes destes. Ou mesmo a Velha Europa que levava nossos meninos a peso de ouro. A Europa ‘quebrou’ mas alguém sempre está nadando em dinheiro, e o futebol é fácil de lavar e divertido para as massas que queimam como combustível fóssil. Com a gestão abandonada do nosso futebol, a base sucateada como é, fica muito fácil.

Nem precisava do dólar a R$4,00.

Imagina o tamanho do futebol brasileiro se a CBF se importasse com ele, desde a entrada de Ricardo Teixeira, como se importou em fazer a Seleção ser a galinha dos ovos de ouro. Ao invés de uma galinha. teríamos uma franquia de granjas (irônico não?) com uma produção de ouro quase ilimitada.

Os ingleses enxergaram isso. A seleção deles é patética e ganhou uma Copa muito da roubada, sim, mas o pior time da Premier League tem mais dinheiro hoje que a Séria A do Brasil inteirinha. Caso não saiba, os clubes ingleses fecharam um novo contrato para transmissão dos jogos por 5 BILHÕES DE LIBRAS, isso dá 22 bilhões de reais, por TRÊS ANOS.

Sabe por quanto o São Paulo fechou o acordo com a TV Paga — que todos os clubes estão fechando — ? 500 milhões de reais. Por 5 anos. Para 20 Clubes.

O Brasil nunca foi o país do futebol. Nunca.

Se estadual não vale nada, por que derruba técnico?

O brasileiro, em seu estado natural, já devia ser estudado, mas o torcedor brasileiro precisa de camisa de força.

Os estaduais são ridículos. Não a existência deles, veja bem, mas os formatos. São inchados, com nível técnico ridículo, praticamente sem público e só servem para encher os cofres das federações estaduais que, mais uma vez eu digo, não servem para absolutamente nada. A não ser, claro, enriquecer os presidentes. Tem um presidente que está há mais de 40 anos no cargo.

Esses senhores feudais usam, todo ano, a mesma falácia para defender seus territórios férteis “Os clubes pequenos vão quebrar sem os estaduais, são milhares de empregos, jogados fora.” Acho que eles relevam o fato de que com os formatos atuais, milhares de jogadores FICAM sem empregos e times pequenos jogam 4 meses durante o ano. Mas quando os estaduais acabam, lá para Maio, ninguém mais se importa mesmo.

É um problema tão fácil de resolver…

Se os clubes fossem unidos, se os cartolas não fossem burros e se o torcedor médio entendesse um pouco mais disso tudo. Enquanto a mentalidade dele for “se ganhar não vale nada, mas se perder está tudo errado”, e os dirigentes aceitarem essa pressão que vem da torcida e é alimentada pela imprensa que faz parte (e muito) de tudo isso, não vai adiantar nada.

Não é mesmo Eduardo Baptista?

Vamo São Paulo, Vamo São Paulo, Vamo Ser Campeão!

Existia um clube no Brasil que era o grande exemplo a ser seguido. Modelo de gestão, saúde financeira e futebol vencedor. Tricampeão brasileiro, campeão da libertadores e mundial. O São Paulo era o grande exemplo a ser seguido.

Banana

Até a loucura do falecido Jota Jota (Juvenal Juvêncio) atacar e o grande clube brasileiro se perder completamente em picuinha política da Oligarquia paulista. Advogados, grandes homens brancos que controlam o país lá do Morumbi nada mais são que um pequeno exemplo de tudo que acontece no Planalto Central. Sai a figura JJ entra o paspalho Carlos Miguel Aidar, com seu cartão de visitas de Senhor de Engenho, elogiando Kaká, pois tinha a cara do clube, o menino branco e rico com todos os dentes na boca.

O mundo anda em ritmo de lebre enquanto a elite branca anda a passos de tartaruga. Não consigo entender racismo no futebol. Logo ele, o esporte que tem como maior símbolo o menino negro de três corações. Aliás, entendo, mas não queria.

Enfim, Carlos Miguel Aidar deu nome a outro besta com mesmo nome de Barão do Café, Carlos Augusto de Barros e Silva. Numa renúncia que aconteceu por causa de uma fita, gravada pelo vice de futebol, em que Aidar admite ter recebido dinheiro de contratação de jogadores entre outras comissões. E eu nem vou contar o fato do patrocínio de uma empresa em que sua namorada era funcionária e receberia uma comissão monstra.

Conta-se que os torcedores, sim eles, quiseram abafar o caso da fita. Não queriam expor tanto a corrupção do clube. Essa mentalidade vai levar o futebol para o túmulo. Ou, para ser mais realista, nunca vai tirá-lo de lá.

Entre as tantas besteiras que fizeram, a maior delas foi mentir para o pobre do Osório. Que não aguentou ser marionete e teto de vidro para cartola covarde e trocou Cotia pela Seleção do México.

Robinho

E não é que a China também descarta? O jogador favorito de Galvão Bueno, em toda história, acabou enfim no Atlético, meu time. Para meu total desgosto, digo sem o menor problema. Robinho representa muito do que eu detesto no futebol. Jogador medíocre (na maior acepção da palavra) na maior parte da carreira (deixo de lado aí o campeonato brasileiro de 2002), criador de problemas, formador de panelinha, nunca foi muito do meu gosto.

Pedala, corre e nada…

Brigou no Santos para ir ao Real Madrid. Jogou ao lado de Zidane, Ronaldo, Beckham e outros galáticos. Não foi nada lá, Sávio, para ficar em um exemplo, é lembrado com muito mais saudade que ele. Brigou no Real Madrid para ir ao Manchester City. Mais um clube onde foi o zero a esquerda, mas que poderia ter sido a grande estrela. Faltavam os parças. Depois brigou no City para ir ao Milan. Meu segundo time, desde a Copa Centenário de 1997.

A ida de Robinho culminou na desgraça iminente do clube rossonero, me afastando de vez de um time muito querido. Sou contra o menino Róbson no conceito. Fez juras de amor ao Santos, mas queria 800 mil reais para voltar à Vila. Espero que ele nunca chegue a amar o Galo assim.

Pode ser que ele dê certo e até conquiste mais que Ronaldinho conquistou. Ora, Robinho pode até liderar meu Galo ao meu sonho de consumo, mais um título brasileiro, que eu nunca irei gostar dele. Acho que o Atlético poderia ter investido em quem teve muito mais futebol e muito menos, digamos, puxa-saquismo, que Robinho, seu colega Diego.

Exatamente o meia que o Galo precisava e que eu sonhava. Robinho não foi contratado pelo jogador que é, muito menos pelo que foi. Foi contratado pelo nome e tamanho que a imprensa brasileira lhe deu. Entendo, mas não concordo.

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Um grande abraço!

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