Carta para dias de geada
Por favor, me leia e me aqueça.
Eu sei que já te escrevi incontáveis cartas, mas acho que desaprendi, não sei por onde começar e nem terminar.
Hoje está fazendo muito frio dentro de mim, como num nevoeiro já não enxergo mais nada com clareza. Acho que esse é o ponto onde eu assumo precisar de você.
Perdão pelas coisas que não aprendi, não compreendi e pelas palavras que deveria ter dito e ainda não disse.
Meus olhos sentem saudades de observar teu despertar, minha pele do teu passear pelas manhãs, meu riso sente falta de desenhar com o teu. Eu te prometi um milhão de amanhãs, então por favor, me deixe cumprir.
Os lençóis já não exalam gardênias, tão arrumados e solitários, pedem a tua presença e bagunça.
Estive por tanto tempo sozinha que não fazia ideia de como era sentir algo bom, abrir portas e janelas, aprendi com você querido, e agora já não quero fechar. Como valsa, depois que se é tirada para dançar tem passos que já não podem mais ser dados sozinhos.
Então entre querido, já perdi algumas coisas durante a geada, não deixe que ela te leve também. Entre com o teu sorriso, me aqueça entre os teus braços e me diga que tudo ficará bem, pois sou como flores silvestres, preciso da força de vontade para viver.
Com amor, Jéssica.