Vista de Campo Grande/RN, que o IBGE chama de Augusto Severo, nome que foi abandonado em 1991

Bancos de dados oficiais discordam sobre nomes de municípios

Cidades do AP e RN têm um nome no IBGE e completamente outro no TSE; grafias variadas são comuns

Marcelo Soares
Numeralha
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3 min readFeb 4, 2019

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NOTA: Após a publicação deste texto, o IBGE corrigiu os problemas apontados. Grato ao instituto, fornecedor de tanta matéria-prima para meu trabalho.

Se você já trabalhou com dados municipais, deve ter se deparado com inconsistências no nome dos municípios brasileiros.

Às vezes essas inconsistências são puramente de grafia: cê-cedilha versus dois esses, jota versus gê, com hífen ou sem hífen etc. O município de Mogi Guaçu tem ao menos oito grafias possíveis: Mogi Guaçu, Mogi-Guaçu, Mogi Guassu, Mogi-Guassu, Moji Guaçu, Moji-Guaçu, Moji Guassu, Moji-Guassu. A grafia usada vai depender de quem montou a base de dados ou pintou a placa.

Teoricamente, quem cuida disso é o IBGE, com a parte reservada ao G no seu nome. Teoricamente, essa nomenclatura é a oficial. Só que ela não bate perfeitamente com a usada pelo Tribunal Superior Eleitoral nas eleições. O TSE sequer usa o código IBGE do município, que salva a vida de quem trabalha com esses dados, podendo ignorar a grafia.

Essas grafias que não batem inclusive atrapalham a vida de quem emite notas fiscais.

Hoje, o IBGE publicou uma atualização da lista de municípios, distritos e subdistritos municipais do país, na Divisão Territorial Brasileira. Conheça três municípios em que essa base e a do TSE divergem.

É água, é pedra, é o fim do caminho

No Amapá, existe um município que o TSE chama de Água Branca do Amapari e o IBGE chama de Pedra Branca do Amapari. A prefeitura não tem dúvida: é Pedra mesmo.

Saúde, doutor Januário!

No Rio Grande do Norte, existe um município que o IBGE ainda na atualização atual chama de Januário Cicco e o TSE chama de Boa Saúde. Embora o nome original da cidade homenageasse o médico Januário Cicco, pioneiro da medicina potiguar, o nome mudou oficialmente para Boa Saúde em 1991, em homenagem a Nossa Senhora da Boa Saúde. Não faço ideia de por que não mudou no IBGE.

O severo campo do grande Augusto

Também no Rio Grande do Norte, existe uma cidade chamada Campo Grande — não confunda com a capital do Mato Grosso do Sul. No IBGE, ela ainda consta como Augusto Severo, nome que teve entre 1903 e 1991 em homenagem ao político e inventor de dirigível Augusto Severo de Albuquerque Maranhão. Não houve mudança na nova base do IBGE. O TSE já atualizou há bastante tempo. O município aparentemente não tem site.

Grafias exóticas

  1. Quantos enes? O TSE tem um município baiano chamado Quinjingue. O IBGE chama de Quijingue. Está certo o IBGE.
  2. Dos ou do? Para o TSE, o município paraense onde ocorreu o massacre de 19 sem-terra em 1996 é Eldorado dos Carajás. Para o IBGE, é Eldorado do Carajás. Está certo o IBGE, embora o município aparentemente não tenha site.
  3. Dois esses ou cê-cedilha? Também no Rio Grande do Norte (por que sempre lá?), existe um município que o TSE chama de Assú e o IBGE chama de Açu. A prefeitura usa dois esses, portanto está certo o TSE.
  4. Velho Oeste. Sete municípios de Rondônia terminam com “do Oeste” no TSE e com “D’Oeste” no IBGE. São eles: Alta Floresta (…), Alvorada (…), Espigão (…), Machadinho (…) Nova Brasilândia (…) Santa Luzia (…) e São Felipe (…). Exceto por Alvorada e Espigão, as prefeituras dão razão ao IBGE.

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