Novo Mundo: ousadia e superprodução

Em entrevista, o diretor artístico Vinícius Coimbra fala sobre o ineditismo da trama

Rede Globo
NovoMundo
5 min readMar 17, 2017

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Foto: Estevam Avellar / Globo

As pessoas vão se surpreender muito com uma produção desse tamanho, sobre essa época.

Como o projeto artístico de Novo Mundo chegou até você?

Novo Mundo chegou pra mim de um jeito curioso. O Silvio de Abreu me deu a sinopse pra ler e falou ‘Vinícius, a gente tem uma sinopse aqui impossível de produzir. Dá uma olhada, vê se é impossível mesmo.’ E aí eu dei uma estudada, me encantei, sentei com os autores e pensamos em um jeito de viabilizar e aproveitar o que eu tinha feito em Liberdade Liberdade também. Tinha a cidade cenográfica, objetos de arte, figurino, isso tudo viabilizou a produção de Novo Mundo.

Como é o seu processo de criação? Que referências usou para esse projeto?

Meu processo de criação é de estudo das pinturas da época, dos livros, dos personagens reais. São sempre versões. A verdade histórica não existe. Existem fatos, versões. E aí a gente pega essas versões todas, coloca na cabeça e cria a nossa, que é um pouco baseada nessas imagens, nessas descrições. É muito interessante fazer porque você acaba criando um pouco a história também.

Foto: Maurício Fidalgo / Globo

O elenco de ‘Novo Mundo’ passou por uma preparação intensa, bem antes das gravações começarem. Como foi esse processo?

Os atores fizeram aulas de equitação, violino, culinária, espada, o que acho absolutamente necessário. O processo da busca pelos personagens é muito importante: é preciso entender como eles pensam, falam, reagem. Pra isso, contamos muito com a parceria de preparadoras de elenco e de prosódia, pois a maioria dos personagens terá sotaque. Os atores foram absorvidos e, cada vez mais estimulados, foram se abrindo, se entregando e estudando com disciplina.

Vi, nas gravações, que a gente chegou onde queria com cada um deles e estou muito feliz com o resultado. O público vai ver esses atores de um jeito diferente, vai demorar a perceber quem são, em alguns casos.

Depois de dirigir uma obra como Liberdade Liberdade, o que você trouxe de experiência para a direção de Novo Mundo?

Eu trouxe um aprendizado muito bacana com relação a como contar a história do Brasil. Você tem que ter o romance, a história ficcional, mas ao mesmo tempo você tem que contar um pouco da história real do Brasil. Isso é uma coisa que atrai muito o público. O público fica muito grato quando você coloca isso na tela, eles fazem comparações com a atualidade do Brasil, as semelhanças. É bem interessante.

Liberdade Liberdade me ensinou isso, o quanto o público curte ser prestigiado com um conteúdo histórico interessante e relevante.

Quais os elementos que você e sua equipe vão usar para criar uma estética realista do Brasil do período retratado?

Os elementos estéticos são até parecidos com o que usamos em Liberdade Liberdade. Na maquiagem a gente tem as peles sempre mais oleosas, com suor, mordidas de mosquito, manchinhas de sol. No figurino tem poeira, rasgadinhos, furos, dobras puídas. Na fotografia tem fumaça, poeira no ar, pra criar um pouco essa vida difícil, esse ambiente mais rude que acontecia no início do século XIX no Brasil quando não tinha água encanada, não tinha esgoto, não tinha médico, nada. É um material muito bom pra gente trabalhar. A gente sai um pouco daquela estética mais limpinha, asséptica.

Foto: Raquel Cunha / Globo

O que Novo Mundo tem de inédito em termos visuais? Teve algum desafio especial?

O que Novo Mundo tem de inédito são essas Naus, os piratas, as batalhas no mar que a gente vai ter nos primeiros capítulos. São imagens que a gente nunca produziu aqui na Globo. E a gente tá muito feliz de estar podendo fazer. Construímos uma Nau de 25 metros de comprimento. É um cenário que vai virar três: o navio de carga que leva a personagem Elvira, da Ingrid Guimarães; o barco pirata do Fred Sem Alma, do Leopoldo Pacheco, que o personagem Joaquim (Chay Suede) também frequenta e, no maior número de cenas, a caravela real que traz a princesa Leopoldina (Letícia Colin).

A gente trouxe Andy Armstrong, um diretor britânico de cenas de ação pra dar um workshop aqui pra gente, pra nos orientar, isso tudo é novidade. E ficamos muito felizes com o resultado.

Foto: João Miguel Júnior / Globo

O que o público pode esperar de ‘Novo Mundo’?

Espero que se encantem com a tribo indígena que apresentaremos, com os navios, com o Paço Imperial. São cenários grandes, figurinos maravilhosos. A gente tem um elenco muito talentoso que está adequado aos personagens. Espero que o público possa enriquecer o conhecimento sobre essa parte da história do Brasil.

O que a gente vive hoje em dia está muito ligado à época da independência. É a gênesis do Brasil esse momento que ‘Novo Mundo’ aborda.

Com estreia prevista para 22 de março, ‘Novo Mundo’ é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção artística de Vinícius Coimbra.

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