Visagem
Seu nome não era José,
Nem João,
Nem Hans ou Fritz.
Não havia nome.
Era uma espécie de não sujeito
Desses que se vê atrás de janelas de carros em movimento,
Desses que se esbarra na rua
Para nunca mais ver.
Criaturas que habitam o canto dos olhos ,
Que triunfam sobre os sentidos bêbados
Nas madrugadas e dias chuvosos.
Seres que habitam as ruas escuras,
As alamedas silenciosas,
Estacionamentos e longos corredores .
Seres do real
Que sem qualquer pudor
Invadem o imaginário.
Deixando para traz apenas a impressão .
Vultos que se movem,
Passos que morrem,
Vozes que chamam.
Haveria alguém ali?