Novo Mundo: uma aventura cheia de desafios

Por Flávia Cristofaro, produtora de arte

Rede Globo
NovoMundo
4 min readMar 15, 2017

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Foto: Raquel Cunha / Globo

Retratar uma época muito romanceada ao longo dos anos é uma tarefa de grande responsabilidade e ao mesmo tempo um convite às ousadias , licenças poéticas e improvisos.

Durante o período de pré-produção, pesquisamos e lemos muito, mas nossa inspiração é toda baseada nas obras do Jean-Baptiste Debret. As cores, “os personagens” de rua, a densidade demográfica da cidade, os hábitos e costumes. Reproduzimos muitas coisas na nossa fábrica de cenários com profissionais especializados em construção cenográfica de objetos. Também fomos a antiquários, feiras e utilizamos muitas peças do nosso acervo que foram repaginadas.

Foto: Raquel Cunha / Globo

Nessa época, a corte portuguesa estava falida, sem dinheiro e mostrar isso na televisão é extremamente delicado e difícil.

Foto: César Alves / Globo

A priori, o público pensa em rei e rainha glamourizados, cercados de requinte e sofisticação. Mas a história não aconteceu assim. Eles não tinham vaidade, nenhuma sofisticação. A comida era simples, o cardápio era uma mescla da comida portuguesa e dos hábitos alimentares brasileiros, a prataria que restou não tinha cuidado e limpeza, os empregados brasileiros , escravos, não tinham instrução para oferecer um serviço dentro dos protocolos da nobreza européia.

Em contraponto a tudo isso, recebemos Leopoldina, uma mulher erudita, rica, vinda da Áustria, uma potência na época, onde usamos todas as ousadias e requintes. É através dela que buscamos imprimir o luxo da época. Ao longo da novela ela também vai caminhando para a decadência.

Foto: Raquel Cunha / Globo

Outro personagem que retratamos o luxo é o Thomas, um inglês que em sua bagagem traz sua cultura européia em alto teor.

Foto: Raquel Cunha / Globo

Nos ambientes de rua e cenários onde vivem personagens com menos poder aquisitivo, destacamos a sujeira da cidade, a falta de assepsia, ainda desconhecida no século XIX, o transporte precário feito em mulas, cadeirinhas de arruar, charretes, carroças , carruagens, carruagens “taxi” alugadas por trechos, os vendedores de rua , as lojas mistas que vendiam de tudo um pouco.

Nesse núcleo encontramos mais facilidade na reconstituição porque o público tem mais conhecimento dessa parte da historia.

Não poderia deixar de comentar o grande desafio que foi a ambientação dos 03 navios em um só, com características tão diferentes. A Nau Capitania com todo seu requinte que trouxe a princesa,o navio pirata e o navio de carga.

Outro destaque é o diário de viagem de Anna (Isabelle Drummond), com encadernação em couro e bijuterias e pedras no acabamento. Um calígrafo é responsável pela escrita que aparecerá em cena.

Teremos dois diários iguais: um em branco e outro que vai sendo montado conforme a descrição e evolução dos capítulos.

Com estreia prevista para 22 de março, ‘Novo Mundo’ é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção artística de Vinícius Coimbra.

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