Duas décadas de desenvolvimento em um gráfico. OK, dois.

Veja como cada Estado brasileiro cresceu em seu PIB per capita e longevidade entre 1997 e 2016

Marcelo Soares
Numeralha
2 min readNov 28, 2018

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Estou relendo, agora impresso, o melhor livro que li em 2018: “Factfulness”, de Hans Rosling. O mestre sueco, como devem saber os leitores do Numeralha, era o coreógrafo dos dados. Escrevi sobre ele quando ele morreu.

No livro, ele conta que a maior parte dos problemas que temos para compreender o mundo que nos cerca vem do fato de termos em mente informações antigas. E ele aponta dez vieses cognitivos que nos impedem de atualizar nossas concepções (copio logo abaixo a imagem que ele usa para ajudar a memorizar esses vieses).

Em conversa recente com o Gustavo Ribeiro, do excelente Brazilian Report, veio a ideia de produzir um gráfico semelhante aos do Rosling— as famosas bolinhas dançarinas de países — , só que com dados brasileiros e dos Estados. Publicamos lá, em inglês.

Um problema do Brasil é que as séries de dados ainda são curtas e recentes, então a melhor série que consegui de PIB e longevidade vem só de 1997 a 2016. Mas já dá pra ver um bom desenvolvimento. Quanto mais a bolinha sobe, mais melhora a longevidade. Quanto mais a bolinha vai para a direita, mais enriquece o Estado. Cada cor é uma região, e vale a pena ver o que ocorre com o Nordeste. Fique à vontade no gráfico abaixo:

Mas esse é o PIB per capita “seco”, em valores nominais de cada ano. Existe inflação no mundo, sempre existiu. Em 1997, a passagem de ônibus em São Paulo aumentou para R$ 0,90. Hoje, custa R$ 4. Por isso se usa um deflator.

Perceba o que acontece quando usamos o IGP-M, principal índice de inflação brasileiro, para corrigir o PIB per capita, colocando tudo em valores equivalentes aos de novembro de 2018. Dá pra ver que em determinados pontos dos anos 90, começo dos 2000 e durante a crise de 2015 a riqueza de alguns Estados inclusive andou para trás.

Uma coisa interessante de observar são os “saltos” de 2000 e 2010. Eles se explicam. De dez em dez anos, o IBGE faz o Censo — e tomara que consiga fazer o próximo em 2020 conforme previsto, apesar de todas as dificuldades que já se anunciam. Nos anos seguintes, trabalha-se com projeções a partir do Censo. Elas tendem a ser bastante fiéis ao que ocorre na realidade, mas sempre há uma margem de erro que o Censo, quando chega, corrige.

Se você gostou da minha versão inspirada em Factfulness, não deixe de ler o original. É o melhor livro que li no ano.

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