Temos que nos acostumar com a mediocridade que nos abraça

Pedro Turambar
Notas da arquibancada
3 min readJun 28, 2015

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Segurem-se, pois quem se acostumou com as histórias de 70 e 82, e viu 94, 98, 2002 e 2006, vai sofrer com um longo tempo de seca.

O Brasil acaba de perder nos pênaltis por 4 x 3 contra o Paraguai. E, de uma vez por todas, nós temos que nos acostumar a ver, vestindo a ex camisa mais respeitada do futebol mundial, um time medíocre.

A Copa América de 2015, sediada pelo Chile, tinha todos os ingredientes para ser a melhor da história. Colombia, Uruguai, Chile, Argentina, Brasil, Peru, Equador todos com boas seleções, principalmente as cinco primeiras. A Copa América de Messi, Neymar, James, Cavani, Vidal, Sanchez, Tevez… Jogadores que fizeram ótimas temporadas e vinha de uma boa Copa do Mundo.

Como a expectativa é traiçoeira não é mesmo? Essa é a pior Copa América que já vi, um jogo mais pavoroso que o outro, nível técnico terrível e desses jogadores que citei nenhum chegou perto de cumprir o que se esperava. Mas acho que mesmo com o nível baixíssimo, todo mundo imaginou que a Seleção de Dunga e Gilmar pudessem se sair bem, como nos 11 jogos que ele ficou "invicto."

“Eu até acho que eu sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar." — Dunga.

Sim. O técnico da seleção brasileira falou isso.

Além de toda a sujeira de FIFA, CONMEBOL e CBF, e desses dois palhaços da imagem acima, é preciso admitir:

Não temos uma boa geração de bons jogadores.

Temos um craque de cabeça vazia, uma confederação que não tem a menor ideia do que é futebol e um gerente de futebol estapafúrdio e um técnico burro. Em suma, é isso que temos e por mais que o FBI esteja com a mão na massa para "salvar" o futebol, os Marco Polo Del Neros ainda estão espalhados por dezenas de confederações.

Temos, cada vez mais, uma geração de garotos, meninos que, não importa a idade, continuam garotos. O choro de Thiago Silva no jogo contra o Chile na Copa do Mundo, Robinho correndo para tirar foto com Zidane após o Brasil ser eliminado em 2006, Neymar se sentindo o Deus do futebol podendo fazer o que quiser sem consequências (falarei sobre o menino Neymar em outro texto).

Falta futebol, falta quem entenda disso e mais que tudo, falta admitir que seremos medíocres — na principal concepção da palavra — , e que o seremos por muito tempo.

Messi é a prova cabal de que um gênio não faz um time. É provável que Neymar trilhe o mesmo calvário na seleção da CBF.

Depois de tantas e tantas gerações de ótimos jogadores, e umas três geniais, sendo duas delas estratosféricas. É o momento de aceitar, que estamos entrando numa era de extrema mediocridade do futebol brasileiro — como um todo. Ou você consegue vislumbrar alguns jogadores, que chegam infimamente ao nível que Neymar apresentava quando surgiu?

Coutinho é um ótimo jogador, mas nunca será Rivaldo. Fernandinho bate feito louco, mas nunca será Mauro Silva.

Estamos finalmente pagando a conta de dois seres humanos dispensáveis: João Havelange e Ricardo Teixeira.

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