Tormenta
Eis que você se vê numa tempestade
Sua jangada, restos de madeira velhos
Sob amarras de palhas que em pouco secarão
Por mais que o corpo sinta ser dia
O céu escuro engana os sentidos
Alguns raios de luz vencem a batalha
Mas estes tão longinquos
Anunciam que em algum lugar
O sol tenta te alcançar
Olhar abaixo não soluciona
O mar irritou-se com tua audácia
Achou o quê? Que poderia vencê-lo?
Outrora cristalino, quente e cheio de vida
Agora seu negrume faz embate com o céu
Transforma o horizonte numa fina linha inalcançável
Existem ainda as ondas
Essas vêm de tempos em tempos
Periódicas.
Metódicas.
Sabem que a cada soco na jangada
Te fazem desejar e esperar que tenha sido o último
Teus olhos ardem de sal
Tuas mãos doem de esforço
A mente beira a loucura
Não existem cores pr’além do azul negro que te cerca
É preciso força
Mesmo que você não saiba de onde tirar
Gosto de acreditar que a tempestade um dia passa