Como o amor deveria ser

Jéssica Suguyama
O Baú das Minhas Palavras
2 min readSep 7, 2022
Photo by Noah Buscher on Unsplash

Eu não sabia como exatamente o amor deveria ser, mas na tarde em que nos conhecemos, você me fez sentir-se em casa, tudo parecia confortável e satisfatório, como o amor deveria ser.

Me encantei com o teu sorriso, me perdi em suas sardas e me encontrei nos castanhos dos teus olhos. No fundo parece que foi ontem, a sensação da sua mão na minha é recente, ainda sinto a areia molhada em meus pés e a sensação de liberdade, como o amor deveria ser.

Eu não me considerava madura o bastante, por isso deixei que me guiasse neste caminho e mostrasse como tudo deveria ser. Então nos tornarmos uma canção triste dos anos noventa e foi a primeira vez que senti como o amor pode doer.

Você ainda dirigia segurando a minha mão, mas a sua proteção fez com que aos poucos a sensação de liberdade fosse perdendo o seu espaço. Como uma bailarina, você me tirava para dançar, me girava até enjoar e então fechava a caixa.

Por muito tempo e carência acreditei que o amor era como promessas quebradas, doloridas, instáveis e irreversíveis.

Mas o amor é como andar de bicicleta, só não me disseram que eu ralaria tanto os joelhos.

Aos poucos construímos uma relação com base em desconfianças, ansiedade, ciúmes e cenas, foi quando me vi cansada e você partindo e pensei — Quando o amor vai parar de doer?

Me vi tão sozinha e vazia que parecia fazer eco dentro de mim, foi então que percebi que o amor não é assim.

Os dias foram passando, os meses e estações mudando, aos poucos fui perdendo o medo molhando as pontas dos pés. Passei a apreciar mais os detalhes e o abstrato de cada ser, como não manda os clichês.

Com o tempo mergulhei, aprendi a ler as entrelinhas e que nem sempre estar sozinha é solidão e, me encontrei.

A cada noite bem dormida, fui esquecendo-se de quem vai e importando-se mais com quem fica, em pequenos passos encaixando e encontrando os verdadeiros significados em laços, afagos, aconchegos e longos abraços.

Diante de tudo enxerguei o que sempre esteve por perto e que o amor é parte, mas não parte de ir embora e muito menos parte de quebrar, então percebi o que o amor deve ser, mas vivi o que ele é.

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Jéssica Suguyama
O Baú das Minhas Palavras

Uma paulistana de fabrica mineira, uai sô. Profª de Artes e escritora nas horas vagas.