Como tudo (re)começou…

Rafael Vale
Nugo Design
Published in
6 min readFeb 21, 2019

--

Os stakeholders viram que era necessário separar um squad para focar nesse novo trabalho. Como somos uma equipe não tão grande não era possível focar num novo produto pois temos o produto atual rodando e ele não pode parar. Já estamos atendendo cerca de 86 produtores em 15 cidades e quase 200 eventos em 2 anos de operação.

Empresa já está estabelecida então não podia perder a confiança dos seus usuários (produtores e cliente final), ainda mais lidando com dinheiro: não tem margem para errar.

E a estratégia para isso acontecer foi primeiro separar duas pessoas de design (eu e o Igor) e isolá-las para não ter interferência externa, focar na estratégia, experiência e design desse novo produto. Enquanto isso o time de desenvolvimento ia dando suporte ao produto atual. Após essa fase de estratégia e design traríamos pessoas para o novo squad para começar o desenvolvimento.

Igor e eu no início do projeto

Para começar a fazer um levantamento dos desafios e necessidades que atacaríamos, o processo foi colaborativo dentro e fora da Nugo. Além dos feedbacks que já tínhamos, por que estamos no mercado há um certo tempo, analisamos dados que temos da nossa database, entrevistamos produtores, usuários finais e lojistas. As perguntas se referiam principalmente à relação deles com a ferramenta, confiança e relação com dinheiro. Isso foi feito para entendermos o problema atual do nosso produto e qual seria nosso plano de ataque.

Tendo coletado todos esses dados e aplicando nossa estratégia centrada no usuário ficamos literalmente mais de 1 mês desenhando todas as soluções possíveis e até impossíveis que acreditamos que resolveria os problemas encontrados. Temos a sorte de que nossos stakeholders entenderam, que além de precisar separar o time para focar, que essa era a fase mais importante de todo o projeto. O design final, botões bonitos, desenhos mexendo, isso é só a cereja do bolo. A mágica acontece nos bastidores!

E a parte da estratégia nunca para. Hoje me vejo além de um designer convencional, penso muito mais na estratégia e no Business do que no desenho. A cada nova solução que pensamos, separamos alguns dias sem praticamente encostar nos computadores e desenhamos em 3 paredes de quadro branco que temos em nosso escritório. Sabe aquelas cenas de filme que alguém vai visitar um conhecido no hospício e chega lá as paredes estão cheia de desenhos e frases? Então… quem entra na nossa sala deve sentir isso.

Esses desenhos são feitos no mínimo umas 3x por dia e, acredite, apagados e refeitos de novo.

Nessas frases já resumidas parece muito simples, mas o processo que a gente conduziu para chegar nisso foi bem árduo, porém, na minha opinião, bem divertido e enriquecedor.

Nesse 1 mês decidimos o produto que acreditamos ser ideal. Na verdade, os produtos. Pensamos em 3 apps e 2 Dashboards. Imagina definir 5 produtos em 1 mês? Foi muito trabalho mesmo. Muita ideação depois, geramos uma série de protótipos, com iterações quase diárias, para chegar na melhor solução possível para nossos clientes.

Era hora de introduzir as idéias e conceitos a quem importa. Começamos a desenhar tudo em protótipos de baixa fidelidade. Primeiro com lápis e papel mesmo. Depois passamos pro computador para ser mais fácil o teste com o usuário. Protótipos de baixa fidelidade(Low fidelity prototype ou lo-fi) levam esse nome porque não oferecem ainda um visual exato do produto, mas permite a gente a rabiscar ideias, voltar atrás, dar sugestões e validar pontos muito mais rápido e de forma dinâmica. Assim como nas fases anteriores, o usuário é novamente colocado no centro para garantir que o caminho escolhido está de acordo com o que ele precisa. Por aqui nós chamamos de "Smurfs" pois sempre usamos uma cor azul nos lo-fi.

Depois de algumas idas e vindas no protótipo de baixa fidelidade era hora da cereja do bolo. O protótipo de alta fidelidade. Nessa parte construímos telas que nossos clientes já podem brincar com as funcionalidades do produto de modo como se ele já existisse. Nessa fase quando for testar o produto é muito mais importante a gente acompanhar reações e expressões do usuário do que o que ele diz. As vezes ele tá com vergonha/sem jeito de te dizer o que realmente pensa ou há um bloqueio. Então expressões e reações dizem muito, pode confiar!

A incansável jornada de um designer inquieto: centenas e centenas de telas criadas.

Construímos cerca de 500 telas. Isso só pro app do cliente final. Muita tela né? Mas é importante para um designer ter tempo para lapidar seu desenho e a experiência que queremos proporcionar. Pode ser que a primeira atenda as necessidades básicas? Sim! Mas eu diria que é uma tela "1 estrela" e o mais importante é que depois de uns 3 dias seu designer não vai estar tão contente com essa tela que ele mesmo desenhou. E isso pode gerar uma bola de nece que desmotiva um time inteiro para o resto do projeto. É preciso tempo para uma tela que a gente considera 4 ou 5 estrelas e que no final o designer esteja feliz com o resultado e mais motivado ainda. Fazer as coisas com pressa nunca é bom. Mas também é preciso saber quando parar. Qualquer designer vai tentar sempre lapidar nem que seja 1 pixel pra direita ou esquerda.

Agora imaginem, 500 telas em um app. Digamos que dessas 500, 200 vão pra produção. 200x5 apps são 1000 telas. Quanto tempo que demoraria pra por 5 apps na rua? Tínhamos mais esse problema agora.

Voltamos pra estratégia e agora com o time de desenvolvimento que veio pro nosso Squad. Lembra que eu disse que nosso processo foi colaborativo? O líder de desenvolvimento nos ensinou sobre microserviços. Esse padrão de impõe o desenvolvimento de pequenos serviços dedicados a áreas de domínio específicas e bem encapsuladas. E aqui queremos ser como os grandes e todos os grandes como Spotify, Uber, Airbnb estão usando esse padrão. Cada serviço pode ser escrito em sua própria linguagem ou estrutura e pode ter seu próprio banco de dados ou a falta dele.

Os bastidores, onde muita parte da magia acontece.

Então adotando esse padrão a gente é capaz de dividir o app em pequenos pedaços e ir implementando e assim tendo um MVP meio que dinâmico e ir testando pequenas partes do app sem o risco de grandes impactos a experiência dos nosso usuários. E é nesse ponto que estamos hoje. Muito em breve estaremos subindo a nova versão do aplicativo com um novo visual das funcionalidades que já temos hoje e com o primeiro microserviço que é uma nova funcionalidade que pensamos lá no começo. Também com o microserviço foi possível traçar um roadmap mais claro pro nosso futuro e também para apresentar para nossos stakeholders.

Produto não estará completo como foi nossa ideia inicial, mas vai estar redondo e entregará valor, ainda que não resolvesse todos os problemas que identificamos. E é importante deixar isso claro para todo o time. E com uma “conta digital” para eventos (primeira entrega do microserviço) a gente pode elevar o nível de atendimento, experiência e inserir mais transparência nesse mercado cashless.

Anderson, nosso Dev Full Stack concentrado e eu (não tão concentrado).

Para acompanhar a gente de perto (e ver uns spoilers dos apps) siga o time de design no instagram. E se quiserem falar comigo é só mandar um oi lá no linkedin. Obrigado pela leitura 👋

--

--