Os 5 desafios de Adenor

Pedro Turambar
Notas da arquibancada
5 min readJun 21, 2016

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Quais as maiores pedras no caminho de Tite?

Sem dúvida alguma a Selecinha volta a ter a atenção da população e de quem gosta de futebol. Talvez para o resto do mundo nós ainda sejamos só uma sombra de um passado glorioso em frenética decadência, mas para quem sabe dos últimos anos do novo comandante, o futuro não parece mais tão nublado. O pior de toda essa história, é que se Tite tivesse entrado logo após a Copa das Copas ele não estaria no ápice como está agora.

Sim, vencer a Libertadores e o Mundial com aquele Corinthians já deveria ter lhe dado o lugar que nunca deveria ter sido de Dunga, imagine duas vezes! Porém, após os títulos, Adenor saiu do Timão em busca de conhecimento e um ano sabático para melhorar e estudar. Precisava. Seu último ano no Corinthians, 2013 foi fraquíssimo, foi a consolidação de um apelido não muito bom de se ter: Empatite.

Futebol feio, 1 a 0 era goleada e uma série absurda de empates fizeram com que Tite decidisse que precisava de ver o mundo e estudar. Bom pra ele.

Na sua volta, a princípio, parecia que Tite era o mesmo e seus estudos eram uma bravata (como a de muitos outros antes dele, Oi Felipão!). Mas o título brasileiro de 2016 mostrou algo realmente diferente no treinador. Ele fez de um time com até 10 meses de salários atrasados, com ex-jogadores em campo e a descrença de boa parte da mídia e da torcida, um time campeão. Campeoníssimo. Melhor defesa, ataque, saldo, vitórias fora e em casa. Tudo que você quiser.

Por Deus, Tite fez o Corinthians chorar de saudade de Wagner Love.

Mostrou, de uma vez por todas, que é um cara diferente de todos os treinadores brasileiros, que assim como a nossa direita, vivem na década de 70.

A CBF não acertou ou errou, ela simplesmente não tinha escolha. E o fato de estar aceitando todas as condições de Tite só prova isso. A CBF é uma instituição cheia de dinheiro mas moralmente falida e está jogando todas suas fichas no gaúcho. É a última esperança para salvar a amarelinha.

Mas Tite terá, além da própria CBF e seus coronéis, outros problemas:

1 — Neymar

O maior desafio de Tite é em relação a Neymar. O sucesso ou fracasso da “nova” seleção passa por ele e se não for domado, cuidado e tratado da forma correta nosso garoto de ouro se perde. No Barcelona Neymar tem monstros jogando ao lado dele. Ele admira e olha lááá de baixo para Messi. Isso o faz humilde e o faz trabalhar com um foco que nunca teve. Ele não só quer, como precisa de Messi para se tornar tão grande como ele.

Já na seleção ele olha para todos de muito, muito alto. Recebeu a braçadeira de capitão sem nunca tê-la merecido e fez cagada atrás de cagada com ela. Que Tite consiga colocar Neymar no caminho certo. Se tem uma coisa que Adenor consegue é isso.

2 — Tempo de grupo

Tite é um cara de grupo. Isso quer dizer que quanto mais tempo ele passa com seus comandados, mais eles confiam nele e vice-versa. Além disso, ele é sempre justo em suas escolhas, não deixando espaço para beicinho e, mesmo quando eles ocorrem, tudo é resolvido internamente.

Com bem menos tempo com seus comandados, essa forma de Tite trabalhar vai ser colocada à prova.

3 — Geração medíocre

Eu já falei sobre nossa geração aqui:

Tite tem uma qualidade acima de todas outras: fazer de um bando de jogadores medíocres um time campeão. Mais uma vez, o Corinthians hoje chora de saudade de Wagner Love. Ele tem bons jogadores na mão, sendo um deles genial. O problema aqui se junta com o No. 2, o tempo. Treinar um clube é muito diferente de uma seleção pelo tempo que não se passa junto e pelo pouco tempo de treino.

4 — Desconexão com a Seleção

A verdade é que desde aquele gol de Henry e do show de Zidane em 2006 ninguém liga muito mais para a Seleção. Nosso futebol entrou em coma naquele dia e, aparentemente, ainda não acordou. Ou pior, acordou, para levar duas pancadas ainda mais fortes e voltar a ficar à beira da morte. 7 x 1 e eliminação na primeira fase da Copa América de mentira.

Tite comandava um dos times com maior e mais chata torcida do Brasil. Aliás, boa sorte Cristovão, você vai precisar. Lembre-se que, não fosse a diretoria (pela primeira vez) ter coragem, a história de Tite no Corinthians teria acabado logo após a vexatória eliminação para o Tolima, o jogo que aposentou Ronaldo.

Todo mundo liga para o Corinthians e ninguém está nem aí para a Seleção.

5 — Sobreviver a 2018

Pode anotar, Brasil não vai ganhar a Copa de 2018 e é aí que mora o maior perigo. Se em um clube é necessário pelo menos dois anos de trabalho para colher resultados, em uma seleção você precisa de pelo menos dois ciclos mundiais. Tite terá o mesmo indulto que teve após o Tolima?

Tomara que sim.

Para terminar, fique com essa imagem. Da mãe de Tite, segurando a camisa da Seleção, como um símbolo de esperança para que a maior de todas volte a ocupar esse posto e que possamos nos orgulhar do nosso futebol de novo.

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