Numbrs Brasil
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3 min readMar 1, 2018

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A Selic caiu para 6,75%, como isso te afeta?

O 11º corte consecutivo na taxa pode não ter tanto impacto assim nos investimentos, mas pede cautela, principalmente no crédito. Saiba o que fazer a partir de agora.

Mais uma vez — pela 11ª vez consecutiva, mais precisamente –, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic. Ela passou de 7% para 6,75% ao ano, a menor desde 1986, quando se iniciou a série histórica.

O motivo para tamanha queda é porque o principal papel da taxa Selic dentro da política monetária brasileira é controlar a inflação. Uma vez que o IPCA já está em queda — bateu 2,86% nos últimos 12 meses, segundo índice de janeiro, abaixo da meta de 4,5% ao ano –, não haveria motivos para a taxa básica de juros continuar alta.

Mas, afinal, como isso impacta o seu dia a dia?

Selic e seus investimentos

A taxa também baliza os rendimentos de investimentos de renda fixa, especialmente o Tesouro Selic, como o nome indica. Por isso, quem aplica nessas modalidades deve ver a notícia do corte com cautela — na teoria, isso poderia significar um menor retorno nos investimentos.

No entanto, isso não significa que todos devem correr para a renda variável. Isso porque há uma grande diferença entre os chamados juros nominais e juros reais. Enquanto a primeira taxa é a declarada — no caso da Selic, 6,75% a.a. –, a segunda diz respeito ao que realmente você embolsará quando subtrair a inflação.

Como a inflação também está em declínio, os juros reais não estão tão baixos quanto se imagina. Para que se tenha ideia, quando a Selic estava em 7%, os juros reais eram de 4,02%. Agora, 3,78%. “Por isso, escolha seus investimentos de acordo com seu perfil, e não apenas pelo que acredita que renderá mais”, aconselha Oyvind Oanes, CEO do Numbrs, aplicativo europeu especializado em gestão financeira pessoal.

Para quem tem perfil mais conservador, há boas opções na renda fixa, como o Tesouro o IPCA+. Há, ainda, as LCIs e LCAs, isentas de Imposto de Renda e com rentabilidade atrativa. Neste último caso, apenas tome cuidado com a liquidez: o dinheiro deve ficar aplicado por, no mínimo, seis meses. Por isso, não coloque todo seu patrimônio nesses papéis para não correr riscos.

Já quem possui perfil arrojado e lida bem com perdas pode olhar para a renda variável, mesmo que comece aos poucos. Algumas opções são os COEs e fundos imobiliários. Apenas lembrando que, mesmo aplicando em renda variável, é importante manter uma parte em aplicações de renda fixa para garantia.

Tomar crédito depois da queda da Selic

Minutos depois do corte ser anunciado, alguns grandes bancos brasileiros anunciaram uma nova redução das taxas de juros cobradas no crédito para pessoas físicas e empresas. Porém, isso não quer dizer que será, de fato, barato: existe um abismo entre a Selic e as taxas praticadas no crédito para pessoa física no Brasil.

Segundo os últimos dados divulgados pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), referentes a janeiro, as taxas de juros do cartão de crédito continuam altas: 319,84% ao ano (12,7% ao mês). Já o cheque especial conta com juros de 294,64% ao ano (12,12% ao mês). Enquanto isso, o empréstimo pessoal realizado em bancos ficou com juros de 61,96% ao ano (4,1% ao mês), também no período.

Esse é o famoso spread bancário — a diferença entre os juros que a instituição oferece para seus investidores e quanto ela cobra para o consumidor nas operações de crédito.

Por exemplo, o que um indivíduo paga em juros em um empréstimo pessoal é muito mais do que aquilo recebido em juros em uma aplicação financeira. Como o spread bancário brasileiro é considerado altíssimo, mesmo com o corte da Selic, tomar crédito continua sendo algo caro. Todo cuidado é pouco!

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