Tormenta

Caio Arthur
O Bloco de Notas
Published in
1 min readNov 1, 2021
Photo by Egor Yakushkin on Unsplash

Eis que você se vê numa tempestade
Sua jangada, restos de madeira velhos
Sob amarras de palhas que em pouco secarão

Por mais que o corpo sinta ser dia
O céu escuro engana os sentidos
Alguns raios de luz vencem a batalha
Mas estes tão longinquos
Anunciam que em algum lugar
O sol tenta te alcançar

Olhar abaixo não soluciona
O mar irritou-se com tua audácia
Achou o quê? Que poderia vencê-lo?
Outrora cristalino, quente e cheio de vida
Agora seu negrume faz embate com o céu
Transforma o horizonte numa fina linha inalcançável

Existem ainda as ondas
Essas vêm de tempos em tempos
Periódicas.
Metódicas.
Sabem que a cada soco na jangada
Te fazem desejar e esperar que tenha sido o último

Teus olhos ardem de sal
Tuas mãos doem de esforço
A mente beira a loucura
Não existem cores pr’além do azul negro que te cerca

É preciso força
Mesmo que você não saiba de onde tirar
Gosto de acreditar que a tempestade um dia passa

--

--

Caio Arthur
O Bloco de Notas

Toda e qualquer semelhança com a realidade do que aqui for escrito não é mera coincidência | csalestelles@gmail.com | tt: caioatelles