Nada dura pra sempre

Paulo H G de Lima
O Bloco de Notas
Published in
2 min readMar 30, 2024

“Nada dura para sempre”. Vi esta frase em um tuíte qualquer nos meus eternos momentos de tédio desta semana. Tédio este, como previsível, também acabou.

O autor do tuíte menciona que a “Geração Z”, em boa medida, não faz ideia de quem sejam os Beatles e isto é perfeitamente natural. Eu não poderia concordar mais.

Coisas (e pessoas) são feitas para serem esquecidas. Nossa memória popular, como “humanidade”, é limitada. Nossos símbolos de existência nascem, se desenvolvem e morrem tal qual nós, humanos.

O próprio Marco Aurélio (o imperador romano) acreditava que seria esquecido pouco tempo após a sua morte segundo seu relato clássico do estoicismo (i.e. Meditações). Ironicamente, já faz mais de 1800 anos que lembramos de sua existência. Apesar disso, concordo com Marco Aurélio, 1800 a mais ou a menos, todo mundo (ou quase todo mundo) será esquecido.

Mas discordo que tudo será esquecido um dia. Talvez algumas coisas sejam eternas. Explicarei melhor.

Se considerarmos que, como memória coletiva, nós temos alguns símbolos memoráveis, alguns deles são parte de nós, outros começam a deixar de ser e outros já não são mais. Este é o ciclo natural. Mas talvez haja, dentre esses símbolos, algum que não nos deixarão jamais e não temos como saber quais são. Talvez um idioma, talvez um costume, talvez um nome famoso, talvez um alimento (e.g. pão). Existem objetos que continuarão conosco até o fim dos tempos (leia-se: fim da humanidade) e nós não temos o menor controle de quais serão.

Quando o último humano estiver próximo do seu fim, ele com certeza falará um idioma, comerá alguma comida, ouvirá alguma música, terá algum costume remanescente da memória do que foi a sociedade humana. Aquilo que termina com ele, sem dúvidas, viveu para sempre.

--

--