De Ki à Cad

Nuts About Sec
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6 min readFeb 15, 2019

O KiCad é uma ferramenta de software de código aberto para a criação de diagramas esquemáticos eletrônicos e arte de PCB. Basicamente, o KiCad é um apanhado de softwares standalone, sendo os principais listados abaixo:

  • KiCad (*.pro): Gerenciador do projeto.
  • Eeschema (*.sch, *.lib, *.net): Representação esquemática do circuito e editor de componentes.
  • Pcbnew (*.kicad_pcb, *.kicad_mod): Editor de footprints e da pcb em si.

Esses termos podem parecer meio nebulosos no momento, mas conforme avançarmos para o fim tudo ficará mais claro.

Exemplo do software KiCad

Instalação

No site do projeto (www.kicad-pcb.org/download/) é possível identificar a instalação própria para o seu sistema operacional, mas se você estiver usando algum sistema debian eu já antecipo:

sudo apt update && upgrade
sudo apt install kicad

Agora com o seu já instalado KiCad, vamos ao esqueleto nervoso da nossa plaquinha.

Eeschema

Você provavelmente deve estar se deparando com uma tela assim:

Tela do projeto

Esta é a sua caixa de ferramentas. É aqui que você pode selecionar qual software você quer usar, assim como fazer as alterações necessárias do projeto.

Para começar vamos fazer o esboço elétrico da nossa placa, também conhecido como esquema elétrico do circuito.

Eeschema aberto

Esse momento consiste principalmente em:

  1. Criar o esquemático
  2. “Annotate” os componentes
  3. Assimilar as “footprints” aos componentes
  4. “Debbugar” o esquema
  5. Criar a “netlist”

Pode parecer muita coisa agora e alguns termos, como footprints podem parecer nebulosos, mas conforme o post for seguindo acredito que tudo irá clarear.

Alguns botões serão chave para essa etapa. O print abaixo mostra o botão de selecionar componentes. Você pode sentir falta de alguns componentes e, para isso, é necessário importá-los externamente.

Selecionar o componente

A letra “R” rotaciona o componente e se você selecioná-lo com o mouse é possível copiar, colar e movê-lo no diagrama.

Inserindo componentes

Depois de colocar os componentes todos no diagrama, faça as conexões conforme for e vá explorando a ferramenta.

Realizando as conexões

Depois de várias horas alinhando linhas… tá dá!

Matriz de leds 8x8

Esquema criado :)

Só faltam mais algumas buracracias para transformar o esquema em PCB. A primeira delas é a função “Annotate” do Eeschema. Nela é gerado um número específico para cada componente.

“Annotating” componentes

A segunda parte consiste em associar as footprints aos componentes.

Para quem ainda está confuso com o conceito de footprint, nada mais é do que uma imagem representativa com dimensões e características do componente elétrico.

Para associar a imagem certa ao componente é preciso já ter uma noção do tipo e tamanho de componente a ser usado.

Nesse caso estaremos usando:

  • Resistor THT 200Ω
  • LED SMD 0603
  • Conector fêmea de 0.8mm de diâmetro
Associando footprints

Quando todos os componentes já tiverem a suas imagens correspontentes, apenas clique em “Apply, Save Schematic & Continue” > Ok e pronto, segunda parte feita.

Beleza, as duas últimas partes podem ser englobadas só em uma explicação: debugging e geração da netlist.

O debug é feito automaticamente e checa por possíveis erros antes de deixar prosseguir e a netlist é um arquivo que contêm as conexões dos componentes, ou seja, esse é o arquivo que mostrará para o Pcbnew qual componente está conectado com o quê e de que forma.

Rodando o debug e gerando a netlist

Feito isso, temos o nosso terreno pronto para a segunda parte.

Pcbnew

Well, well, well, aqui estamos. Para os maníacos por organização essa é a parte mais deliciosa! Vamos organizar 64 leds de 0,6 mm, todos com o mesmo espaçamento um do outro, fazendo um desenho simétrico…

Vamos à bagunça! Selecione:

Read Netlist > Escolha a pasta > Read Current Netlist > Close.

Estamos importando as conexões geradas na parte do Eeschema para usarmos como guia nessa PCB.

Netlist saindo do forno!

Selecionando o componente e apertando “m” (move) é possível mover pelo board.

Usando “m” para mover o componente e “r” para rotacioná-lo

O que eu normalmente faço é separar todos os componentes sem se preocupar com a estética. Pode ser um trabalho um pouco frustrante, principalmente quando você tentar selecionar o componente e ele não vem ou vem mais de um, mas como andar de bicicleta e comer legumes, você pega o jeito.

Depois eu começo a organizá-los por número mais ou menos alinhando-os…

Organizando por números

Depois de algum tempo perdido teremos algo parecido com isso:

Componentes em suas posições finais

Agora vamos as trilhas! Para conectar eletricamente os nossos componentes é preciso ligá-los por trilhas, o que na placa final serão as linhas que não foram corroídas no ácido. Como estamos lidando com SMD’s resolvi escolher trilhas de 0,60mm de espessura para os leds e de 0,80mm para os resistores.

Para mudar o espaçamento da GRID (Quadro) e o tamanho das TRACKS (Trilhas) é muito fácil:

Setup > Design Rules > Global Design Rules > Custom Track Widths

Mudando Tracks e Grids

Essa placa será de duas camadas (dual layer), o que significa que parte das trilhas ficarão no lado traseiro da placa, evitando que as trilhas das colunas juntem-se com as das linhas. Para conectar as colunas dos LED’s e os resistores (primeira camada), vou usar a layer F.Cu e para as linhas (segunda camada) usarei a B.Cu.

Seguindo com a primeira camada, conectamos as colunas dos LED’s:

Conectando trilhas na primeira layer

Quando acabarmos de conectar os LED’s devemos ter algo mais ou menos assim:

Colunas conectadas

Para conectar os resistores e os conectores é só lembrar de trocar a espessura da track para 0,8mm. É possível deixar essa trilha até mais grossa, na verdade… Para encontrar o tamanho certo de espessura existem cálculos já conhecidos que levam em consideração a impedância, capacitância, temperatura e potência das partes.

Trilhas entre resistor e conector

Realizando os mesmos passos, seguimos para a segunda camada:

Conectando as linhas da segunda camada

No fim você terá algo assim:

Placa finalizada

Você deve estar perguntando o que são estas escritas… Bom, aqui é algo que eu gosto de fazer, não é um requisito! Como normalmente assino as minhas placas ou deixo instruções, faço um teste com relação as diferentes fontes e tamanhos(medidas ao lado do nome) para ver qual sairá melhor na impressão.

E agora nossa placa está pronta!

No próximo story mostrarei um pouco do método de confecção por fotossensível. Fiquem ligados!

ฅ^•ﻌ•^ฅ

Escrito por Alexandra Percário ✧゚・:*⌒\(・‿・*)

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