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3 min readSep 27, 2018

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Crédito estudantil: como se proteger com o novo modelo do Fies

Ingressar no ensino superior é o sonho de muitos brasileiros. Entretanto, é preciso tomar cuidado com o crédito estudantil para não terminar o curso com grande dívida.

Conseguir um crédito estudantil, com taxas menores, parece ser uma boa opção para quem tem o sonho de cursar o nível superior em uma instituição de ensino particular. Entretanto, o estudante que optar pelo Fies pode terminar o curso com uma enorme dívida para pagar.

De acordo com dados divulgados em junho pelo Ministério da Educação (MEC), cerca de 450 mil estudantes têm débitos com o governo. Isso significa que 16,7% dos 2,7 milhões de beneficiados pelo programa estão inadimplentes e, juntos, devem aproximadamente R$ 10 bilhões.

“Independentemente do motivo, recorrer a um financiamento é uma decisão que precisa ser tomada com cautela. Antes de buscar essa modalidade de crédito, é preciso pensar se você realmente terá condições de pagá-lo depois, para que a dívida não vire uma bola de neve”, comenta Fynn Kreuz, sócio do Numbrs, aplicativo europeu especializado em gestão financeira pessoal.

Novas regras do FIES: como funciona

Para tentar diminuir a inadimplência por parte dos estudantes, o Governo Federal anunciou mudanças no modelo do Fies. Agora haverá uma escala de financiamento de acordo com a renda familiar do estudante. Por exemplo, estudantes que possuem renda per capita mensal familiar de até três salários-mínimos terão acesso ao financiamento com juros zero.

Outra mudança é a instituição do P-Fies para estudantes com renda per capita mensal de até cinco salários-mínimos — nessa modalidade, os recursos serão repassados por bancos privados. Nesse caso, os bancos, que são os agentes financeiros operadores de créditos, em conjunto com a Instituição de Ensino Superior (IES) e o próprio estudante, definirão as condições de concessão do financiamento.

Entretanto, o P-Fies não foi bem recebido pelos estudantes. Segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, (FNDE), apenas 800 das 210 mil vagas nesta modalidade foram preenchidas no primeiro semestre deste ano.

Afinal, o P-Fies é uma boa opção ou não?

Agora, o P-Fies receberá recursos do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FCO), o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Com as mudanças, a modalidade se divide em duas categorias: a principal terá 3% de juros — cobrados pelo FCO, FNE e FNO — e é destinada para as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Já a segunda categoria tem vagas administradas por bancos privados e cada um fixa as taxas livremente.

Isso significa que, ao repassarem os recursos, os bancos privados assumirão o risco de crédito. Consequentemente, por não existir um Fundo de Garantia, como no Fies, as instituições financeiras optarão por algum tipo de fiança para se blindarem de uma possível inadimplência dos estudantes.

Além disso, os estudantes que optarem por essa modalidade não terão mais a carência de 18 meses para começar a pagar o financiamento. No entanto, essa medida pode aumentar a inadimplência, devido à dificuldade dos estudantes em conseguirem se alocar no mercado de trabalho.

Outro ponto importante é o perigo da negociação direta com as instituições financeiras. Uma vez que o estudante fica inadimplente, os bancos privados poderão utilizar de armas jurídicas para, inclusive, bloquear os bens das famílias como uma forma de reaver o dinheiro do financiamento.

Como não se endividar por conta do crédito estudantil

Se o financiamento é a sua última alternativa para ingressar no nível superior, é preciso buscar alguns caminhos para não terminar o curso com uma dívida enorme. A dica aqui é dar preferência às linhas de crédito de bancos públicos e evitar os privados.

Além disso, leia o contrato atentamente, fique por dentro de todas as regras contratadas e, caso tenha algum problema financeiro, procure imediatamente a instituição bancária. Assim, você conseguirá propor um acordo e diminuirá as chances de ficar endividado.

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