O curioso caso da Economia da Confiança

Dride
Nova Heart
Published in
2 min readJul 8, 2017

Numa sexta dessas, como normalmente faço ao final do expediente, fui comer umas fatias de pizza e tomar uma cervejinha. Sentada à mesa com meu marido, uma moça vendendo flores nos aborda. De forma quase automática, recusamos a oferta e a moça seguiu em frente.

Uma luzinha acendeu em mim e a chamei de volta. Pedi para ver as flores de perto: eram todas feitas a mão, cuidadosamente, com pedaços finos de EVA. Um trabalho minucioso, delicado, afetivo. Entre todas as flores, havia uma pequenina, quase escondida, na cor preta. “Faço poucas, porque não saem”, ela me disse. Foi essa que escolhi, claro. Dificilmente ando com dinheiro em espécie, e a moça tampouco aceitava cartão. Pedi uma conta bancária pra transferir pelo celular, e ela também não tinha. Me perguntou se eu era frequentadora assídua daquela lanchonete e me disse para ficar com a flor; uma hora dessas ela passava pra pegar o dinheiro — assim, com total desprendimento e confiança. Mal sabia ela que confiança é uma das moedas do futuro e é um dos meus principais valores. Se eu não pedisse, talvez ela nem me desse um número de telefone, e o pagamento pela flor ficaria pra “algum dia desses”, livre, leve e solto.

Liguei no dia seguinte e a encontrei para acertar o pagamento. Falei sobre a lição de confiança e, além dos R$12 pela flor preta, ofereci ajuda pra estruturar o negócio dela com as flores como retribuição pelo investimento feito por ela na economia da confiança. Ela havia feito uma nova flor preta, maior, exclusivamente pra mim e, grata, chorou com a minha oferta.

Sabem qual o nome da moça vendedora de flores?

“Rosa”.

--

--

Dride
Nova Heart

I’m on a journey. I’m a graphic designer & entrepreneur willing to co-create the future and cause positive impact through design.